quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A Paixão





A Paixão


Dr. José Carlos Lambert S. - Psicólogo


A paixão que agarra e açambarca todo homem submerge no inconsciente reprimido, ilumina com um fulgor penetrante e deslumbrador as obscuras regiões dos impulsos emotivos; desperta a consciência reflexa dos sonhos de onipotência e de seus delírios de grandeza, pondo-lhe os pés nos ares, nos ares da subjetividade , fazendo-os entrar na zona de incerteza, da imaturidade e do falso amor.A Paixão é desafiante e não questionadora.
O drama do homem apaixonado é este: desde aquela tarde fatídica no Paraíso em que ele sucumbiu á tentação"... sereis como deuses" (Gên 3,4); desde então o homem leva em suas entranhas mais profundas um instinto ancestral, obscuro e irresistível de constituir-se em "deus", e reclamar através de suas paixões, toda adoração.
A paixão submete violentamente, pressionando e obrigando todos os homens a serem seus "adoradores"; "apropria-se dos valores e realidades que estão ao seu alcance; usa e abusa do que considera "seu", como um déspota.Ela sente uma sede louca e insaciável de honra, aplausos e adoração; sua meta é guerra de concorrência para ver quem açambarca mais.Teme todo aquele que ameaça eclipsar seu poderio ou menoscabar sua honra, qualificando-o como inimigo, desencadeando uma guerra para esmagar qualquer competidor; vive cheia de delírios, alucinações e mentiras, por exemplo: quando pensa que ama, crê que ama, mas quase sempre ama a si mesma; quanto mais possui, crê ser mais livre, mas na realidade é mais escrava do que nunca;quanto mais domina, crê ser mais dona, quando na verdade é mais dependente que nunca.
O maior inimigo da paixão é ela mesma efetivamente, por suas loucuras de grandeza de ser sempre a primeira,e de querer sempre se sobressair acima de todos.A paixão castiga a si mesma, com invejas, incapacidades, suspeitas, preocupações e anseios impossíveis; convertendo-se em vítima para criar impérios, hegemonias e dominações, aprisionando-se em suas próprias criações.
A paixão quando não é administrada corretamente, explora a pessoa; passa por cima da justiça e da compaixão, é insensível e soberba.
Em suma; a paixão é escrava de si mesma; necessita-se de liberdade para realmente Amar e ser Amado.

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