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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O que é Dimensão da Experiencia Moral ?




O que é Dimensão da Experiência Moral ?
Dr. José Carlos Lambert S.- Psicólogo.



Há duas dimensões da experiência moral:


Sempre que a pessoa se deixa interpelar, implícita ou explicitamente, pelo sentido daquilo que faz, acontece a experiência moral. Isso surge ao nível da consciência, quando, sob a forma de valores, interioriza as normas. A pessoa interroga-se: que é bom? que devo fazer?
Na experiência moral, há duas dimensões que se relacionam: a objectiva e a subjectiva. Na dimensão objectiva, estão os valores e as normas. As normas morais estão ao serviço dos valores, não têm razão de ser por elas mesmas, servem para que eles se evidenciem. Na dimensão subjectiva, está a consciência de cada pessoa, uma realidade sempre aberta, em permanente formação, em reciprocidade de outras consciências, deixando-se interpelar pela verdade dos outros.

O Mistério da Páscoa e a sua celebração




1. A centralidade da Páscoa

A atenção voltada de novo para o Mistério Pascal, fruto, em grande parte, de movimento litúrgico, levou à redescoberta da liturgia da Páscoa, sepultada, desde a Idade Média, debaixo de um amontoado de ritos secundários que encobriam o principal, e à revisão do calendário e dos horários dos dias do Tríduo sagrado com que, desde e início, os cristãos celebravam os "mistérios máximos da Redenção". Nem foi por acaso que a recente reforma da liturgia começou pelas celebrações da Páscoa.

Bem antes do Concílio Vaticano II, quando ainda nem dele se suspeitava, Pio XII que, já na década de 40, ordenara o estudo histórico da liturgia pascal, promulgou, ines­peradamente, em 1951, a Vigília Pascal restaurada. Foi o primeiro passo. Começara-se pelo núcleo central, pelo coração da liturgia da Páscoa. Começava a sentir-se que era verdade o que o mesmo papa havia de dizer, anos mais tarde, em 1956, que o "movimento litúrgico apareceu como um sinal das disposições providenciais de Deus sobre o tempo presente, como uma passagem do Espírito Santo na Igreja"[1].A experiência desta primeira reforma na liturgia levou, em 1952, a nova revisão da Vigília que esteve em uso durante mais de três anos, até que, em 1955, toda a Semana Santa beneficiou de uma reforma profunda[2]. Aliviaram-se as estruturas litúrgicas de elementos adventícios que as sobre­carregavam sem vantagem, punham-se em relevo os elementos principais, redefiniu-se o Tríduo Pascal e, coisa particularmente significativa, reconduziram-se as celebrações dos três dias da Páscoa às horas verdadeiras, sobretudo a Noite Santa, que assim voltava, de novo, a ser verdadeiramente uma Vigília. Oito anos depois, o Concílio declarava que "era desejo da Santa Igreja fazer uma reforma geral da liturgia"[3]. Tinha-se começado pelo coração do ano litúrgico e pelo coração do mistério da liturgia; agora todos os sectores da vida litúrgica iam beneficiar dessa reforma. O Concílio nascia assim em ressurreição pascal, fruto do tal novo sopro do Espírito na face da Igreja.

Mas não foi só em relação ao Tríduo Pascal e a toda a Semana Santa que as reformas litúrgicas anteriores ou posteriores ao Concílio vieram pôr em evidência o Mistério Pascal de Cristo; em toda a Constituição sobre a Liturgia e mesmo nos outros documentos conciliares é o Mistério de Cristo o centro donde tudo o mais irradia e recebe o impulso vital. Reencontramo-nos assim facilmente com o ambiente dos próprios textos evangélicos, as exposições cristológicas de S. Paulo, a doutrina e a celebração litúrgica das origens cristãs e das comunidades do tempo dos antigos Padres da Igreja do Oriente e do Ocidente.

A solenidade da Páscoa volta a ser na vida e na consciência da comunidade cristã, depois do Dia do Senhor em cada domingo, a solenidade máxima do ano cristão, a Solenidade das Solenidades. Ela o é em princípio e é preciso que o seja de facto, como a Sé Apostólica o recordou num documento que procurava evitar que esmorecesse com o tempo o entusiasmo dos primeiros anos da restauração da celebração anual da Páscoa. [4] A centralidade do Mistério Pascal exige a centralidade da sua celebração e da catequese que a há-de acompanhar.

2. O Mistério da Páscoa

O Mistério Pascal e a sua celebração foi já objecto de três Encontros Nacionais de Liturgia em Fátima nos anos de 1982, 1983 e 1984 e os trabalhos aí realizados foram publicados em três fascículos do Boletim de Pastoral Litúrgica[5].No entanto, a cele­bração anual da Páscoa obriga a olhar sempre, como se fosse a primeira vez, para o seu mistério, para a realidade divina que se encerra e se nos oferece no acontecimento pascal.

Páscoa começa por ser o nome de uma festa judaica[6],que, em cada ano, celebra o acontecimento fundamental da história do povo de Deus do Antigo Testamento: a sua libertação do Egipto, onde os hebreus viviam como emigrantes reduzidos à escravidão, e a sua passagem para a Terra prometida por Deus, desde longa data, a Abraão e à sua descendência.

Páscoa chamou-se também ao cordeiro pascal, como no texto de S. Paulo: "Cristo, nossa Páscoa, foi imolado"[7]; na verdade, o Sangue de Cristo é o penhor da libertação para todos os homens, como o sangue do cordeiro o tinha sido para os hebreus aquando da saída do Egipto. De facto, a oblação, até ao sangue, de Cristo na cruz realiza a passagem libertadora do pecado e da morte para a vida em Deus, como se lê no Evangelho de S. João, logo no início dos capítulos que consagrou à Paixão do Senhor: "Sabendo Jesus que era chegada a hora de passar deste mundo para o Pai..."[8]. Daí que Páscoa tenha vindo a significar, em última análise, no sentido real, passagem, qualquer que tenha sido na origem o seu sentido etimológico, aliás difícil de precisar.

É, de facto, esta passagem, em primeiro lugar de Jesus e depois de todos os homens, deste mundo para o Pai o sentido último da Páscoa cristã. Aqui encontra a sua razão de ser toda a história da salvação; para aqui se encaminha, desde o princípio, a sucessão dos tempos e das gerações; aqui atinge a plenitude e revela a sua significação total a própria Encarnação do Filho de Deus; aqui finalmente encontra a Igreja de Cristo o alicerce da sua fé e a meta da sua esperança.

A Páscoa, o Mistério Pascal, ou ainda por outras palavras, os acontecimentos pascais com a sua significação divina, centra-se na morte de Jesus sobre a Cruz, pela qual Ele passou para o Pai, onde vive na vida nova da Ressurreição. "Jesus de Nazaré, o Crucificado" de Sexta-feira Santa, "não está aqui, ressuscitou", disse o Anjo às mulheres que procuravam o seu corpo no túmulo (Mc 16, 6). Tomando a condição humana na Encarnação, o Filho de Deus tomou sobre Si o pecado da humanidade; mas oferecendo-Se ao Pai sobre a Cruz por todos os homens, Ele tira o pecado do mundo e, "destruindo assim a morte, manifestou a vitória da ressurreição"[9], para dela tornar participantes todos os homens. Para isto Ele veio ao mundo, para levar em Si e consigo os homens ao Pai. "Saí do Pai e vim ao mundo; de novo deixo o mundo e volto para o Pai", disse Jesus (Jo 16, 28), mas volta levando agora em Si o homem cuja condição assumiu (Cf. Fil 2, 6-11).

Mistério inaudito, este da passagem pascal do homem para o Pai pela oblação do Cordeiro Pascal. É este mistério que, desde o princípio, foi o centro da liturgia cristã; aí a Igreja o recorda, aí o celebra, aí ela se torna participante, já desde a terra, da vida do Ressuscitado, antegozo da comunhão com o Pai na glória celeste.

3. A Celebração da Páscoa

A Páscoa não é celebrada apenas no Domingo da Ressurreição, mas no Tríduo Pascal, que se inaugura com a celebração da Missa da Ceia do Senhor, ao entardecer de Quinta-feira Santa, e se conclui com a Hora de Vésperas do Domingo da Ressurreição. Não se trata propriamente de um conjunto de celebrações. O Tríduo Pascal tem um ritmo e uma unidade interna indestrutível. A sua celebração principal, e na origem a única, é a Vigília na Noite Santa. Aí se celebra todo o Mistério Pascal, o mistério da passagem da morte à vida, da terra ao céu, deste mundo para o Pai[10]. A liturgia da Palavra desta Vigília faz memória da história da salvação desde "o princípio em que Deus criou o céu e a terra"[11] até à Ressurreição do Crucificado[12]: do paraíso primeiro onde o primeiro homem pecou e foi condenado a morrer até ao jardim de José de Arimateia, onde o túmulo vazio é sinal da morte vencida, e onde o Ressuscitado Se manifesta, vivo, na glória do Pai.

Na celebração da Vigília, o mistério que a Palavra anuncia, os sacramentos logo o realizam. O Baptismo, imitando, na passagem pela água, a morte e a sepultura com Cristo, torna os baptizados realmente participantes na passagem pascal do Senhor; a Con­firmação, que, em princípio, se segue ao Baptismo dos adultos, comunica o Espírito Santo, dom pascal por excelência, fruto da Páscoa de Jesus; a Eucaristia, memorial máximo da Páscoa do Senhor Jesus, ao mesmo tempo que é memória do acontecimento passado, é presença sacramental do mesmo na assembleia da Igreja e anúncio da comunhão eterna na glória futura. A Páscoa, já afirmava S. Agostinho, celebra-se de modo sacramental, in mystério.

A Sexta-feira e o Sábado Santo, os dois primeiros dias do Tríduo Pascal, são dias alitúrgicos, como lhes chamavam os Antigos, isto é, dias sem celebração eucarística. São os dias do jejum pascal referido na Constituição conciliar sobre a Liturgia, os dias em que o Esposo foi tirado, como Jesus tinha anunciado (Mt 9, 15), "dias de amargura", no dizer de S. Ambrósio, nos quais todo o Corpo da Igreja comunga directamente, e como que fisica­mente, na dor e na morte da sua Cabeça, Cristo crucificado, morto e sepultado. As cele­brações destes dois dias são apenas Liturgias da Palavra, na celebração, aliás magnífica, da Paixão do Senhor na tarde de Sexta-feira Santa e na Liturgia das Horas, nesse dia e no Sábado Santo. Não são dias vazios, pelo facto de neles não se celebrar a Eucaristia; são antes dois dias do grande silêncio, da grande paz, da profunda comunhão do espírito e do coração com o Homem-Deus, em que se manifesta a situação trágica do pecado dos homens, ao mesmo tempo que o poder e a força do amor, que leva o Pai a entregar o Filho à morte por nós, e o Filho a oferecer a sua vida ao Pai pelos seus irmãos.

Cristo é o grão de trigo semeado na terra; se este não morrer, ficará infrutífero, mas se morrer, dará muito fruto (Cf. Jo 12, 24). O Sábado Santo em particular faz sentir toda a pujança desta sementeira divina.

Como no fim da primeira criação Deus descansou de toda a obra que realizara (Cf. Gen 2, 2), assim agora também Jesus descansa sob a terra da obra desta nova criação. E "a Igreja, no Sábado Santo, permanece junto do sepulcro do Senhor, meditando na sua paixão e morte, até ao momento em que, depois da solene Vigília ou expectação nocturna da ressurreição, se der lugar à alegria pascal, cuja riqueza se prolongará por cinquenta dias". É tudo o que o Missal Romano diz no Sábado Santo[13].

A Missa da Ceia do Senhor na Quinta-feira anterior é o momento de celebrar a instituição dos "sagrados mistérios", a Eucaristia, que o Senhor, antes de sofrer a paixão, entregou aos seus discípulos para que eles os celebrassem[14] como memorial, sempre repetível, da sua Páscoa. Esta celebração é como que a abertura de todo o Tríduo Pascal.

Já no princípio da semana, no Domingo da Paixão ou de Ramos, a procissão que acompanhou o Senhor até Jerusalém, onde vai sofrer a paixão, proclamava a vitória e o triunfo da Páscoa do Senhor, que da morte fez surgir a vida, para salvação dos homens, para glória de Deus Pai.

4. O Tempo de Páscoa

A celebração da Páscoa engloba a morte e a ressurreição do Senhor, melhor ainda, a morte que é passagem para a ressurreição. Não admira, por isso, que, no início sobretudo, a palavra Páscoa se pudesse ter dito tanto da morte como da ressurreição.

Assim, tempo houve em que o que hoje chamamos Semana Santa foi chamado semana da Páscoa, a semana em que "Cristo, nossa Páscoa, foi imolado". Hoje damos o nome de Tempo da Páscoa ou Tempo Pascal (é este precisamente o nome oficial) aos cinquenta dias que vão do Domingo da Ressurreição (na origem, da Eucaristia da Vigília) até ao Domingo do Pentecostes. Mas foi todo este espaço de cinquenta dias que recebeu, no início, a designação de Pentecostes, ou Cinquentena, como a palavra significa, a Cinquentena da alegria pascal, laetissimum spatium. Este espaço de alegria é, na realidade, uma grande oitava de domingos, envolvendo sete semanas e terminando, de novo, com o domingo, tal como cada semana começa com o Dia do Senhor e vai, de novo, encontrá-lo no oitavo dia. Mas o Calendário Romano vai mais longe e diz que "os cinquenta dias que vão do domingo da Ressurreição ao domingo de Pentecostes se celebram na alegria e no júbilo como um único dia de festa, mais ainda como "um grande domingo", citando nesta última expressão uma palavra de S. Atanásio.

O Tempo Pascal nasce da Vigília; aí se faz a passagem do luto à alegria, do jejum ao banquete, da tristeza à festa, da morte à vida. Tempo de alegria, de acção de graças, de aprofundamento do sentido do mistério cristão e da vida em Cristo, do mistério da Igreja e consequentemente do mistério da comunidade dos cristãos, o Tempo Pascal é o tempo espiritual, por excelência, do ano litúrgico. É o tempo em que o Ressuscitado dá o Espírito: "Recebei o Espírito Santo"[15], e que se conclui precisamente com a efusão do Espírito Santo sobre os discípulos, que, uma vez "cheios do Espírito Santo", aparecem no mundo como a "Igreja de Deus" da "Nova Aliança"[16]. Cristo ressuscitado, "Primogénito de entre os mortos", é, por isso mesmo, "Cabeça do Corpo da Igreja" (Col 1, 12ss). De facto, na Páscoa "unem-se o céu e a terra, o divino e o humano"[17].

O Tempo Pascal precisa de ser redescoberto. A reforma litúrgica não parece ter levado às últimas consequências o que, nos princípios, dele afirmou! Mas recuperou a sua unidade e o ritmo dos seus oito domingos, todos eles agora claramente chamados Domingos da Páscoa.

5. A Vida Pascal

A vida cristã é uma vida pascal, porque vida dos que foram sepultados com Cristo, no Baptismo, para viverem, com Ele, uma vida nova, como se exprime o presi­dente da assembleia, na Vigília, antes da renovação das promessas do Baptismo. Esta vida nova é a vida de Cristo ressuscitado, a vida d' Aquele que, por ter oferecido a vida até Se entregar à morte, vive agora na glória do Pai, exaltado com o nome divino de Senhor (Fil 2, 11). Vida com Cristo em Deus, é ainda, sobre a Terra, uma vida escondida, vivida na fé e na esperança, vivificada pelo Espírito, que é Amor. Vida nova, porque vida do homem novo, que é o Senhor ressuscitado, ela anima toda a existência cristã e expri­me-se em tudo o que é vitória sobre o pecado e a morte. Esta novidade de vida em Cristo é uma das notas mais postas em realce nos textos da liturgia do tempo da Páscoa.

Como já foi referido, a Páscoa é celebrada, no dizer de S. Agostinho, como um mistério, de maneira sacramental, não tanto como uma história que se evoca, mas como um mistério tornado presente de maneira sacramental para nele se poder participar. É assim que, na Vigília, ocupa lugar central a celebração dos sacramentos da iniciação cristã: Baptismo, Confirmação e Eucaristia, os sacramentos da vida nova. Por meio desses sacramentos nascem os novos filhos de Deus. Eles são a humanidade nova, que a liturgia saúda como "crianças recém-nascidas", "cordeiros recém-nascidos", "nova prole da Igreja, multidão renovada"[18]. Em cada ano e em todo o mundo, muitos são os que, na noite da Páscoa, nascem como nova geração do povo de Deus.

S. Paulo, partindo da sugestão fornecida pelo pão ázimo próprio da Páscoa judaica, pede aos seus leitores que, purificados do fermento velho, sejam uma nova massa, para celebrarem a festa pascal[19]. E a liturgia pede que, na Páscoa, todos os sinais, dos mais importantes aos mais simples, sejam a partir de elementos novos: a água e os santos óleos para o Baptismo; o pão para a Eucaristia, para que não venha a ser necessário recorrer ao pão consagrado guardado no sacrário desde antes do Tríduo Pascal; a luz que há-de acender o Círio e iluminar a celebração durante a noite de Vigília; a ornamentação do altar, que foi desnudado antes da celebração; e, mais que tudo, "o coração, as vozes e as obras"[20]: seja tudo novo, para que, "renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos para a luz da vida" como pede a colecta do Domingo da Ressurreição.

Anualmente repetida em cada primeiro Domingo que se segue à Lua cheia do equinócio da primavera, a Páscoa surge sempre nova, como sempre nova é a vida imortal do Senhor ressuscitado. E aquela Lua, que enche sempre de claridade a noite santa da Páscoa, continua a ser, em cada ano e desde há tantos séculos, desta solenidade da vida nova a "testemunha fiel no firmamento" (SI 88, 38).


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[1] Pio XII, Discurso aos participantes no I Congresso Internacional de Liturgia de Assis - Roma, Setembro de 1956.

[2] Cf. Ordo Hebdomae sanctae instauratus, 1955.

[3] Concílio Vaticano lI, Constituição sobre a Sagrada Liturgia, n. 21.

[4] Congregação do Culto Divino, aos Presidentes das Conferências Episcopais sobre a celebração da Páscoa.

[5] A Celebração do Mistério Pascal. Tríduo Pascal, in Boletim de Pastoral Litúrgica, nn. 29-31 (1983); A Celebração do Mistério Pascal. Tempo Pascal, in Boletim de Pastoral Litúrgica, nn. 33-36 (1984); A Celebração do Mistério Pascal. Quaresma, in Boletim de Pastoral Litúrgica, nn. 37-40 (1985).

[6] Ex 12 ss.

[7] 2 Cor 5, 7; Leitura da Missa do Dia do Domingo da Ressurreição.

[8] Jo 13, 1; Evangelho da Missa da Ceia do Senhor em Quinta-feira Santa.

[9] Prefácio da Oração Eucarística II.

[10] Neste sentido, é significativo que outrora se tenha lido na Vigília toda a passagem evangélica da Paixão à Ressurreição.

[11] Gen 1, 1; Leitura I da Vigília.

[12] Última leitura da Vigília.

[13] Missal Romano, Sábado Santo.

[14] Missal Romano, Oração Eucarística I, embolismo próprio de Quinta-Feira Santa.

[15] Evangelho da Missa do Domingo da Ressurreição.

[16] Act 2, I ss; Primeira leitura do Domingo de Pentecostes.

[17] Precónio Pascal.

[18] Da Liturgia do Tempo Pascal.

[19] Leitura II da Missa do Domingo da Ressurreição.

[20] Hino da Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O Psicólogo e a doença terminal






O Psicólogo e a doença terminal

Dr.José Carlos Lambert S.
Psicólogo


Ninguém jamais deveria declarar a um paciente terminal,"Sinto muito não haver nada mais que possa ser feito para ajudá-lo". A pessoa que assim fala, realmente quer dizer que acredita não haver mais o que fazer para curar; mas o paciente, que está enfrentando a morte, precisa mais do que nunca de ajuda.
Atualmente as equipes médicas tem novos objetivos: trabalhar com o paciente e sua familia para poupá-los, tanto quanto possível, de um sofrimento desnecessário, de modo que possam realizar o que lhes pareça mais importante, enquanto uma vida se aproxima do fim.
Nascimento e morte, são processos igualmente naturais; muito antes do desenvolvimento da medicina moderna, a sociedade reconheceu que determinadas pessoas tinham aptidões especiais para cuidar desses eventos; assegurando uma evolução suave e intervindo habilmente nas ocasiões em que surgissem complicações ou ocorresse uma tensão muito grande.Atualmente, agimos quase nesse nível; para aliviar o sofrimento físico que acompanha a morte, os profissionais da saúde percorreram um longo caminho, desde a época em que dispunham apenas de drogas como o álcool, os narcóticos e as aspirinas; agora sabemos que com um diagnóstico acurado e uma seleção cuidadosa dos inúmeros medicamentos disponíveis, podemos atingir um nível de controle dos sintomas que surpreende os pacientes e até mesmo nosos colegas menos informados.
As necessidades emocionais e psicológicas dos pacientes terminais têm sido tradicionalmente preenchidas com a colaboração da família, o apoio espiritual para os que são religiosos e o cuidado afetuoso dos profissionais; tudo isto é bastante necessário e de grande valia como sempre foi, mas também nessa área, tem havido progressos. O "insigth" psicológico pode suplementar a intuição e o amor, conduzindo uma compreensão mais ampla das causas do sofrimento e a um tratamento mais precio, proporcionando maiores medidas de alívio.
É tão negligente deixar um efermo sofrer desnecessáriamente por um sentimento de medo, ignorância ou confusão mental, quanto o é deixá-lo com uma dor física.
Trabalhando com pacientes terminais e seus familiares, asseguro que as habilidades dos Psicólogos podem contribuir para a compreensão e um melhor manejo da doença terminal.

A Paixão





A Paixão


Dr. José Carlos Lambert S. - Psicólogo


A paixão que agarra e açambarca todo homem submerge no inconsciente reprimido, ilumina com um fulgor penetrante e deslumbrador as obscuras regiões dos impulsos emotivos; desperta a consciência reflexa dos sonhos de onipotência e de seus delírios de grandeza, pondo-lhe os pés nos ares, nos ares da subjetividade , fazendo-os entrar na zona de incerteza, da imaturidade e do falso amor.A Paixão é desafiante e não questionadora.
O drama do homem apaixonado é este: desde aquela tarde fatídica no Paraíso em que ele sucumbiu á tentação"... sereis como deuses" (Gên 3,4); desde então o homem leva em suas entranhas mais profundas um instinto ancestral, obscuro e irresistível de constituir-se em "deus", e reclamar através de suas paixões, toda adoração.
A paixão submete violentamente, pressionando e obrigando todos os homens a serem seus "adoradores"; "apropria-se dos valores e realidades que estão ao seu alcance; usa e abusa do que considera "seu", como um déspota.Ela sente uma sede louca e insaciável de honra, aplausos e adoração; sua meta é guerra de concorrência para ver quem açambarca mais.Teme todo aquele que ameaça eclipsar seu poderio ou menoscabar sua honra, qualificando-o como inimigo, desencadeando uma guerra para esmagar qualquer competidor; vive cheia de delírios, alucinações e mentiras, por exemplo: quando pensa que ama, crê que ama, mas quase sempre ama a si mesma; quanto mais possui, crê ser mais livre, mas na realidade é mais escrava do que nunca;quanto mais domina, crê ser mais dona, quando na verdade é mais dependente que nunca.
O maior inimigo da paixão é ela mesma efetivamente, por suas loucuras de grandeza de ser sempre a primeira,e de querer sempre se sobressair acima de todos.A paixão castiga a si mesma, com invejas, incapacidades, suspeitas, preocupações e anseios impossíveis; convertendo-se em vítima para criar impérios, hegemonias e dominações, aprisionando-se em suas próprias criações.
A paixão quando não é administrada corretamente, explora a pessoa; passa por cima da justiça e da compaixão, é insensível e soberba.
Em suma; a paixão é escrava de si mesma; necessita-se de liberdade para realmente Amar e ser Amado.

Ser Jovem





Ser Jovem

Dr.José Carlos Lambert S.-Psicólogo



Na alma do jovem, com um temperamento tão sensível, brotam como fruta madura o carinho e a ternura; efeitos da intimidade e do desaparecimento das distâncias da infância, enquanto a confiança cresce. E lá, escondido, abrigado no manto envolvente da intimidade, o jovem começa a perceber que não é formidável; e quando são cobertas todas as distâncias entre ele e a infância, a proximidade absoluta e a presença também absoluta da nova etapa,faz nascer no íntimo dele um jorro infinito de ternura, e nessa maré formidável, deixa-se levar como um pássaro nos braços do vento, e pela primeira vez experimenta alguma coisa inconfundível e inviolável: a sensação de quem realmente é. Lá ele experimenta, com uma sensação muito forte, a liberdade de tocar os céus; sua fidelidade alcançando as nuvens, seu amor transpassando as altas cordilheiras, e suas medidas sendo como as profundidades dos oceanos; sua liberdade sendo como asas imensas, a cuja sombra seus sonhos podem refugiarem-se com segurança e confiança...
Efetivamente, nesses longos anos da primeira juventude e da juventude adulta, produz-se a mais revolucionária das transformações; o jovem começa a saber que a pessoa não é primordialmente temor, é amor; não é justiça, é compaixão, e que em primeiro lugar não se deve ama-la, mas deixar-se amar por ela; e na atmosfera de emoção, produzida por essas asas "descobertas", o jovem se abre inteiramente para a vida, entregando-se ilimitadamente á ela. Á luz desta experiência o jovem começa a perceber a vida como uma dádiva, adquirindo confiança em si mesmo e no no mundo que o cerca, criando um vínculo, uma permanente temperatura interior.

Intimidade e fraternidade






Intimidade e Fraternidade


Dr.José Carlos Lamnbert S.-Psicólogo



Não há receita para ser carinhoso, mas há certos elementos humanos que se devem fomentar: um sorriso sincero, os pequenos serviços, uma breve visita, uma pergunta "como está?" ou, "como amanheceu?", um viver com o coração na mão a todo momento.É tão fácil fazer feliz uma pessoa; basta uma palavra, um gesto, um olhar,impregnados de carinho.Uma fruta para amadurecer necessita do calor do sol; os pássaros necessitam em seus ninhos, do calor da mãe para que a vida se desenvolva dentro do ovo...
As pessoas, para chegar á maturidade adulta, também precisam viver numa atmosfera impregnada de carinho fraterno...
Conviver é uma realidade humana difícil de descrever; é um "não sei que", um clima psicológico feito de alegria, intimidade, confiança e segurança.
Para melhor comprender, analisemos a título de comparação, o conteúdo da palavra intimidade. Toda pessoa é interioridade; duas interioridades que "saem" e se projetam mutuamente dão como resultado a intimidade. Esta é como uma terceira pessoa nascida das duas interioridades, mas distinta delas. A intimidade que há entre você e eu, não é nem você nem eu; mas tem algo de você e algo de mim.
Agora imaginemos que esse mesmo fenômeno aconteça, não entre duas, mas entre quinze pessoas; se as quinze "interioridades" saem de si mesmas e se projetam mutualmente, o resultado não será intimidade, mas sim fraternidade;sendo que esta,é da mesma natureza psíquica da qual se origina a intimidade.
De acordo com isso, a fraternidade é uma realidade humana, tecida com a alegria, a confiança, a intimidade e a segurança que envolve e penetra a vida das pessoas como uma cálida atmosfera; é como uma "criatura" que nasceu da fecundidade do amor, de uma mútua doação.
Portanto, tanto na intimidade como na fraternidade, as pessoas se estimularão mutualmente; serão leais e confiantes umas para com as outras.

Sobre o Medo





Sobre o Medo

Dr.José Carlos Lambert S.-Psicólogo



Medo é um sentimento de vulnerabilidade absoluta que paralisa e impede a pessoa de viver normalmente; é a projeção de "momentos" interiores que a impede de conduzir sua própria vida. Manifesta-se com sensações de desconforto na região abdominal, alterações respiratórias, suor frio, tremores nas mãos, taquicardia, desarranjos intestinais, paralisia temporária nos membros inferiores, perda momentânea da voz, etc., dependendo da intensidade do medo.
Você pode sentir medo das coisas mais simples até as mais complexas do cotidiano como: dirigir, voar, nadar, escuro, doença, fome,desemprego, sexualidade, fantasma, morte, etc. Porém, esses medos podem surgir de uma forma mais intensa, manifestando-se como terror ou pânico, acentuando todos os sintomas e causando grande sofrimento.
Você atrai o que mais teme; sua mente busca a confirmação da crença que você tem no medo. Como um imã, você estará na hora certa e no lugar certo, materializando por exemplo, um cão, que escolherá você numa multidão, atraído institivamente pelo medo que você emana no ambiente.É terrível não poder levar uma criança para a escola, frequentar um supermercado ou até mesmo ir ao cinema.
O medo é um grande obstáculo para que você assuma o poder sobre sua vida. Quando você abre mão da coragem e da ousadia, nada acontece. É preciso ter coragem e sair de cima do "muro da vida", arriscar, tomar decisões e assumr responsabilidades.
A criatividade que está dentro de você precisa expressar-se através do seu poder pessoal. Você escolhe construir a história de sua vida, seguir adiante com a ousadia de quem conhece a força do amor.
O medo de amar é o medo de viver, porque amar e viver são sinônimos. O medo de se entregar, de se envolver, de se arriscar, de se expor, reflete o medo de ser rejeitado. Então, você se bloqueia, se fecha, e o amor não acontece, a vida não flui. Assim sendo, você está abrindo mão do poder da sua própria vida, aliás, o único e verdadeiro poder que você possui.
Abrir mão do poder torna você ainda mais fragilizado, ampliando a carência e o sofrimento, criando um círculo vicioso de auto-abandono e solidão.É preciso que você reconheça sua legítima necessidade de ser amado, reconhecido, respeitado, protegido e aconchegado. O orgulho impede você de admitir a importância do amor em sua vida. A ausência de amor mata mais que qualquer doença, que os acidentes de trânsito, enchentes, fome, etc., porque é uma dor que pode atingir qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo.
Afastar-se do amor com medo de arriscar, é o mesmo que afastar-se da vida. Se você não se sentiu amado por seus pais, ou até mesmo não foi amado por eles, se você sofreu uma desilusão em relacionamentos, etc., causando hoje um bloqueio e a auto-rejeição, provavelmente sente um grande medo de arriscar-se novamente. Experiências de desamor no passado influenciam sua maneira de interpretar e reagir ao mundo hoje.
A origem do medo, da fragilidade, está na desconexão com a fonte de amor que existe em você. Saiba que hoje, você pode banhar-se nesta fonte e curar estas feridas. A água que correu em baixo da ponte já evaporou formando nuvens; a chuva ao cair preparou a terra para que sementes de amor possam germinar novamente no terreno da sua vida.
Hoje você pode ser pai e mãe de você mesmo e, ao vencer o medo de se expor, poderá abrir janelas para que a vida traga novas experiências, novos presentes. Lembre-se que muitas vezes você sempre busca o que mais teme. Curar o medo irá curar a sua vida.

A Criança e a Morte





A Criança e a Morte

Dr. José Carlos Lambert S.- Psicólogo


A morte é a única certeza da vida; mas a maioria dos adultos tem dificuldade em falar sobre ela com as crianças;isso acontece provavelmente porque, quando crianças, esses adultos foram cuidados por outros adultos que também tinham dificuldade em tocar no assunto.
Encarar a morte não significa em absoluto, negar para si e para os outros, principalmente para as crianças, os tristes sentimentos que dela decorrem; pelo contrário, morte é perda, separação, tristeza, lágrimas, luto e a certeza da saudade; e como fato da vida, é necessário falar sobre o tema com as nossas crianças. Portanto, por mais difícil que seja, é preciso conversar a respeito.
A criança não entende metáforas nem simbolismos, portanto, a falta de clareza nas informações induz á fantasias e pode gerar medos como o de dormir, pela semelhança da morte com o sono, ou de voar em um avião, pelo medo que este o conduz ao céu.
A relatividade da duração da vida e a variação entre o tempo de vida dos animais, plantas e pessoas são grandes; é importante que a criança saiba disso, bem como sobre as doenças fatais ou não, e sobre acidentes. Nesses momentos pode se aproveitar para falar sobre vacinas, higiene, remédios e boa alimentação. Enfim, cuidar da vida para se tentar prorrogar a morte, melhorando-se assim, consequentemente a qualidade desta.
Embora cause ansiedade, a criança precisa ser informada de que todos desconhecemos o momentoe a forma em que a morte virá, mas que ela vai ocorrer com todos. Pode acontecer com o beb~e antes do nascimento, com jovens, adultos e idosos, ainda que não queiramos.
A consciência desses fatos contribui para dar á criança a responsabilidade e a seriedade em cuidar da saúde de seu corpo e, portanto, da qualidade de sua vida.

Ansiedade e Depressão no Trabalho





Ansiedade e Depressão no Trabalho


Dr.José Carlos Lambert S.
Psicólogo



Inúmeros estudos demonstram que o conflito entre as metas e as estruturas de uma empresa e as necessidades individuais, quando em discordância, tornam-se um agente estressor importante. Desse modo, as necessidades do sujeito são atendidas ou consideradas, tornando o local de trabalho um ambiente gerador de ansiedades, insatisfações, podendo ocasionar a depressão. Assim, o acidente de trabalho seria uma forma inconsciente encontrada pelo trabalhador para evitar o conflito existente na relação homem-empresa, que produzem stados de ansiedade e insatisfação.
Quamdo o indivíduo não tem sua auto-percepção desenvolvida, fica impossibilitado de alcançar o equilíbrio, passando a apresentar sinais nocivos de ansiedade que podem levá-lo à exaustão e à formação de sintomas psicossomáticos, podendo desenvolver a patologia psicossomática.
Todos os casos de ansiedade apresentam sintomas psicológicos e somáticos. Dentre os psicológicos estão: apreensão, medo. desespero, sensação de pânico, hipervigilância, irritabilidade, fadiga, insônia e dificuldade para se concentrar. Os sintomas de origem somática são : dor de cabeça e lombar, causada pelo aumento da tensão muscular, palpitação devido aos movimentos mais vigorosos e rápidos do coração, sudorese emocional, principalmente nas mãos, sensação de bolo na garganta devido a maior tensão dos músculos do pescoço, boca seca, naúsea e vazio no estõmago, além de falta de ar e tontura, estas últimas consequentes a hiperventilação, tremores e fraquezas.
Outro aspecto a ser ressaltado é que alguns indivíduos enfrentam melhor determinada situação que outros, e tal fato relaciona-se com a história de vida de cada pessoa, ou seja, de suas experiências passadas, educação, sexo, idade, personalidade, etc. Vários neurotransmissores estão envolvidos no processo de ansiedade e/ou depressão e na geração dos seus sintomas, assim como os fatores ambientais e estressores psicossociais que permeiam a vida dos trabalhadores no ambiente de trabalho.
A depressão está relacionada com situações de perda física ou afetivas, e é caracterizada por um grande contingente de sintomas que podem incluir sentimento de tristeza, auto-depreciação, desvalia, abandono, culpa, desesperança, idéias suicidas, apatia, incapacidade de sentir prazer e mesmo uma angústia que suplanta qualquer esperiência humana normal e possui um caráter emocional extramamente doloroso. Além destes sintomas, o quadro é acompanhado,geralmente de alterações físicas como distúrbios do sono, do apetite, da funçaõ sexual, perda ou ganho de peso e retardo ou agitação psicomotora;é frequente a ocorrência de outros sintomas físicos, tais como, obstipação intestinal, indigestão, urgência miccional, dificuldade respiratória e dor.

Atrofia Emocional





Atrofia Emocional


Dr. José Carlos Lambert S. - Psicólogo


Como falei anteriormente em "Anemia Emocional", quero salientar que também há a enfermidade chamada atrofia; nesta enfermidade, a morte chega mais silenciosa ainda; explicarei: Toda vida é explosão, expansão, adaptação, numa palavra: Movimento. Esse movimento não é mecãnico, mas dinamismo interno. Se essa tensão dinâmica for sufocada ou detida, deixará automaticamente de ser vida. Não é preciso ser um agente externo e mortífero para provocar um desastre; o ser vivo deixa de ser vivo desde o instante em que deixa de ser movimento.
Na vida emocional acontece o mesmo. A vontade é essencialmente vida, e dá à faculdade de reagir dinamicamente, de mover-se, de conhecer-se, de amar-se. Em resumo, essa vontade estabelece entre a pessoa e a vida uma corrente dinâmica, reciprocidade de "conhecimento".
Essa vontade, é por sua vez expansiva e fermentadora; enxertada na natureza humana, essa vontade tende a conquistar novas zonas em nossa emoção,interpenetra progressivamente as faculdades, domina as tend~encias egoístas e, uma vez liberadas, submete-as ao beneplácido existencial, até que o ser inteiro, pertença completamente á pessoa. Ma, se essa vontade, deixa de "mover-se", também deixa de viver; se essa vida, não marchar ascendente e expansivamente, tomará o caminho da morte por efeito da lei da atrofia.Precisamos então, para evitar a "Atrofioa Emocional", movimentar-nos, colocando nossa vontade em movimento.

Anemia Emocional




Anemia Emocional

Dr. José Carlos Lambert S. - Psicólogo


Existe uma doença chamada anemia. é uma enfermidade particularmente perigosa porque não produz sintomas espetaculares, e a morte chega em silêncio, sem espasmos. Consiste nisto: quando menos se come, menos apetite; quanto menos apetite, menos se come e sobrevém a anemia aguda. Assim se abre e se fecha num círculo, o círculo da morte.
Na vida interior também se apresenta o mesmo ciclo. Começa-se por deixar de viver por razões válidas, pelo menos aparentemente válidas. Em vez de se dirigirem a si mesmas, as pessoas são envolvidas, fechadas e presas, enchendo seu interior de frio e de dispersão. Desse modo, começa a penetrar no interior da pessoa, como uma lenta noite, a dificuldade para concentrar-se em si mesma. A medida que for aumentando a dispersão interior, surgirão novos motivos para abandonar o relacionamento com a vida; o gosto pela vida vai se debilitando na medida em que cresce o gosto pela multiplicidade dispersiva ( pessoas, acontecimentos, sensações fortes); começa a declinar a fome emocional na medida em que aumenta a dificuldade para "estar" alegremente com ela.Entramos na espiral.
Aberto esse círculo, encontramo-nos numa verdadeira descida: enquantovamos nos desligando do absolutamente outro, vamos sendo tomados pelo "nada"; isto é, enquanto o mundo e a vida me chamam e parecem esgotar o sentido da minha existência, meu emocional vai se esvaziando de sentido, até que, afinal, acaba parecendo um traste velho que se tem nas mãos; olhamos, voltamos a olhar e nos perguntamos:" para que isto? Já não serve".
Fechou-se o círculo, chegou a anemia aguda, entramos na reta final da morte, da morte emocional em nossa vida.

Stabat Mater



Stabat Mater

José Carlos Lambert S.

A mais bela e emocionante demonstração da piedade cristã ( popular), está na devoção á Mãe Dolorosa, Stabat Mater; poetas e escritores, compositores e musicos, pintores e escultores, representaram e ainda representam a maior prova de Amor de todos os tempos em sua obras, a Mãe junto a Cruz de Seu Filho, o Cordeiro que tira o pecado do mundo.
Tal demonstração de piedade, percorre os séculos inabalável, ricos e pobres, letrados ou não, todos se emocionam com a iconografia da Mãe Amantíssima e Dolorosa, " Martiri e Dolor ".
Não há demonstração maior de Amor, Piedade e Fé, do que acompanhar a Piíssima Mãe em Sua Divina Dor; acompanhar Seus Passos, lembrando e Contemplando Seu Sofrimento e Sua Força diante a crueldade do mundo.
Humano é o coração que se compadece das Dores d'Aquela que Gerou a Deus !!!!!!!


( José Carlos Lambert S.)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O Silêncio




O Silêncio



Dr. José Carlos Lambert S. - Psicólogo




Desde toda a eternidade era Silêncio. Mas no seio desse silêncio estava em gestação a comunicação mais estranhada e profunda. Nessa interioridade, como numa órbita circular e fechada, desenvolviam-se as relações interiores: relações mútuas de atração, conhecimento e simpatia.
Não há diálogo mais comunicativo do que aquele que não tem palavras, ou que as palavras foram deslocadas pelo silêncio.
Na medida em que nossa intimidade se eleva e aprofunda suas relações com ela mesma, vão desaparecendo primeiro as palavras exteriores, e depois as palavras interiores.Nunca há comunicação tão densa como no momento em que não se diz nada.
O Universo também foi ao longo de milhares de séculos; não havia abaixo nem acima, não havia limites nem contorno. Tudo era silêncio informe. (Gên 1,2)
Todo artista, cientista ou pensador, precisa desenvolver em seu íntimo um grande silêncio para poder gerar percepções, idéias, intuições.A vida cresce silenciosamente no escuro seio da terra, no silencioso seio da mãe. A primavera é uma imensa explosão, mas uma explosão silenciosa.
Os grandes movimentos da história nasceram no cérebro dos grandes silenciosos; os homens mais profundos e dinâmicos da história foram capazes de sustentar, cara a cara, o combate com o silêncio e a solidão, sem se quebrantar.
Na minha opinião, o "Mal do Século" é o tédio, que se origina na incapacidade do homem em ficar a sós consigo mesmo; o homem da nossa era não suporta a solidão e o silêncio, e para enfrentá-los, lança mão dos vícios, da internet, da televisão, etc...Para "escapar" do silêncio, o homem se lança para a dispersão, distração e "diversão" desenfreada. O efeito disso é a desintegração interior do homem. A desintegração gera a sensação de solidão, desassossego,tristeza e angústia. Esta é a tragédia do homem atual !
Tudo acontece porque a interioridade do homem é atacada e derrubada pela velocidade, o ruído e a excitação; o homem é ao mesmo tempo vítima e carrasco de sí próprio, e acaba por sentir-se inseguro e infeliz.

Nossos anseios




Nossos Anseios

Dr. José Carlos Lambert S. - Psicólogo


Nada existe na mente que não tenha passado primeiro pelos sentidos. Nossa idéias são o resultado de um processo de indução e dedução. Vejo uma mesa, muitas mesas, e minha mente extrai a idéia universal de mesa. Depois aplico essa idéia e por ela identifico e reconheço todas as mesas do mundo.
Esse mesmo processo é utilizado para as idéias de duro ou mole, frio ou quente, vermelho ou branco. Todas as idéias passam primeiro pelos sentidos e pela imaginação.Justamente aí está a nossa "desgraça": muitos de nossos anseios não podem passar por nenhum desses sentidos. Então podemos dizer que estamos na mesma situação que um cego de nascimento que quisesse compreender como é a cor vermelha. Procuraríamos faz~e-lo compreender recorrendo a outras referências ou aproximações, dizendo por exemplo que o vermelho é parecido com o azul; mas ele não "conhece" nem azul nem cor nenhuma : quanto as cores, para ele é tudo noite.Então o cego procurará compreender a cor por outras aproximações que ele conhece, como o duro, o quente; e depois que já pensasse ter "entendido" a cor vermelha, através de "suas" aproximações, precisaria dizer-lhe: Pois é, a cor vermelha não é nada do que você está pensando, é outra coisa absolutamente diferente.
É essa, exatamente, a nossa situação a respeito de muitos de nossos anseios. Como não entram por nenhum de nossos sentidos, não temos nenhuma referência que nos "aproxime" deles. Para nos aproximarmos, para "conhecê-los" precisamos fazê-lo como que no meio de sombras, tateando através de sinais meio apagados. Estamos de noite a respeito deles, como o cego a respeito das cores.
Que faremos? Para "entendê-los", precisamos ir aplicando outros conceitos; por exemplo, todos nós temos a idéia de pessoa humana.
Para "entender" nossos anseios, transpomos, transferimos e aplicamos o que entendemos por pessoa, e acabamos por chegar a uma conclusão não conclusiva, onde sabemos quem somos, como somos, e que não somos nada do que imaginávamos, nada do que nosso pensamento alcança.

Ser um ser humano




Ser um ser humano

Dr. José Carlos Lambert S. - Psicólogo



Para realmente existir, é preciso começar a ser humano, libertar-se de si mesmo.
A libertação de si mesmo é a condição para a maturidade humana, para a estabilidade emocional. Basta analisar a origem das reações desproporcionadas e das atitudes infantis.
Quando alguém vive cheio de si mesmo,arrastando-se para mendigar o apreço das pessoas, buscando sempre ficar bem ante a opinião pública, preocupado com sua "fita"...quando essa pessoa tiver sucessos na medida de seus desmedidos desejos, terá uma desproporcionada reação de felicidade. Sua emoção será tão grande que se desequilibrará com sua própria felicidade, exaltando-se. Mas, no dia em que a marginalizarem, esquecerem, ou criticarem, ela quebrará sua integridade e se transformará em amargura, fazendo-se de vítima, numa reação completamente desproporcionada ao que na realidade aconteceu. Então, qual a explicação profunda dessa reação ?
É objetivo e justo, suponhamos, aquilo pelo que criticam ou aquilo pelo que a marginalizam, entretanto, ela considera uma injustiça monstruosa. Há pois, um problema de objetividade. Essa pessoa tem uma imagem exagerada de si mesma,um "eu" aureolado e idealizado; e sua reação não foi segundo as medidas objetivas de sua realidade, de seu "eu" tal como é, mas de seu "eu" endeusado e falsificado (revestido) por seus sonhos e desejos, É preciso libertar-se desses sonhos que falseiam a realidade para se tornar realmente um ser humano; de outro modo, seremos perpetuamente semi-deuses amargurados.
A libertação de si mesmo, garante como resultado uma vida madura, equilibrada, extraordinariamente estável em suas reações e emoções, um exemplar humano de "alta qualidade".

Somos capazes de tudo




Somos Capazes de tudo

Dr. José Carlos Lambert S. - Psicólogo


Existe a lei do treinamento, válida para os esportes atléticos e válida também para os "esportes emocionais".
Quanto mais treinamento, mais e melhores resultados. Se me disserem de repente, para fazer uma caminhada de 30 km a pé, hoje eu não seria capaz; mas se eu treinar diariamente, fazendo longas caminhadas, depois de algum tempo não teria dificuldade alguma em percorrer os 30 km. Como se explica isso ? Temos capacidades atléticas que estavam adormecidas, talvez atrofiadas por falta de ativação. Postas em ação, despertam e se desenvolvem.
Do mesmo modo, temos na mente capacidades que podem estar eventualmente adormecidas, por falta de treinamento. Temos no fundo de nossa mente um dom-potência, capaz de uma floração admirável. Se colocarmos em movimento essa aspiração, na medida em que "conhece" seu objeto e se aproxima do seu centro, mais intensa será a aspiração, maior o atrativo para seu objeto e maior a velocidade.
Em suma, somos capazes de tudo, é só experimentarmos diariamente nossas capacidades, direcionar um objeto e seguir em frente.

O ENCONTRO CONSIGO MESMO





O encontro consigo mesmo

Dr. José Carlos Lambert S. - Psicólogo



A "saída" do homem para o encontro consigo mesmo não é saída, mas entrada. È um avanço para dentro de si mesmo, até suas últimas profundidades. É necessário tocar o fundo de si mesmo e só então "atingiremos" aquele que é mais interior que minha própria intimidade.
Essa " descida" para o território da intimidade é condição indispensável para tal encontro,senão, vamos ficar nadando em um mar de dúvidas, sem estabelecer contato com o nosso eu.
O homem tem que desligar-se não do mundo exterior, o que é muito fácil, mas desse outro mundo interior turbulento, das dificuldades quase invencíveis que suportamos durante muito tempo.
Defrontamo-nos aqui com o problema dos problemas em matéria do encontro : a dispersão interior. Esse é o verdadeiro "Rubicão". Se conseguirmos passá-lo com êxito, já estaremos dentro do recinto do encontro.
Mas, em que consiste a dispersão interior?
Chegamos a uma fase da vida trazendo uma enorme carga de esperanças e desconsolos. Sentimo-nos intimamente avassalados por tanto peso. As preocupações nos dominam. As ansiedades nos desassossegam. As frustrações nos amarguram. Temos em nossa frente projetos ambiciosos que perturbam a quietude. Guardamos sentimentos e ressentimentos vivamente fixados na alma. Pois bem, essa enorme carga vital acaba lentamente por quebrar e desintegrar a unidade interior do homem.
Vamos para o encontro com um verdadeiro "manicômio" na cabeça. Ficamos afogados no meio de um ruido infernal de preocupações, ansiedades, recordações e projetos. O homem deve ser unidade, já que o encontro é a convergência de duas unidades. Mas nesse momento eu me "percebo" como um amontoado de "pedaços" de mim mesmo que me puxam para todos os lados : lembranças daqui, medos de lá, desejos deste lado, planos do outro. No total, sou um ser interior dividido e por conseguinte, dominado e vencido, incapaz de ser senhor de mim mesmo. Além disso, o homem é uma rede complexíssima de motivações, impulsos, instintos que penetram suas raízes no subconsciente irracional. O consciente é uma luzinha no meio de uma enorme escuridão, uma ilhota no meio do oceano.
N complexidade de seu mundo, o homem ( como consciência livre) sente-se batido, peneirado, ameaçado por um exército de motivos e impulsos afetivos que procedem de regiões ignotas da pessoa, sem que nunca saibamos por que, como e onde nasceram. O
homem não se "encontra" no tumulto. Para encontrá-lo é indispensável fazer calar a "gritaria" e conseguir o silêncio interior.

Conhecer-se




Conhecer-se

Dr. José Carlos Lambert S. - Psicólogo


O caminho que empreendemos para nos conhecer está eriçado de escolhas e dificuldades. Primeiramente nos surge em frente o eterno enigma do homem "esse desconhecido", que tantas vezes estamos recordando: eu "sou" eu, um mistério inédito e irrepetível. Todos os demais são os "outros", cada um uma experiência única. Nem eles "entraram"em mim, nem eu neles. Ninguém se experimentará jamais como eu. Eu nunca me experimentarei como os demais.
Ora, não parece uma loucura pretender "entrar" na experiência dos outros? Mesmo sem atingir sua pessoa, ainda na periferia? Ou permitir a "entrada" de alguém em nossa experiência?
Naturalmente há permanente inter-relação entre ambas as experiências. Quero dizer: ambas as experiências aparecem misturadas, confundidas e até identificadas, mas é completamente impossível viver a experiência real e íntima do outro.
Efetivamente, à medida em que começamos a tomar consciência da diferença entre o "eu" e o "outro", a dar-nos conta de nós mesmos, começamos a grande viagem para o auto-conhecimento e consequentemente para a felicidade tão almejada.

Os Sonhos




Os Sonhos

Dr. José Carlos Lambert S.- Psicólogo


Muitas pessoashoje em dia procuram saber mais a respeito de si mesmas. Querem saber mais quem são, para poderem ser quem são. No nível pessoal,essa necessidade de compreender melhor nosso interior é revelado pelo crescente interesse por grupos de autoconhecimento e pela enorme afluência de livros e artigos sobre novas técnicas de auto-realização. Analogamente, no plano coletivo, as empresas e as grandes instituições começam a se preocupar com o desgaste humano, o estresse e a correlação entre o bem estar psicológico e produtividade, a tal ponto que muitas delas passam a reestruturar sua organização e a estimular seus empregados a participar de seminários de conscientização.
Essa percepção crescente corresponde à emergência de uma área desprezada da ciência, ou seja, o estudo da influência que a experiência subjativa ou "interior" exerce sobre a saúde e o comportamento do ser humano. Dada a dificuldade de obter dados objetivos, alguns pesquisadores vêm se concentrando exclusivamente nos sonhos para proceder a uma vasta investigação sistemática desse vasto universo interior.
As descobertas iniciais demonstram que os sonhos revelam uma profunda relação entre nossos estados interiores e os exteriores, e proporcionam um tipo de contato com a profundidade da mente humana até hoje não explorada pelo intelecto consciente. Uma vez decifrados, os sonhos contém informações importantes sobre a saúde física e mental do indivíduo.
Os sonhos procuram regular e equilibrar as nossas energias físicas e mentais. Eles não apenas revelam a causa básica da desarmonia interior e da angústia emocional, como também indicam o potencial de vida latente no indivíduo; apresentam soluções criativas para os problemas diários e idéias inspiradas para o potencial criativo da vida. Enquanto dormem, através dos sonhos, as pessoas despertam para aquilo que realmente são.
Os sonhos nos mostram como encontrar um sentido em nosas vidas, como cumprir nosso próprio "destino" e realizar o potencial maior de vida que há em nós. Os sonhos indicam onde se encontra nossa energia e para onde ela quer ir. Todo sonho é uma mensagem útil que propicia um insigth sobre o sentido específico de uma situação também específica da nossa vida.
Em suma, os sonhos são uma experiência universal e única, incomunicável e pessoal, com seus componentes estranhos e imprevisíveis. Juntos eles compõem, sem nosso conhecimento, a personalidade e a saúde, com base em nosas reações e adaptações aos acontecimentos do cotidiano.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Torna-se um Ser Humano




“ Torna-se um Ser Humano”

Dr. José Carlos Lambert S.- Psicólogo



O mistério do Ser Humano consiste em reproduzir integralmente na vida, os sentimentos, atitudes e conduta geral de nossa sociedade. Temos muito bem delineadas nos fatos narrados pela humanidade, as condutas e atitudes que devem ser seguidas. Nossos sentimentos também são perfilados, até certo ponto, porque eles se patenteiam de algum modo, nos fatos da vida da sociedade.
A aventura humana individual é ainda mais difícil por ser mais fugidia. Efetivamente a substância definitiva e final da individualidade humana, consiste, na minha opinião, em viver as harmonias interiores e não exteriores.
O Homem será mais Humano quanto mais exatamente assumir e reproduzir a sua verdade íntima.Ora, o humano precisa ser descoberto ! Mas em certo sentido não é possível um descobrimento “objetivo”; é uma tarefa fundamentalmente pessoal e não social, ensinar-nos toda a verdade...
Para isso, o homem que busca realmente ser Humano, deve produzir uma admiração interior, entrar com infinita reverência em sua intimidade, surpreender alguma coisa, pelo menos do que “acontece” lá, e, imerso nessa atmosfera, absorver e participar da sua própria experiência humana.
Este é o conhecimento que ultrapassa todo conhecimento, a eminente sublimidade do conhecimento de si mesmo, da nossa sabedoria e da máquina geradora de todas as energias.
O crescimento do homem é sobretudo, um avançar incessante para o interior de sua humanidade. Crescer significa antes de tudo aprofundar e esclarecer o mistério interior. Consiste em captar e capturar o segredo da intimidade. Por exemplo, dar-se conta do que “ocorre” no seu interior, quais e como são as emoções de gratidão, alegria ou a surpresa de olharmos para nós mesmos sem máscaras.