quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O ENCONTRO CONSIGO MESMO





O encontro consigo mesmo

Dr. José Carlos Lambert S. - Psicólogo



A "saída" do homem para o encontro consigo mesmo não é saída, mas entrada. È um avanço para dentro de si mesmo, até suas últimas profundidades. É necessário tocar o fundo de si mesmo e só então "atingiremos" aquele que é mais interior que minha própria intimidade.
Essa " descida" para o território da intimidade é condição indispensável para tal encontro,senão, vamos ficar nadando em um mar de dúvidas, sem estabelecer contato com o nosso eu.
O homem tem que desligar-se não do mundo exterior, o que é muito fácil, mas desse outro mundo interior turbulento, das dificuldades quase invencíveis que suportamos durante muito tempo.
Defrontamo-nos aqui com o problema dos problemas em matéria do encontro : a dispersão interior. Esse é o verdadeiro "Rubicão". Se conseguirmos passá-lo com êxito, já estaremos dentro do recinto do encontro.
Mas, em que consiste a dispersão interior?
Chegamos a uma fase da vida trazendo uma enorme carga de esperanças e desconsolos. Sentimo-nos intimamente avassalados por tanto peso. As preocupações nos dominam. As ansiedades nos desassossegam. As frustrações nos amarguram. Temos em nossa frente projetos ambiciosos que perturbam a quietude. Guardamos sentimentos e ressentimentos vivamente fixados na alma. Pois bem, essa enorme carga vital acaba lentamente por quebrar e desintegrar a unidade interior do homem.
Vamos para o encontro com um verdadeiro "manicômio" na cabeça. Ficamos afogados no meio de um ruido infernal de preocupações, ansiedades, recordações e projetos. O homem deve ser unidade, já que o encontro é a convergência de duas unidades. Mas nesse momento eu me "percebo" como um amontoado de "pedaços" de mim mesmo que me puxam para todos os lados : lembranças daqui, medos de lá, desejos deste lado, planos do outro. No total, sou um ser interior dividido e por conseguinte, dominado e vencido, incapaz de ser senhor de mim mesmo. Além disso, o homem é uma rede complexíssima de motivações, impulsos, instintos que penetram suas raízes no subconsciente irracional. O consciente é uma luzinha no meio de uma enorme escuridão, uma ilhota no meio do oceano.
N complexidade de seu mundo, o homem ( como consciência livre) sente-se batido, peneirado, ameaçado por um exército de motivos e impulsos afetivos que procedem de regiões ignotas da pessoa, sem que nunca saibamos por que, como e onde nasceram. O
homem não se "encontra" no tumulto. Para encontrá-lo é indispensável fazer calar a "gritaria" e conseguir o silêncio interior.

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