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domingo, 17 de outubro de 2010

Virgem das Três Mãos




É muito interessante essa devoção à Virgem das Três Mãos, cujo culto nasceu de um ícone milagroso da Mãe de Deus, que teria intercedido em um milagre alcançado por São João Damasceno, no século VIII.

Considerado o último dos Santos Padres Orientais, mais tarde declarado Doutor da Igreja, passou sua vida inteira sob o governo de um Califa muçulmano.

João nasceu numa família cristã, em 675, em Damasco, Síria. Nessa época as duas religiões ainda conviviam em relativa paz. Tanto, que seu pai, um cristão fervoroso, era um alto funcionário do Califa, o qual aprendeu a respeitar a sabedoria do pequeno João e acabou lhe dedicando uma sincera amizade.

Devido a sua cidade natal, na juventude João era chamado de ‘o Damasceno’ e se tornou um influente sacerdote da Igreja cristã da Síria. Foi um dos maiores e fortes defensores do culto das imagens sagradas no difícil período dos hereges iconoclastas. Mesmo atacando abertamente o governo muçulmano, sempre foi protegido das vinganças, pelo próprio Califa.

Diz a tradição, que insuflado por uma mentira que tornava João Damasceno um conspirador do governo, o Califa se sentiu traído pelo velho amigo. Por isso, ordenou que lhe cortasse a mão direita, conforme a lei muçulmana. João Damasceno, porém, profundo devoto de Maria, rezou com toda fé diante do seu ícone. No dia seguinte, a mão estava recolocada no lugar. Como prova de sua gratidão, ele pendurou uma mão de prata no ícone e mandou pintar um novo com esta mão votiva, diante do qual passou a fazer suas orações. Assim surgiu o ícone da ‘Virgem das Três Mãos’ e sua devoção.

Ao logo dos tempos o seu culto se difundiu e muitas cópias surgiram nos mosteiros e igrejas cristãs do Oriente. No século XIII, São Sabas, filho de Estêvão I, fundador da dinastia e do Estado independente da Sérvia, antes de se retirar para o mosteiro do Monte Athos, esteve em Jerusalém e levou para seu país um ícone de Nossa Senhora das Três Mãos, para ser venerado na Catedral da capital Sófia.

Mais tarde, seu pai abdicou o trono e se recolheu à vida religiosa. Então, juntos decidiram fundaram um mosteiro para os sérvios em Kilandar, chamado ‘Mosteiro da Santíssima Mãe de Deus’ ou ‘Casa da Santíssima Mãe de Deus de Kilandar’, um reconhecido centro religioso e cultural. Em 1459, a Sérvia ficou completamente sob o domínio dos turcos muçulmanos.

O ícone venerado em Sófia foi transferido para o Mosteiro de Kilandar, local que deu origem à outra tradição cristã. No início do século XVII, certo dia, os monges desse Mosteiro não conseguiam entrar em acordo para eleger o novo guia espiritual. Por isso, a Senhora das Três Mãos teria descido do altar para assumir essa função e comunicado os monges através de uma visão à um dos mais velhos.

Daquela época em diante os religiosos de Kilandar rendem à Virgem das Três Mãos todas as honras devidas, especialmente no dia 28 de junho sua festa anual.

Com base nessas e outras tradições, a terceira mão que aparece no ícone foi interpretada como: mão auxiliadora da Mãe de Deus que sempre intercede pelos fiéis junto ao Senhor.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

História de Maria nos Apócrifos



A atual devoção a Maria é mais apócrifa do que canônica, sendo que em alguns textos apócrifos a história de Maria é apresentada como parte intrínseca da história de Israel.

Por Frei Jacir de Freitas Faria, OFM

A devoção a Maria, a mãe de Jesus, atravessa séculos de história. Num misto de fé e esperança, procura-se, no aconchego de uma sublime mãe, a ternura de Deus que se encarnou no meio de nós por meio dela. As pessoas não sabem explicar o motivo, simplesmente afirmam: “Tenho um carinho especial por ela”. Qual o sentido desta fé? Por que a tradição oral sobre Maria, conservada nos Evangelhos Apócrifos, é mais rica do que a canônica sobre Maria? Qual é a atualidade da fé e dos dogmas marianos? Recentes pesquisas de textos apócrifos sobre Maria nos revelam e confirmam a fé em Maria.
Nada menos que 13 Evangelhos Apócrifos contam a história de Maria. Os vários testemunhos se complementam para apresentar uma história quase completa da vida de Maria: concepção, nascimento, infância, adolescência, casamento, concepção de Jesus, apostolado, morte e assunção. Ler esta história é uma viagem fascinante ao passado vivo dessa mulher de Deus e mulher do povo. Origem de mãe, que as mães carregam no ventre. Desejo de filhos, que a conservam no imaginário, porque Mãe ela sempre será.

Concepção, nascimento consagração e casamento de Maria
Maria nasceu de pai e mãe judeus. Seu nascimento foi marcado pela intervenção de Deus na vida de seus pais, Joaquim e Ana. Eles já eram casados há 20 anos e não tinham tido filhos. Joaquim teve a sua oferta rejeitada no Templo por não ter dado descendência a Israel. Ele foge para as montanhas. Ana reza e concebe Maria. Joaquim volta das montanhas. Maria é consagrada a Deus e vive por nove anos no Templo de Jerusalém. Ali, ela demonstrou liderança e conservou a virgindade.
Quando Maria completou 12 anos, os sacerdotes do Templo se encarregaram de encontrar um esposo para ela. José, idoso, viúvo e pai de seis filhos, foi o escolhido. Maria foi levada para Nazaré. Ali, ela sonha com o nascimento do Messias. Durante uma viagem a trabalho de José, Maria engravida pelo Espírito Santo. José não aceita o fato. Maria foge para a casa da prima Isabel. José compreende o ocorrido. A inocência de Maria é comprovada. O casal viaja para Belém, para se alistar no recenseamento. Jesus nasce em uma manjedoura, nas proximidades de Belém. Após seu nascimento, a virgindade de Maria é mantida, segundo os evangelhos apócrifos.

Maria vive no Egito e educa Jesus
Durante cinco anos, fugindo da perseguição romana, José, Maria e Jesus vivem no Egito. A infância de Jesus é acompanhada por Maria com carinho. Ela o educa, corrige-o e percebe que ele era diferente dos outros. É louvada pelos doutores do Templo pela sabedoria do menino, mas também se preocupa a com chegada da sua vida adulta.

Maria participa da vida pública de Jesus
Quando José morre, Maria lamenta profundamente. Chegado o tempo da vida pública de Jesus, tudo começa com o milagre das Bodas de Caná. Maria tem um papel importante no início da vida pública de Jesus. Ela o incentiva a cumprir seu papel. Chegado o momento da Paixão, mãe e filho se despedem e choram, mas Maria não o abandona. Jesus morre na cruz e Maria não o abandona. Ela vai ao túmulo e se encontra por primeiro com Jesus ressuscitado, e lhe diz: “Ressuscitaste, meu Filho. Feliz ressurreição!”

Morte e assunção de Maria
Dois anos após a morte de Jesus, ele aparece para ela e lhe anuncia que ela morreria em três dias. Jesus lhe entrega uma palma. Maria volta para sua casa. Os apóstolos se reúnem aí e se colocam em vigília. Jesus vem com os anjos e faz com que Maria durma. O seu corpo é levado para um sepulcro indicado por Jesus. Novamente, Jesus volta e leva Maria para o céu, onde, ressuscitada, é coroada Rainha do Céu por Jesus.

A atualidade da história de Maria
Muitos fatos da vida de Maria foram transformados em dogmas de fé. Por mais polêmica que seja, a história de Maria nos evoca o ser mãe. Nos Evangelhos Apócrifos, são ressaltados sua liderança apostólica e seu papel importante na vida de Jesus.
A Assunção de Maria é o mais apócrifo dos dogmas. Ele simplesmente quer nos dizer que, em Maria, Deus antecipou o que vai acontecer com todos os mortais. Isto é sinal de esperança.
Polêmica é a questão da virgindade de Maria. Esta fé foi firmada pela Igreja em 553. Maria, apresentada como virgem, cria uma imagem de mulher inacessível para todas as mulheres. Compreender a virgindade de Maria só tem sentido se for simbólica, assim como os textos de Gênesis 1-11. Adão e Eva não existiram. Adão e Eva somos todos nós, quando rompemos a aliança com Deus. A virgindade de Maria está para além dela mesma.
Em Maria, no nascimento de Jesus, a humanidade retorna a Deus, mesmo quando continuamos impuros e fora do caminho. O desejo de cada ser humano é ser íntegro. Sendo isto tão difícil, em relação à concepção e ao nascimento virginal de Maria, resta-nos o simbólico e o utópico, a fragilidade da vida e a sedução de Deus, o irreal tornar-se real. Em Deus tudo é possível. A virgindade não é carnal, mas existencial. Para a fé, mesmo que Maria não tivesse sido virgem antes, durante e depois do parto, ela deveria sê-lo, porque ela é modelo.
Em alguns textos apócrifos, a história de Maria é ressaltada como parte intrínseca da história de Israel. Seu nascimento parece já previsto por Deus, em vista do Messias. Seus pais são descendentes de Davi. Ela se casa conforme a lei judaica. Para o judaísmo, Raquel é a mãe por excelência de Israel. No cristianismo, Maria cumpre o papel de Raquel. Lamentável, no entanto, é que encontramos anti-semitismo nos Evangelhos Apócrifos de Maria.
Muitas tradições religiosas em relação a Maria, guardadas na memória popular e em dogmas de fé, têm suas origens nos apócrifos, como: a palma e o véu de Nossa Senhora; as roupas que ela confeccionou para usar no dia de sua morte; sua assunção ao céu; a consagração a Maria e de Maria; os títulos que Maria recebeu na ladainha dedicada a ela; os nomes de seu pai e de sua mãe; a visita que ela e Jesus receberam dos magos; o parto em uma manjedoura etc. Nossa devoção mariana é mais apócrifa do que canônica.
Maria exerce um papel importante de liderança entre os primeiros cristãos e apóstolos. Ela os enviou em missão. Todos presenciaram sua morte e assunção. Ela não era qualquer mulher. Era, por assim dizer, a Senhora dos Apóstolos. Jesus mesmo a encarregou de anunciar aos apóstolos a sua ressurreição. É uma pena que a Igreja tenha insistido muito em sua virgindade e maternidade, em detrimento de seu apostolado.

Os Apócrifos Marianos nos Benditos e Acalentos



Tanto pessoas de fé simples e piedosa quanto eruditos se inspiraram na tradição oral apócrifa para cantar a vida de personagens eternos.

Por Frei Jacir de Freitas Faria
Escritor e pesquisador dos apócrifos

A Igreja, ao longo de sua história, proibiu a leitura dos livros apócrifos nas comunidades. Monges, lideranças cristãs e comunidades inteiras, contrariando essa decisão, conservaram muitos deles em potes que foram enterrados e descobertos recentemente.
Quando eu era pequeno, ouvia de minha mãe histórias que sempre começavam assim: “Quando Deus andou no mundo...” Ela se referia, sem saber, aos apócrifos. Deus, isto é, Jesus, fez muitas coisas que os livros canônicos, os considerados inspirados, não registraram. O imaginário popular conservou na música preciosidades apócrifas que ultrapassaram mares. São abordagens de fé, historiográficas e de piedade que se transformaram em poesia, canto, pinturas, músicas e expressões devocionais.
O Brasil acolheu essas tradições musicais européias, mas também criou outras. Assim, a cultura popular, na música, pôde resistir ao modo institucional e canônico de celebrar a fé. Maria, a mãe de Jesus, e Madalena, duas personagens emblemáticas do Cristianismo, foram as que mais inspiraram benditos e músicas que perpassaram séculos de cultura. Tomemos, como exemplo, Maria.
O Bendito de Nossa Senhora da Conceição faz uma menção explícita ao ramo de palmeira que Maria recebeu antes de sua morte, conforme atestam os apócrifos marianos (veja os apócrifos sobre Maria no livro História de Maria, mãe e apóstola de seu filho, nos evangelhos apócrifos. Frei Jacir de Freitas Faria. Ed. Vozes). No apócrifo Descanso de Maria, Jesus, em forma de anjo, vai ao encontro da mãe e lhe dá um ramo de palmeira do paraíso. Já no Bendito citado, é o devoto que se levanta de madrugada para ir ao encontro de Maria, chamada de Nossa Senhora, Aparecida e Conceição. Assim canta o bendito:
“Levantei de madrugada pra varrer a Conceição. Encontrei nossa Senhora com seu raminho na mão. Eu pedi a ela o raminho. Ela me disse que não. Eu tornei a lhe pedir. Ela me deu seu cordão. O cordão era tão grande, que do céu rastava ao chão. Ainda dava sete voltas em redor do coração. Numa ponta tem São Pedro. Na outra, Senhor São João. No meio tem um letreiro da Virgem da Conceição”.
O canto termina oferecendo o Bendito a Maria e a Jesus crucificado. Esse bendito não só menciona a palma de Nossa Senhora, aqui intitulada de raminho, mas reforça outras imagens apócrifas que ligam Maria com o céu, a confirmação do ministério de Maria pelos apóstolos São Pedro e São João. No centro do coração, a inscrição Virgem da Conceição reflete a piedade apócrifa da virgindade de Maria e sua concepção imaculada.

O acalento ou cantiga de ninar Nossa Senhora na beira do caminho, obra datada do século 14, retrata o cuidado de Maria, mulher e mãe, com seu filho. Não falta aqui, além da docilidade maternal de Maria, a teologia da cruz-sofrimento prefigurada pela mãe. Vejamos a letra.
“Nossa Senhora na beira do rio. Lavando os paninhos de seu bento Filho. Maria lavava e José estendia. O menino chorava do frio que fazia. Não chore menino, calai meu amor. Que a faca que corta dá o golpe sem dor. Os filhos dos ricos em berço dourado. E vós, meu menino, em palha deitado. No monte Calvário, avistei uma cruz. É cama e travesseiro de meu Bom Jesus”.
A teologia mariana desse bendito, ao fazer uso da tradição apócrifa, liga o papel de Maria-mãe com o sofrimento de seu filho, Jesus, marcado pelo destino da morte no calvário de Jerusalém. Maria é a mãe do sofrimento. Ser mãe é quase aceitar esta condição de mulher. O devoto acaba criando resignação. O fim último da vida é o sofrimento. Nada há para ser feito. Nem mesmo o menino Jesus precisa chorar, pois “a faca que corta dá golpe sem dor”.
O popular Ofício de Nossa Senhora, cantado de cor por pessoas, comunidades e famílias do interior do Brasil, aos sábados – mas também em diversas circunstâncias da vida, como na hora do parto, mau tempo e queimadas –, muito conservou a tradição apócrifa. Sua data de composição remonta ao ano de 1450. Esse ofício teve a aprovação oficial do Papa Inocêncio XI e está dividido por horas, assim como a oração oficial da Igreja, o Ofício Divino. Destacamos aqui algumas frases do texto que se inspiram nos apócrifos.
“Santa Maria, Rainha dos céus... Florescente vara, a qual escolheu para ser mãe sua e de vós nasceu. Deus vos salve, Virgem... Fostes, Virgem Santa, o ventre ditoso, de Ana concebida. Vós que habitais lá nessas alturas e tendes vosso trono sobre nuvens puras”.
A letra do bendito retoma a tradição apócrifa da coroação de Maria como Rainha do céu, onde ela recebeu um trono, bem como a história da vara de José que floresceu quando da sua escolha para ser o esposo de Maria. Ademais, nota-se a expressão de fé na virgindade de Maria, mencionando também sua concepção virginal no seio de Ana. Deste modo, a fé mariana se perpetuou na linha da virgindade e da realeza.

Interessante é o fato desse ofício ser rezado no momento de um parto, mau tempo e queimadas. O parto diz respeito à concepção. Mau tempo e queimadas são perigos que causam destruição. Invocando a Maria e enaltecendo-a, virgem e rainha do céu, essa releitura apócrifa apresenta um modelo de mulher inacessível, arquétipo de pureza do corpo e da natureza, que deve ser buscado e desejado por todos. Mesmo dando à luz, a mulher deve buscar a virgindade. A queimada logo se extinguirá com a invocação de Maria, de modo que a natureza retome seu estado harmonioso de pureza quase virginal.
Nessa mesma linha de pensamento encontra-se a situação de mau tempo. Na concepção teológica do mundo antigo, invocava-se Deus para controlar os fenômenos naturais. O ser humano vivia em constante pavor diante das intempéries. Aqui, na invocação a Maria, há uma transferência de papéis. Maria é vista quase como uma déia que tem poder de intervir na natureza em favor do ser humano.
Por mais que expressem uma fé amorosa em Maria, os apócrifos marianos, por sinal belíssimos, ocuparam espaços nas músicas de piedade popular para nos inculcar resignação, o que não condiz muito com uma fé libertadora.
Por outro lado, o povo simples delineou sua devoção ao cantar valores de uma fé apócrifa, transformada em benditos, acalentos e músicas. Contudo, a mesma Igreja que proibiu os apócrifos propagou a teologia do sofrimento, condizente com as músicas acima analisadas. Parece contraditório, mas é assim mesmo. O desafio consiste em continuar amando Maria, na sua mais pura fé de mãe do Salvador, e resgatar sua memória de mulher libertadora, mas eternamente mãe.
Assim, gente de fé simples e piedosa, mas também eruditos, se inspiraram na tradição oral apócrifa para cantar a vida de personagens que se tornaram eternos para todos nós. E isso não aconteceu somente com Maria, a mãe de Jesus, mas também com Madalena.
Mas essa é outra história.

Maria Madalena





Quem era Maria Madalena ?


A Igreja Latina costumava celebrar juntas na sua liturgia as três mulheres de que fala o Evangelho, e a liturgia grega comemora separadamente; Maria de Betânia, irmã de Lazaro e de Marta; Maria a denominada de pecadora “a quem muito foi perdoada porque muito amou”; e Maria Madalena ou Maria de Magdala, a possessa curada por Jesus, que o seguiu e assistiu com as outras mulheres até a sua crucificação. Ela também teve o privilégio de vê-lo ressuscitado.

Nosso primeiro passo será estabelecer a identidade da “outra Maria”, encontrada nos quatro Evangelhos. Existem fortes indícios de que Maria Madalena pode ser identificada como Maria de Betânia, a irmã de Marta e Lázaro, mencionada nos Evangelhos de Lucas e João. Essa amável Maria sentava-se aos pés de Jesus, enquanto sua irmã, Marta, servia os convidados (Lucas 10:38-42); depois, ungiu Jesus com bálsamo de nardo (João 11:2, 12:3).




Referências bíblicas a Maria Madalena incluem informações de que ela era uma das mulheres que acompanharam Jesus depois que ele a curou da possessão de sete demônios (Lucas 8:2, Marcos 16:9). Também é apontada como uma das mulheres aos pés da cruz (Marcos 15:40, Mateus 27:56, João 19:25) e uma das que chegaram à tumba às primeiras luzes da manhã da Páscoa (Marcos 16:1, Mateus 28:1, Lucas 24:10, João 20:1-3). O Evangelho de João afirma que ela foi sozinha ao sepulcro e encontrou Jesus, acreditando, primeiramente, que ele era o jardineiro. Chegou a abrir os braços para abraçá-lo quando reconheceu, chamando-o de “rabboni”, uma forma afetuosa da palavra “rabino”, “mestre”. Obviamente, essa Maria chamada “a Madalena” era uma amiga e companheira bastante íntima de Jesus.

A Igreja ocidental tem uma antiga e forte tradição que apóia a idéia de que só havia uma amiga querida de Jesus chamada Maria. A bíblia Canção de Salomão interpreta com freqüência na tradição judaico-cristã como uma alegoria do amor de Deus por seu povo, era muito popular entre os cristãos durante a Idade Média, São Bernardo de Claraval (1090-1153), em seus sermões sobre o Cântico dos Cânticos, comparou a noiva da canção, simbolicamente, como a Igreja e com a alma de cada um dos que crêem. O protótipo que ele selecionou para ilustrar essa “Noiva” de Cristo era Maria, a irmã de Lázaro, que se sentou aos pés de Jesus, absorvendo seus ensinamentos (Lucas 10:39-42) e que, mais tarde, ungiu os pés dele com nardo e secou-os com o próprio cabelo (João 11:2, 12:3). Mas São Bernardo também disse repetidas vezes em seus sermões que era possível que essa Maria de Betânia fosse a mesma Maria Madalena, assim como pela opinião de São Gregório Magno que viu indicada em todas as passagens do Evangelho uma única e mesma pessoa.

Novecentos anos antes de São Bernardo, em Alexandria, um teólogo cristão chamado Orígenes (aproximadamente 185-254 d.C.) identificou Maria Madalena especificamente como a Noiva do Cântico dos Cânticos. Essa associação foi amplamente aceita e louvada na Idade Média.




O Evangelho de João identifica com clareza a mulher que ungiu Jesus com o precioso bálsamo como a irmã de Lázaro (João 11:2), e a tradição francesa chama Madalena de “a irmã de Lázaro”. A Igreja Católica Romana nem sequer tem uma data dedicada a essa Maria de Betânia, embora os dias de Marta e de Lázaro sejam celebrados no calendário anglicano. Seria de esperar que a Igreja honrasse essa “irmã favorita”, dedicando-lhe uma festividade, como faz com os outros amigos de Jesus. Entretanto, existe um dia em que se homenageia Santa Maria Madalena – 22 de Julho -, exatamente uma semana antes do de Santa Marta. É mesmo natural e correto que o dia da mais importante das irmãs-santa sejam celebrado em primeiro lugar. As festas dedicadas a Santa Maria Madalena, ficam restritas as comunidades paroquiais na qual têm o seu nome como Padroeira.

No século VI, o Papa Gregório I estabeleceu que Maria Madalena e Maria de Betânia eram a mesma pessoa, o escritor Laurence Gardner em seu livro “A Linhagem do Santo Graal”, assim se expressa:

“Para sermos precisos, ela jamais é chamada de Maria de Betânia na Bíblia. Ela e Marta são apenas chamadas de “irmãs” na casa de Lázaro de Betânia. O titulo completo de Maria era irmã Miriam Madala ou, como é mais conhecida Maria Madalena. Gregório I, Bispo de Roma (590-604), e São Bernardo, o abade cisterciense de Clairvaux (1090-1153), confirmaram que Maria de Betânia era Maria Madalena”.

Ainda com referência ao assunto dos nomes, também devemos analisar o nome de Madalena que, às vezes, é escrito como Magdalena e tem variantes européias como Magdalene, Maddalena, Madeleine e Magdalen. Geralmente há uma sugestão de que o nome Magdalena deriva de um lugar chamado Magdala, e eles realmente têm a mesma raiz em migdal, que significa “torre”.Mas esse fato não é suficiente para determinar que Maria tenha vindo de Magdala. Sabemos apenas que ela se uniu à pregação de Jesus na Galiléia (ou seja, a região norte da atual Haifa).

Maria Madalena era uma mulher de posição, instruída e descendente de uma família real, vejamos o que nos diz o escritor Laurence Gardner em seu livro intitulado “O Legado de Maria Madalena”.

“Segundo Jacopo (1229-1298), o pai de Maria Madalena chamava-se Syro (ou Syrus). Como Syro, o Jairo, ele era o sacerdote chefe (subordinado ao sumo sacerdote de Jerusalém), e Maria faz sua primeira aparição bíblica como a filha de Jairo, que Jesus fez se levantar da morte em Mateus 9:18-25. Essa forma iniciatória de elevação da “morte” (trevas) figurativa para o nível da “vida” (luz) em comunidade foi parte de um processo de instrução chamado “o caminho”, realizado aos 12 anos. Na seqüência da filha de Jairo, Marcos 5:42 confirma o fato, declarando: “Imediatamente a menina se levantou e pôs-se a andar, pois tinha 12 anos. E logo foram tomados de grande espanto”.

“Jacopo depois explica que Syro era um nobre sírio, cuja esposa Eucharia (mãe de Maria) era da família real. Ele também afirma que Madalena “nasceu de uma linhagem nobre e que seus pais eram descendentes da linhagem dos reis”. Em um manuscrito bem mais antigo do arcebispo Rábano Mauro, Eucharia é descrita mais detalhadamente como descendente da Casa Real de Israel, que não era a Casa Davídica da Judéia, mas da sacerdotal Casa Hasmoneana dos Macabeus, que reinaram em Jerusalém de 166 a.C. até a ocupação romana de 63 a.C. sob o general Pompeu”.








Maria (conhecida como Maria de Tiago ou, mais popularmente, Maria Jacó) acompanhou Maria Madalena à Gália no ano 44, como o detalhado em “Os Atos de Madalena” e no antigo manuscrito “História da Inglaterra” nos arquivos do Vaticano. Santa Maria Jacó foi uma sacerdotisa nazarena, que ficou mais conhecida na Europa como Maria, a Egípcia. Na Inglaterra, seu culto era difundido na época medieval; é retratada como uma sereia ao lado de Maria Madalena em uma janela na Igreja de Santa Maria, em Paris.



Mais adiante relata: “São Bernardo e seus Cistercienses fizeram bom uso da restabelecida Academia Judaica em Gellone ao compilar suas traduções dos antigos manuscritos de Jerusalém, após o Concílio de Troyes. Porém isso causou grande preocupação entre os bispos católicos, que não podiam descobrir nada do que estava acontecendo. Eles sabiam que Gellone fora, por muito tempo, uma base cultural de Maria Madalena e que os Templários faziam seu juramento a Betânia e à Madalena. Além disso, a catedral de Notre Dame era originalmente dedicada a ela, como “Nossa Dama”. Além disso ao sul de Gellone, perto de Narbonne, estava Rennes-le-Château, onde a igreja fora consagrada à Maria Madalena em 1059. Essa Região (oeste e noroeste de Marselha, no Golfe du Lion) era conhecida então como Languedoc – nome derivado do dialeto daquele povo: a “langue d´oc”.

Os bispos estavam convencidos de que, qualquer que fosse a natureza do tesouro secreto dos Templários, ela residia em alguma parte do Languedoc ao sul da França e, assim, em 1209, o papa Inocêncio III decidiu enviar suas tropas. Um exército papal de cerca de 30 mil soldados entrou na região, sob o comando de Simão de Montfort. Eram enganosamente adornados com a cruz dos Cruzados da Terra Santa, mas seu propósito era absolutamente diferente. Haviam sido mandados para exterminar a herética seita Cátara (Os Puros); o papa e o rei Felipe II da França desconfiavam que eles guardavam o misterioso tesouro e estavam conluiados com os Cavaleiros Templários contra a Igreja de Roma”.

Em alusão ao centro de Languedoc, Albi, a campanha foi chamada da Cruzada Albigense – ao menos é o que se diz. Porém, o nome tem uma implicação muito mais importante. “Albi” era, na verdade, uma variante da antiga palavra provençal “yilbi” (uma elfa); os catáros referiam-se à sucessão messiânica de Maria Madalena (o “Sangréal”: Santo Graal) como os “Albi-gens”: a linhagem dos elfos. De todos os cultos religiosos que prosperaram no período medieval, o catarismo era o menos ameaçador (oportunamente falaremos sobre a fortaleza de Montségur, um dos últimos baluartes dos catáros).

Não são poucas as evidências sobre o referido assunto, em Vézelay ficava a grande Basílica de Santa Maria Madalena, e São Bernardo de Clairvaux, patrono dos Cavaleiros Templários do século XII, estava bem ciente dessa associação simbólica entre Salomão e Jesus, Abishag e Madalena. Por isso, ele exigia a obediência da Ordem ao castelo de Maria e Marta. A catedral de Notre Dame dos Templários da França fora originalmente consagrada a Maria Madalena, a Senhora da Luz, a catedral de Notre Dame de Chartes, descreve a unção de Betânia em seus magníficos vitrais de Madalena, concluindo encontramos no Sermão 57 do seu Sermão dos Cânticos, Bernard menciona Maria Madalena como “Noiva de Cristo”.

Sobre esse tema historiadores já escreveram centenas de livros a respeito, no entanto o silêncio continua pairando sobre o Vaticano, nem um raio de luz emana dos segredos que a sua biblioteca contém sobre o assunto.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

As Indulgências





O que são indulgências e como se alcançam? Quais atos que conferem indulgências?
Pontos essenciais sobre a doutrina das Indulgências extraídos do "Manual das Indulgências".






*PONTOS ESSENCIAIS SOBRE A DOUTRINA DAS INDULGÊNCIAS EXTRAÍDOS DO 'MANUAL DAS INDULGÊNCIAS', EDITADO PELA
PENITENCIARIA APOSTÓLICA EM 29 DE JUNHO DE 1968.

(Edições Paulinas, São Paulo, 1990)
(OBS.: A numeração do presente resumo não segue a do original. Para um estudo mais aprofundado recomenda-se adquirir o próprio Manual, encontrável em livrarias católicas.)

1 - Indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja, a qual, como dispensadora da redenção, distribui e aplica, com autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos.

2 - A indulgência é parcial ou plenária, conforme liberta, em parte ou no todo, da pena temporal devida pelos pecados.

3 - Ninguém pode lucrar indulgências a favor de outras pessoas vivas.

4 - Qualquer fiel pode lucrar indulgências parciais ou plenárias para si mesmo ou aplicá-las aos defuntos como sufrágio.

5 - O fiel que, ao menos com o coração contrito, faz uma obra enriquecida de indulgência parcial, com o auxílio da Igreja, alcança o perdão da pena temporal, em valor correspondente ao que ele próprio já ganha com sua ação.

6 - O fiel cristão que usa objetos de piedade (crucifixo ou cruz, rosário, escapulário, medalha) devidamente abençoados por qualquer sacerdote ou diácono, ganha indulgência parcial. Se os mesmos objetos forem bentos pelo Sumo Pontífice ou por qualquer Bispo, o fiel, ao usá-los com piedade, pode alcançar até a indulgência plenária na solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, se acrescentar alguma fórmula legitima de profissão de fé.

7 - Parágrafo 1. Para que alguém seja capaz de lucrar indulgências, deve ser batizado, não estar excomungado e encontrar-se em estado de graça, pelo menos no fim das obras prescritas.
Parágrafo 2. O fiel deve também TER INTENÇÃO, AO MENOS GERAL, DE GANHAR A INDULGÊNCIA e cumprir as ações prescritas, no tempo determinado e no modo devido, segundo o teor da concessão.

8 - Parágrafo 1. A indulgência plenária só se pode ganhar uma vez ao dia.
Parágrafo 2. Contudo, o fiel em artigo de morte pode ganhá-la, mesmo que já a tenha conseguido nesse dia.
Parágrafo 5. A indulgência parcial pode ganhar-se mais vezes ao dia, se expressamente não se determinar o contrário.

9 - Parágrafo 1. A obra prescrita para alcançar a indulgência plenária anexa à igreja ou oratório, é a visita aos mesmos: neles se recitam a oração dominical e o símbolo aos apóstolos (Pai-nosso e Credo), a não ser caso especial em que se marque outra coisa.

10 - Parágrafo 1. Para lucrar a indulgência plenária, além da repulsa de todo o afeto a qualquer pecado até venial, requerem-se a execução da obra enriquecida da indulgência e o cumprimento das três condições seguintes: confissão sacramental, comunhão eucarística, e oração nas intenções do Sumo Pontífice.(Veja obs no final)

Parágrafo 2. Com uma só confissão podem ganhar-se várias indulgências, mas com uma só comunhão e uma só oração alcança-se uma só indulgência plenária.

Parágrafo 3. As três condições podem cumprir-se em vários dias, antes ou depois da execução da obra prescrita; convém, contudo, que tal comunhão e tal oração se pratiquem no próprio dia da obra prescrita.

Parágrafo 4. Se falta a devida disposição ou se a obra prescrita e as três condições não se cumprem, a indulgência será só parcial, salvo o que se prescreve nos nn. 27 e 28 em favor dos 'impedidos'.

Parágrafo 5. A condição de se rezar nas intenções do Sumo Pontífice se cumpre ao se recitar nessas intenções um Pai-nosso e uma Ave-Maria, mas podem os fiéis acrescentar outras orações conforme sua piedade e devoção.

11 - Concede-se indulgência parcial ao fiel que, no cumprimento de seus deveres e na tolerância das aflições da vida, ergue o espírito a Deus com humilde confiança, acrescentando alguma piedosa invocação, mesmo só em pensamento.

CONCESSÕES
(OBS: Aqui só constam algumas das concessões contidas no manual.)

INDULGÊNCIA PARCIAL
- Atos de Fé, Esperança e Caridade.
- 'Nós vos damos graças, Senhor, por todos os vossos benefícios. Vós que viveis e reinais pelos séculos dos séculos. Amém.
- Santo Anjo (oração ao Anjo da Guarda)
- Angelus, Regina Caeli.
- Alma de Cristo.
- Comunhão Espiritual.
- Creio
- Ladainhas aprovadas pela autoridade competente. Sobressaem-se as seguintes: Santíssimo Nome de Jesus, Sagrado Coração de Jesus, da Santíssima Virgem Maria, de São José e de Todos os Santos.
- Magnificat.
- Lembrai-vos
- Miserere (Tende piedade)
- Ofícios breves: Ofícios breves da Paixão de NSJC, Sagrado Coração de Jesus, da Santíssima Virgem Maria, da Imaculada Conceição e de São José.
- Oração mental.
- Salve Rainha.
- Sinal da Cruz.
- Veni Creator.
- Renovação das promessas do batismo.

INDULGÊNCIAS PLENÁRIAS
(OBS.: Como acima, aqui só constam algumas das indulgências do manual).

- Indulgência plenária - Concede-se indulgência parcial ao fiel que visitar o Santíssimo Sacramento para adorá-Lo, se o fizer por meia hora ao menos, a indulgência será plenária.
- Visita ao cemitério - Ao fiel que visitar devotamente um cemitério e rezar, mesmo em espírito, pelos defuntos, concede-se indulgência aplicável somente às almas do purgatório. Esta indulgência será plenária, cada dia, de 1 a 8 de novembro; nos outros dias será parcial.
- Exercícios espirituais - Concede-se indulgência plenária ao fiel que faz os exercícios espirituais ao menos por três dias.
- Indulgência na hora da morte - O sacerdote que administra os sacramentos ao fiel em perigo de vida não deixe de lhe comunicar a bênção apostólica com a indulgência plenária. Se não houver sacerdote, a Igreja mãe compassiva, concede benignamente a mesma indulgência ao cristão bem disposto para ganhá-la na hora da morte, se durante a vida habitualmente tiver recitado para isso algumas orações. Para alcançar esta indulgência plenária louvavelmente se rezam tais orações fazendo uso de um crucifixo ou de uma simples cruz.

A condição de ele habitualmente ter recitado algumas orações supre as três condições requeridas para ganhar a indulgência plenária. A mesma indulgência plenária em artigo de morte, pode ganhá-la o fiel que no mesmo dia já tenha ganho outra indulgência plenária. (Esta concessão vem assinalada na const. apost. Indulgentiarum Doctrina, norma 18)

- Primeira Comunhão - Concede-se indulgência plenária aos fiéis que se aproximarem pela primeira vez da sagrada comunhão, ou que assistam a outros que se aproximam.
- Reza do Rosário de Nossa Senhora - Indulgência plenária, se o Rosário se recitar na igreja ou oratório público ou em família, na comunidade religiosa ou em pia associação; parcial, em outras circunstâncias.

(O Rosário é uma fórmula de oração em que distinguimos quinze dezenas de saudações angélicas [Ave-Marias], separadas pela oração dominical [Pai-nosso] e em cada uma recordamos em piedosa meditação os mistérios da nossa Redenção). Chama-se também a terça parte dessa oração o Terço. Para a indulgência plenária determina-se o seguinte:

1 - Basta a reza da terça parte do Rosário, mas as cinco dezenas devem-se recitar juntas.

2 - Piedosa meditação deve acompanhar a oração vocal.

3 - Na recitação publica, devem-se anunciar os mistérios, conforme o costume aprovado do lugar; na recitação privada, basta que o fiel ajunte a meditação dos mistérios à oração vocal.

- Leitura espiritual da Sagrada Escritura - Concede-se indulgência parcial ao fiel que ler a Sagrada Escritura com a veneração devida à palavra divina, e a modo de leitura espiritual. A indulgência será plenária, se o fizer pelo espaço de meia hora pelo menos.

- Visita à igreja ou altar no dia da dedicação e aí piedosamente rezar o Pai-nosso e o Credo.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Relíquias

Uma relíquia é um objeto preservado para efeitos de veneração no âmbito de uma religião, sendo normalmente uma peça associada a uma história religiosa. Podem ser objetos pessoais ou partes do corpo de um Santo. O culto das relíquias atingiu seu apogeu no catolicismo. As relíquias são usualmente guardadas em receptáculos próprios chamados relicários.
Histórico: O primeiro exemplo do culto de uma relíquia por crentes cristãos surge em 156 em Smyrna (atual Esmirna na Turquia), a propósito do martírio de São Policarpo relatado, por exemplo, nas obras de Eusébio de Cesaréia. Depois de ter sido queimado na fogueira, os discípulos do mártir recuperaram os ossos calcinados do seu mestre e acolheram-os com objetos sagrados. Mais tarde diversos milagres foram atribuídos a esta relíquia e a busca por objetos semelhantes tornou-se cada vez mais popular, conduzindo, por exemplo, à descoberta da Cruz da Crucificação de Jesus Cristo em cerca de 318 d.C.
As relíquias e o culto aos Santos sempre ocuparam lugar de destaque na Igreja Católica desde seus primórdios. Estes costumes foram acentuados no século XVI quando houve o grande cisma em que o monge Martinho Lutero da Igreja Alemã colocou em dúvida a venda das indulgências.
As relíquias eram usadas nas Igrejas nas cerimônias após a Missa do dia do Santo.
Ex: São Sebastião - 20 de janeiro, Santa Rita - 22 de maio, Santa Cecília - 22 de novembro. Os fiéis em fila beijavam respeitosamente a relíquia que era apresentada pelos padres que oficializavam a cerimônia.