sexta-feira, 20 de maio de 2016
Refletindo as Dores de Maria ( Mensagem enviada á Albendín, Quaresma de 2015)
Maria, a mãe do Salvador, foi, sem dúvida, a pessoa que mais participou da paixão e morte do Senhor. Ela ouviu cada uma de suas palavras na Cruz. Ele, por sua vez, olha para a mãe com compaixão. Ela está em pé aos pés da Cruz e com dor profunda esteve atenta à agonia do seu Filho.
O Redentor confia sua mãe ao discípulo e dá-la como mãe. Nesse momento, a maternidade de Maria atinge cada um de nós. Aos pés da Cruz é que o homem conhece a Mãe da Humanidade, Maria! “E daquela hora o discípulo a levou para sua casa” (Jo 19,27). Esse discípulo, por sua vez, assume o papel de filho, e, certamente, tem como resposta um amor de mãe.
A liturgia da Semana Santa celebra Nossa Senhora das Dores, segundo algumas tradições, as pessoas se reúnem para fazer reparações ao coração de Maria ,pois , a dor da Virgem
foi sempre tida desde o início da Igreja como grande fonte de piedade mariana. Recorda-nos o texto bíblico quando Simeão diz a ela: “uma espada transpassará a sua alma” (Lc 2, 34-35).
Espada penetrante que Maria sofrerá. Dolorosa espada que será símbolo do caminho da Virgem, e que mais tarde a piedade tomará como sinal plástico das dores sofridas pela mãe do Redentor.
A jornada de fé de Maria foi acompanhada pela dor: a fuga para o Egito (Mt 2, 13-14); o caso da perda do seu Filho no caminho de Jerusalém e a busca ansiosa para reencontrá-Lo (Lc 2, 43ss) são alguns exemplos, mas é evidente que na Cruz encontramos o cume desse caminho de sofrimento e dores.
Devido a esta participação plena e amorosa, Maria torna-se para nós mãe na ordem da graça. Maria também expressa o modelo de perfeita união com Jesus na cruz. Ficar perto da cruz é uma tarefa desafiadora para ela e para todos os cristãos, que exige se alegrar com os que se alegram (Rm 12,15) e chorar com os que choram (Jo 19,25), como nos ensina a palavra de Deus.
A perfeita participação de Maria na paixão de Cristo, é o centro de toda liturgia mariana e de nossa vida.
Com a sua paixão, Cristo quer libertar o homem, apontando-lhe o caminho, compartilhando com esse mesmo homem as alegrias e sofrimentos, a morte e a vida.
Esta paixão, porém, não é um fim em si mesmo, mas é para a vida: “Se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, ele fica só, mas se morre, produz muito fruto” (Jo 12, 24), e a vida é interminável: “Nós sofremos com Ele para sermos também glorificados (II Tm 2,11). Esta é a tensão escatológica da vida de cada existência cristã, tal como foi também para Maria, sendo para ela antecipada a glorificação. E esta esperança é que deve sustentar a Igreja.
A dor de Maria foi o culminar de um longo sofrimento, permeado pelo silêncio. O seu olhar foi um olhar consolador de todas as dores. E ela se torna, para nós, uma peregrina terrena do sofrimento humano.
Maria é aquela que sempre permaneceu fiel, humilde e amorosa em meio à humilhação, ela que tida como a mãe de um executado na cruz. Assim, ela se associa imensamente à redenção de seu Filho. Maria foi ouvida na dor de seu Filho quando, mesmo pregado na cruz e com extremo sofrimento, lembra-se dela, entregando-a ao discípulo amado.
A Igreja a invoca com vários títulos, mas aqui nós a veneramos na experiência do sofrimento. Com esta invocação, todos aqueles que passam pelas dores podem contemplar no cume do Gólgota a cruz com Cristo e Maria aos seus pés. Ao mesmo tempo em que estamos unidos a ela também experimentamos a sua proximidade para nos compreender nas nossas aflições. Há aqui uma enorme solidariedade do lamento humano da dor.
Maria Santíssima, Nossa Senhora das Dores, rogai por todos nós, especialmente por aqueles que são testados pela dor e pelo sofrimento, pela doença e pela falta de dignidade para viver! Lembrai-vos de nós, ó piíssima Virgem Maria, pois nunca se ouviu dizer que pedindo à mãe o filho não atenda.
Que nestes dias da Quaresma, quando nos preparamos para a Páscoa, quando vemos tantos e tantos de nossos irmãos e irmãs sofrendo desilusão, remorso, uma chaga de alma, eles possam sentir o amparo de nossa querida mãe, o mesmo consolo e coragem manifestada no alto do Calvário. Que eles possam sentir logo a alegria da ressurreição e da glorificação experimentada com os apóstolos reunidos no cenáculo.
Deo Gratias Et Mariae !
José Carlos Lambert de Souza - Brasil
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