quinta-feira, 28 de outubro de 2010
O Mistério da Páscoa e a sua celebração
1. A centralidade da Páscoa
A atenção voltada de novo para o Mistério Pascal, fruto, em grande parte, de movimento litúrgico, levou à redescoberta da liturgia da Páscoa, sepultada, desde a Idade Média, debaixo de um amontoado de ritos secundários que encobriam o principal, e à revisão do calendário e dos horários dos dias do Tríduo sagrado com que, desde e início, os cristãos celebravam os "mistérios máximos da Redenção". Nem foi por acaso que a recente reforma da liturgia começou pelas celebrações da Páscoa.
Bem antes do Concílio Vaticano II, quando ainda nem dele se suspeitava, Pio XII que, já na década de 40, ordenara o estudo histórico da liturgia pascal, promulgou, inesperadamente, em 1951, a Vigília Pascal restaurada. Foi o primeiro passo. Começara-se pelo núcleo central, pelo coração da liturgia da Páscoa. Começava a sentir-se que era verdade o que o mesmo papa havia de dizer, anos mais tarde, em 1956, que o "movimento litúrgico apareceu como um sinal das disposições providenciais de Deus sobre o tempo presente, como uma passagem do Espírito Santo na Igreja"[1].A experiência desta primeira reforma na liturgia levou, em 1952, a nova revisão da Vigília que esteve em uso durante mais de três anos, até que, em 1955, toda a Semana Santa beneficiou de uma reforma profunda[2]. Aliviaram-se as estruturas litúrgicas de elementos adventícios que as sobrecarregavam sem vantagem, punham-se em relevo os elementos principais, redefiniu-se o Tríduo Pascal e, coisa particularmente significativa, reconduziram-se as celebrações dos três dias da Páscoa às horas verdadeiras, sobretudo a Noite Santa, que assim voltava, de novo, a ser verdadeiramente uma Vigília. Oito anos depois, o Concílio declarava que "era desejo da Santa Igreja fazer uma reforma geral da liturgia"[3]. Tinha-se começado pelo coração do ano litúrgico e pelo coração do mistério da liturgia; agora todos os sectores da vida litúrgica iam beneficiar dessa reforma. O Concílio nascia assim em ressurreição pascal, fruto do tal novo sopro do Espírito na face da Igreja.
Mas não foi só em relação ao Tríduo Pascal e a toda a Semana Santa que as reformas litúrgicas anteriores ou posteriores ao Concílio vieram pôr em evidência o Mistério Pascal de Cristo; em toda a Constituição sobre a Liturgia e mesmo nos outros documentos conciliares é o Mistério de Cristo o centro donde tudo o mais irradia e recebe o impulso vital. Reencontramo-nos assim facilmente com o ambiente dos próprios textos evangélicos, as exposições cristológicas de S. Paulo, a doutrina e a celebração litúrgica das origens cristãs e das comunidades do tempo dos antigos Padres da Igreja do Oriente e do Ocidente.
A solenidade da Páscoa volta a ser na vida e na consciência da comunidade cristã, depois do Dia do Senhor em cada domingo, a solenidade máxima do ano cristão, a Solenidade das Solenidades. Ela o é em princípio e é preciso que o seja de facto, como a Sé Apostólica o recordou num documento que procurava evitar que esmorecesse com o tempo o entusiasmo dos primeiros anos da restauração da celebração anual da Páscoa. [4] A centralidade do Mistério Pascal exige a centralidade da sua celebração e da catequese que a há-de acompanhar.
2. O Mistério da Páscoa
O Mistério Pascal e a sua celebração foi já objecto de três Encontros Nacionais de Liturgia em Fátima nos anos de 1982, 1983 e 1984 e os trabalhos aí realizados foram publicados em três fascículos do Boletim de Pastoral Litúrgica[5].No entanto, a celebração anual da Páscoa obriga a olhar sempre, como se fosse a primeira vez, para o seu mistério, para a realidade divina que se encerra e se nos oferece no acontecimento pascal.
Páscoa começa por ser o nome de uma festa judaica[6],que, em cada ano, celebra o acontecimento fundamental da história do povo de Deus do Antigo Testamento: a sua libertação do Egipto, onde os hebreus viviam como emigrantes reduzidos à escravidão, e a sua passagem para a Terra prometida por Deus, desde longa data, a Abraão e à sua descendência.
Páscoa chamou-se também ao cordeiro pascal, como no texto de S. Paulo: "Cristo, nossa Páscoa, foi imolado"[7]; na verdade, o Sangue de Cristo é o penhor da libertação para todos os homens, como o sangue do cordeiro o tinha sido para os hebreus aquando da saída do Egipto. De facto, a oblação, até ao sangue, de Cristo na cruz realiza a passagem libertadora do pecado e da morte para a vida em Deus, como se lê no Evangelho de S. João, logo no início dos capítulos que consagrou à Paixão do Senhor: "Sabendo Jesus que era chegada a hora de passar deste mundo para o Pai..."[8]. Daí que Páscoa tenha vindo a significar, em última análise, no sentido real, passagem, qualquer que tenha sido na origem o seu sentido etimológico, aliás difícil de precisar.
É, de facto, esta passagem, em primeiro lugar de Jesus e depois de todos os homens, deste mundo para o Pai o sentido último da Páscoa cristã. Aqui encontra a sua razão de ser toda a história da salvação; para aqui se encaminha, desde o princípio, a sucessão dos tempos e das gerações; aqui atinge a plenitude e revela a sua significação total a própria Encarnação do Filho de Deus; aqui finalmente encontra a Igreja de Cristo o alicerce da sua fé e a meta da sua esperança.
A Páscoa, o Mistério Pascal, ou ainda por outras palavras, os acontecimentos pascais com a sua significação divina, centra-se na morte de Jesus sobre a Cruz, pela qual Ele passou para o Pai, onde vive na vida nova da Ressurreição. "Jesus de Nazaré, o Crucificado" de Sexta-feira Santa, "não está aqui, ressuscitou", disse o Anjo às mulheres que procuravam o seu corpo no túmulo (Mc 16, 6). Tomando a condição humana na Encarnação, o Filho de Deus tomou sobre Si o pecado da humanidade; mas oferecendo-Se ao Pai sobre a Cruz por todos os homens, Ele tira o pecado do mundo e, "destruindo assim a morte, manifestou a vitória da ressurreição"[9], para dela tornar participantes todos os homens. Para isto Ele veio ao mundo, para levar em Si e consigo os homens ao Pai. "Saí do Pai e vim ao mundo; de novo deixo o mundo e volto para o Pai", disse Jesus (Jo 16, 28), mas volta levando agora em Si o homem cuja condição assumiu (Cf. Fil 2, 6-11).
Mistério inaudito, este da passagem pascal do homem para o Pai pela oblação do Cordeiro Pascal. É este mistério que, desde o princípio, foi o centro da liturgia cristã; aí a Igreja o recorda, aí o celebra, aí ela se torna participante, já desde a terra, da vida do Ressuscitado, antegozo da comunhão com o Pai na glória celeste.
3. A Celebração da Páscoa
A Páscoa não é celebrada apenas no Domingo da Ressurreição, mas no Tríduo Pascal, que se inaugura com a celebração da Missa da Ceia do Senhor, ao entardecer de Quinta-feira Santa, e se conclui com a Hora de Vésperas do Domingo da Ressurreição. Não se trata propriamente de um conjunto de celebrações. O Tríduo Pascal tem um ritmo e uma unidade interna indestrutível. A sua celebração principal, e na origem a única, é a Vigília na Noite Santa. Aí se celebra todo o Mistério Pascal, o mistério da passagem da morte à vida, da terra ao céu, deste mundo para o Pai[10]. A liturgia da Palavra desta Vigília faz memória da história da salvação desde "o princípio em que Deus criou o céu e a terra"[11] até à Ressurreição do Crucificado[12]: do paraíso primeiro onde o primeiro homem pecou e foi condenado a morrer até ao jardim de José de Arimateia, onde o túmulo vazio é sinal da morte vencida, e onde o Ressuscitado Se manifesta, vivo, na glória do Pai.
Na celebração da Vigília, o mistério que a Palavra anuncia, os sacramentos logo o realizam. O Baptismo, imitando, na passagem pela água, a morte e a sepultura com Cristo, torna os baptizados realmente participantes na passagem pascal do Senhor; a Confirmação, que, em princípio, se segue ao Baptismo dos adultos, comunica o Espírito Santo, dom pascal por excelência, fruto da Páscoa de Jesus; a Eucaristia, memorial máximo da Páscoa do Senhor Jesus, ao mesmo tempo que é memória do acontecimento passado, é presença sacramental do mesmo na assembleia da Igreja e anúncio da comunhão eterna na glória futura. A Páscoa, já afirmava S. Agostinho, celebra-se de modo sacramental, in mystério.
A Sexta-feira e o Sábado Santo, os dois primeiros dias do Tríduo Pascal, são dias alitúrgicos, como lhes chamavam os Antigos, isto é, dias sem celebração eucarística. São os dias do jejum pascal referido na Constituição conciliar sobre a Liturgia, os dias em que o Esposo foi tirado, como Jesus tinha anunciado (Mt 9, 15), "dias de amargura", no dizer de S. Ambrósio, nos quais todo o Corpo da Igreja comunga directamente, e como que fisicamente, na dor e na morte da sua Cabeça, Cristo crucificado, morto e sepultado. As celebrações destes dois dias são apenas Liturgias da Palavra, na celebração, aliás magnífica, da Paixão do Senhor na tarde de Sexta-feira Santa e na Liturgia das Horas, nesse dia e no Sábado Santo. Não são dias vazios, pelo facto de neles não se celebrar a Eucaristia; são antes dois dias do grande silêncio, da grande paz, da profunda comunhão do espírito e do coração com o Homem-Deus, em que se manifesta a situação trágica do pecado dos homens, ao mesmo tempo que o poder e a força do amor, que leva o Pai a entregar o Filho à morte por nós, e o Filho a oferecer a sua vida ao Pai pelos seus irmãos.
Cristo é o grão de trigo semeado na terra; se este não morrer, ficará infrutífero, mas se morrer, dará muito fruto (Cf. Jo 12, 24). O Sábado Santo em particular faz sentir toda a pujança desta sementeira divina.
Como no fim da primeira criação Deus descansou de toda a obra que realizara (Cf. Gen 2, 2), assim agora também Jesus descansa sob a terra da obra desta nova criação. E "a Igreja, no Sábado Santo, permanece junto do sepulcro do Senhor, meditando na sua paixão e morte, até ao momento em que, depois da solene Vigília ou expectação nocturna da ressurreição, se der lugar à alegria pascal, cuja riqueza se prolongará por cinquenta dias". É tudo o que o Missal Romano diz no Sábado Santo[13].
A Missa da Ceia do Senhor na Quinta-feira anterior é o momento de celebrar a instituição dos "sagrados mistérios", a Eucaristia, que o Senhor, antes de sofrer a paixão, entregou aos seus discípulos para que eles os celebrassem[14] como memorial, sempre repetível, da sua Páscoa. Esta celebração é como que a abertura de todo o Tríduo Pascal.
Já no princípio da semana, no Domingo da Paixão ou de Ramos, a procissão que acompanhou o Senhor até Jerusalém, onde vai sofrer a paixão, proclamava a vitória e o triunfo da Páscoa do Senhor, que da morte fez surgir a vida, para salvação dos homens, para glória de Deus Pai.
4. O Tempo de Páscoa
A celebração da Páscoa engloba a morte e a ressurreição do Senhor, melhor ainda, a morte que é passagem para a ressurreição. Não admira, por isso, que, no início sobretudo, a palavra Páscoa se pudesse ter dito tanto da morte como da ressurreição.
Assim, tempo houve em que o que hoje chamamos Semana Santa foi chamado semana da Páscoa, a semana em que "Cristo, nossa Páscoa, foi imolado". Hoje damos o nome de Tempo da Páscoa ou Tempo Pascal (é este precisamente o nome oficial) aos cinquenta dias que vão do Domingo da Ressurreição (na origem, da Eucaristia da Vigília) até ao Domingo do Pentecostes. Mas foi todo este espaço de cinquenta dias que recebeu, no início, a designação de Pentecostes, ou Cinquentena, como a palavra significa, a Cinquentena da alegria pascal, laetissimum spatium. Este espaço de alegria é, na realidade, uma grande oitava de domingos, envolvendo sete semanas e terminando, de novo, com o domingo, tal como cada semana começa com o Dia do Senhor e vai, de novo, encontrá-lo no oitavo dia. Mas o Calendário Romano vai mais longe e diz que "os cinquenta dias que vão do domingo da Ressurreição ao domingo de Pentecostes se celebram na alegria e no júbilo como um único dia de festa, mais ainda como "um grande domingo", citando nesta última expressão uma palavra de S. Atanásio.
O Tempo Pascal nasce da Vigília; aí se faz a passagem do luto à alegria, do jejum ao banquete, da tristeza à festa, da morte à vida. Tempo de alegria, de acção de graças, de aprofundamento do sentido do mistério cristão e da vida em Cristo, do mistério da Igreja e consequentemente do mistério da comunidade dos cristãos, o Tempo Pascal é o tempo espiritual, por excelência, do ano litúrgico. É o tempo em que o Ressuscitado dá o Espírito: "Recebei o Espírito Santo"[15], e que se conclui precisamente com a efusão do Espírito Santo sobre os discípulos, que, uma vez "cheios do Espírito Santo", aparecem no mundo como a "Igreja de Deus" da "Nova Aliança"[16]. Cristo ressuscitado, "Primogénito de entre os mortos", é, por isso mesmo, "Cabeça do Corpo da Igreja" (Col 1, 12ss). De facto, na Páscoa "unem-se o céu e a terra, o divino e o humano"[17].
O Tempo Pascal precisa de ser redescoberto. A reforma litúrgica não parece ter levado às últimas consequências o que, nos princípios, dele afirmou! Mas recuperou a sua unidade e o ritmo dos seus oito domingos, todos eles agora claramente chamados Domingos da Páscoa.
5. A Vida Pascal
A vida cristã é uma vida pascal, porque vida dos que foram sepultados com Cristo, no Baptismo, para viverem, com Ele, uma vida nova, como se exprime o presidente da assembleia, na Vigília, antes da renovação das promessas do Baptismo. Esta vida nova é a vida de Cristo ressuscitado, a vida d' Aquele que, por ter oferecido a vida até Se entregar à morte, vive agora na glória do Pai, exaltado com o nome divino de Senhor (Fil 2, 11). Vida com Cristo em Deus, é ainda, sobre a Terra, uma vida escondida, vivida na fé e na esperança, vivificada pelo Espírito, que é Amor. Vida nova, porque vida do homem novo, que é o Senhor ressuscitado, ela anima toda a existência cristã e exprime-se em tudo o que é vitória sobre o pecado e a morte. Esta novidade de vida em Cristo é uma das notas mais postas em realce nos textos da liturgia do tempo da Páscoa.
Como já foi referido, a Páscoa é celebrada, no dizer de S. Agostinho, como um mistério, de maneira sacramental, não tanto como uma história que se evoca, mas como um mistério tornado presente de maneira sacramental para nele se poder participar. É assim que, na Vigília, ocupa lugar central a celebração dos sacramentos da iniciação cristã: Baptismo, Confirmação e Eucaristia, os sacramentos da vida nova. Por meio desses sacramentos nascem os novos filhos de Deus. Eles são a humanidade nova, que a liturgia saúda como "crianças recém-nascidas", "cordeiros recém-nascidos", "nova prole da Igreja, multidão renovada"[18]. Em cada ano e em todo o mundo, muitos são os que, na noite da Páscoa, nascem como nova geração do povo de Deus.
S. Paulo, partindo da sugestão fornecida pelo pão ázimo próprio da Páscoa judaica, pede aos seus leitores que, purificados do fermento velho, sejam uma nova massa, para celebrarem a festa pascal[19]. E a liturgia pede que, na Páscoa, todos os sinais, dos mais importantes aos mais simples, sejam a partir de elementos novos: a água e os santos óleos para o Baptismo; o pão para a Eucaristia, para que não venha a ser necessário recorrer ao pão consagrado guardado no sacrário desde antes do Tríduo Pascal; a luz que há-de acender o Círio e iluminar a celebração durante a noite de Vigília; a ornamentação do altar, que foi desnudado antes da celebração; e, mais que tudo, "o coração, as vozes e as obras"[20]: seja tudo novo, para que, "renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos para a luz da vida" como pede a colecta do Domingo da Ressurreição.
Anualmente repetida em cada primeiro Domingo que se segue à Lua cheia do equinócio da primavera, a Páscoa surge sempre nova, como sempre nova é a vida imortal do Senhor ressuscitado. E aquela Lua, que enche sempre de claridade a noite santa da Páscoa, continua a ser, em cada ano e desde há tantos séculos, desta solenidade da vida nova a "testemunha fiel no firmamento" (SI 88, 38).
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[1] Pio XII, Discurso aos participantes no I Congresso Internacional de Liturgia de Assis - Roma, Setembro de 1956.
[2] Cf. Ordo Hebdomae sanctae instauratus, 1955.
[3] Concílio Vaticano lI, Constituição sobre a Sagrada Liturgia, n. 21.
[4] Congregação do Culto Divino, aos Presidentes das Conferências Episcopais sobre a celebração da Páscoa.
[5] A Celebração do Mistério Pascal. Tríduo Pascal, in Boletim de Pastoral Litúrgica, nn. 29-31 (1983); A Celebração do Mistério Pascal. Tempo Pascal, in Boletim de Pastoral Litúrgica, nn. 33-36 (1984); A Celebração do Mistério Pascal. Quaresma, in Boletim de Pastoral Litúrgica, nn. 37-40 (1985).
[6] Ex 12 ss.
[7] 2 Cor 5, 7; Leitura da Missa do Dia do Domingo da Ressurreição.
[8] Jo 13, 1; Evangelho da Missa da Ceia do Senhor em Quinta-feira Santa.
[9] Prefácio da Oração Eucarística II.
[10] Neste sentido, é significativo que outrora se tenha lido na Vigília toda a passagem evangélica da Paixão à Ressurreição.
[11] Gen 1, 1; Leitura I da Vigília.
[12] Última leitura da Vigília.
[13] Missal Romano, Sábado Santo.
[14] Missal Romano, Oração Eucarística I, embolismo próprio de Quinta-Feira Santa.
[15] Evangelho da Missa do Domingo da Ressurreição.
[16] Act 2, I ss; Primeira leitura do Domingo de Pentecostes.
[17] Precónio Pascal.
[18] Da Liturgia do Tempo Pascal.
[19] Leitura II da Missa do Domingo da Ressurreição.
[20] Hino da Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo.
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