segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Maria Madalena
Quem era Maria Madalena ?
A Igreja Latina costumava celebrar juntas na sua liturgia as três mulheres de que fala o Evangelho, e a liturgia grega comemora separadamente; Maria de Betânia, irmã de Lazaro e de Marta; Maria a denominada de pecadora “a quem muito foi perdoada porque muito amou”; e Maria Madalena ou Maria de Magdala, a possessa curada por Jesus, que o seguiu e assistiu com as outras mulheres até a sua crucificação. Ela também teve o privilégio de vê-lo ressuscitado.
Nosso primeiro passo será estabelecer a identidade da “outra Maria”, encontrada nos quatro Evangelhos. Existem fortes indícios de que Maria Madalena pode ser identificada como Maria de Betânia, a irmã de Marta e Lázaro, mencionada nos Evangelhos de Lucas e João. Essa amável Maria sentava-se aos pés de Jesus, enquanto sua irmã, Marta, servia os convidados (Lucas 10:38-42); depois, ungiu Jesus com bálsamo de nardo (João 11:2, 12:3).
Referências bíblicas a Maria Madalena incluem informações de que ela era uma das mulheres que acompanharam Jesus depois que ele a curou da possessão de sete demônios (Lucas 8:2, Marcos 16:9). Também é apontada como uma das mulheres aos pés da cruz (Marcos 15:40, Mateus 27:56, João 19:25) e uma das que chegaram à tumba às primeiras luzes da manhã da Páscoa (Marcos 16:1, Mateus 28:1, Lucas 24:10, João 20:1-3). O Evangelho de João afirma que ela foi sozinha ao sepulcro e encontrou Jesus, acreditando, primeiramente, que ele era o jardineiro. Chegou a abrir os braços para abraçá-lo quando reconheceu, chamando-o de “rabboni”, uma forma afetuosa da palavra “rabino”, “mestre”. Obviamente, essa Maria chamada “a Madalena” era uma amiga e companheira bastante íntima de Jesus.
A Igreja ocidental tem uma antiga e forte tradição que apóia a idéia de que só havia uma amiga querida de Jesus chamada Maria. A bíblia Canção de Salomão interpreta com freqüência na tradição judaico-cristã como uma alegoria do amor de Deus por seu povo, era muito popular entre os cristãos durante a Idade Média, São Bernardo de Claraval (1090-1153), em seus sermões sobre o Cântico dos Cânticos, comparou a noiva da canção, simbolicamente, como a Igreja e com a alma de cada um dos que crêem. O protótipo que ele selecionou para ilustrar essa “Noiva” de Cristo era Maria, a irmã de Lázaro, que se sentou aos pés de Jesus, absorvendo seus ensinamentos (Lucas 10:39-42) e que, mais tarde, ungiu os pés dele com nardo e secou-os com o próprio cabelo (João 11:2, 12:3). Mas São Bernardo também disse repetidas vezes em seus sermões que era possível que essa Maria de Betânia fosse a mesma Maria Madalena, assim como pela opinião de São Gregório Magno que viu indicada em todas as passagens do Evangelho uma única e mesma pessoa.
Novecentos anos antes de São Bernardo, em Alexandria, um teólogo cristão chamado Orígenes (aproximadamente 185-254 d.C.) identificou Maria Madalena especificamente como a Noiva do Cântico dos Cânticos. Essa associação foi amplamente aceita e louvada na Idade Média.
O Evangelho de João identifica com clareza a mulher que ungiu Jesus com o precioso bálsamo como a irmã de Lázaro (João 11:2), e a tradição francesa chama Madalena de “a irmã de Lázaro”. A Igreja Católica Romana nem sequer tem uma data dedicada a essa Maria de Betânia, embora os dias de Marta e de Lázaro sejam celebrados no calendário anglicano. Seria de esperar que a Igreja honrasse essa “irmã favorita”, dedicando-lhe uma festividade, como faz com os outros amigos de Jesus. Entretanto, existe um dia em que se homenageia Santa Maria Madalena – 22 de Julho -, exatamente uma semana antes do de Santa Marta. É mesmo natural e correto que o dia da mais importante das irmãs-santa sejam celebrado em primeiro lugar. As festas dedicadas a Santa Maria Madalena, ficam restritas as comunidades paroquiais na qual têm o seu nome como Padroeira.
No século VI, o Papa Gregório I estabeleceu que Maria Madalena e Maria de Betânia eram a mesma pessoa, o escritor Laurence Gardner em seu livro “A Linhagem do Santo Graal”, assim se expressa:
“Para sermos precisos, ela jamais é chamada de Maria de Betânia na Bíblia. Ela e Marta são apenas chamadas de “irmãs” na casa de Lázaro de Betânia. O titulo completo de Maria era irmã Miriam Madala ou, como é mais conhecida Maria Madalena. Gregório I, Bispo de Roma (590-604), e São Bernardo, o abade cisterciense de Clairvaux (1090-1153), confirmaram que Maria de Betânia era Maria Madalena”.
Ainda com referência ao assunto dos nomes, também devemos analisar o nome de Madalena que, às vezes, é escrito como Magdalena e tem variantes européias como Magdalene, Maddalena, Madeleine e Magdalen. Geralmente há uma sugestão de que o nome Magdalena deriva de um lugar chamado Magdala, e eles realmente têm a mesma raiz em migdal, que significa “torre”.Mas esse fato não é suficiente para determinar que Maria tenha vindo de Magdala. Sabemos apenas que ela se uniu à pregação de Jesus na Galiléia (ou seja, a região norte da atual Haifa).
Maria Madalena era uma mulher de posição, instruída e descendente de uma família real, vejamos o que nos diz o escritor Laurence Gardner em seu livro intitulado “O Legado de Maria Madalena”.
“Segundo Jacopo (1229-1298), o pai de Maria Madalena chamava-se Syro (ou Syrus). Como Syro, o Jairo, ele era o sacerdote chefe (subordinado ao sumo sacerdote de Jerusalém), e Maria faz sua primeira aparição bíblica como a filha de Jairo, que Jesus fez se levantar da morte em Mateus 9:18-25. Essa forma iniciatória de elevação da “morte” (trevas) figurativa para o nível da “vida” (luz) em comunidade foi parte de um processo de instrução chamado “o caminho”, realizado aos 12 anos. Na seqüência da filha de Jairo, Marcos 5:42 confirma o fato, declarando: “Imediatamente a menina se levantou e pôs-se a andar, pois tinha 12 anos. E logo foram tomados de grande espanto”.
“Jacopo depois explica que Syro era um nobre sírio, cuja esposa Eucharia (mãe de Maria) era da família real. Ele também afirma que Madalena “nasceu de uma linhagem nobre e que seus pais eram descendentes da linhagem dos reis”. Em um manuscrito bem mais antigo do arcebispo Rábano Mauro, Eucharia é descrita mais detalhadamente como descendente da Casa Real de Israel, que não era a Casa Davídica da Judéia, mas da sacerdotal Casa Hasmoneana dos Macabeus, que reinaram em Jerusalém de 166 a.C. até a ocupação romana de 63 a.C. sob o general Pompeu”.
Maria (conhecida como Maria de Tiago ou, mais popularmente, Maria Jacó) acompanhou Maria Madalena à Gália no ano 44, como o detalhado em “Os Atos de Madalena” e no antigo manuscrito “História da Inglaterra” nos arquivos do Vaticano. Santa Maria Jacó foi uma sacerdotisa nazarena, que ficou mais conhecida na Europa como Maria, a Egípcia. Na Inglaterra, seu culto era difundido na época medieval; é retratada como uma sereia ao lado de Maria Madalena em uma janela na Igreja de Santa Maria, em Paris.
Mais adiante relata: “São Bernardo e seus Cistercienses fizeram bom uso da restabelecida Academia Judaica em Gellone ao compilar suas traduções dos antigos manuscritos de Jerusalém, após o Concílio de Troyes. Porém isso causou grande preocupação entre os bispos católicos, que não podiam descobrir nada do que estava acontecendo. Eles sabiam que Gellone fora, por muito tempo, uma base cultural de Maria Madalena e que os Templários faziam seu juramento a Betânia e à Madalena. Além disso, a catedral de Notre Dame era originalmente dedicada a ela, como “Nossa Dama”. Além disso ao sul de Gellone, perto de Narbonne, estava Rennes-le-Château, onde a igreja fora consagrada à Maria Madalena em 1059. Essa Região (oeste e noroeste de Marselha, no Golfe du Lion) era conhecida então como Languedoc – nome derivado do dialeto daquele povo: a “langue d´oc”.
Os bispos estavam convencidos de que, qualquer que fosse a natureza do tesouro secreto dos Templários, ela residia em alguma parte do Languedoc ao sul da França e, assim, em 1209, o papa Inocêncio III decidiu enviar suas tropas. Um exército papal de cerca de 30 mil soldados entrou na região, sob o comando de Simão de Montfort. Eram enganosamente adornados com a cruz dos Cruzados da Terra Santa, mas seu propósito era absolutamente diferente. Haviam sido mandados para exterminar a herética seita Cátara (Os Puros); o papa e o rei Felipe II da França desconfiavam que eles guardavam o misterioso tesouro e estavam conluiados com os Cavaleiros Templários contra a Igreja de Roma”.
Em alusão ao centro de Languedoc, Albi, a campanha foi chamada da Cruzada Albigense – ao menos é o que se diz. Porém, o nome tem uma implicação muito mais importante. “Albi” era, na verdade, uma variante da antiga palavra provençal “yilbi” (uma elfa); os catáros referiam-se à sucessão messiânica de Maria Madalena (o “Sangréal”: Santo Graal) como os “Albi-gens”: a linhagem dos elfos. De todos os cultos religiosos que prosperaram no período medieval, o catarismo era o menos ameaçador (oportunamente falaremos sobre a fortaleza de Montségur, um dos últimos baluartes dos catáros).
Não são poucas as evidências sobre o referido assunto, em Vézelay ficava a grande Basílica de Santa Maria Madalena, e São Bernardo de Clairvaux, patrono dos Cavaleiros Templários do século XII, estava bem ciente dessa associação simbólica entre Salomão e Jesus, Abishag e Madalena. Por isso, ele exigia a obediência da Ordem ao castelo de Maria e Marta. A catedral de Notre Dame dos Templários da França fora originalmente consagrada a Maria Madalena, a Senhora da Luz, a catedral de Notre Dame de Chartes, descreve a unção de Betânia em seus magníficos vitrais de Madalena, concluindo encontramos no Sermão 57 do seu Sermão dos Cânticos, Bernard menciona Maria Madalena como “Noiva de Cristo”.
Sobre esse tema historiadores já escreveram centenas de livros a respeito, no entanto o silêncio continua pairando sobre o Vaticano, nem um raio de luz emana dos segredos que a sua biblioteca contém sobre o assunto.
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