quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Panorama da Vida de Maria




Panorama de sua vida

A pequena Virgem de Nazaré tem um lugar excepcional no plano de salvação de Deus. Seu destino singular na história da humanidade está anunciado desde as origens e a sua obra prossegue até ao fim dos tempos.



“Jesus Cristo é o centro do cosmos e da história” (João Paulo II Redemptor Hominis 1979, §1).

Maria foi associada a Jesus nas profecias do Antigo Testamento; no momento da “plenitude dos tempos”, o seu “sim” permitiu a Encarnação de Deus feito homem e, em Nazaré, sendo mulher, Maria acompanhou quotidianamente os trinta primeiros anos da vida terrestre de nosso Redentor. Posteriormente, ela acompanhou e viveu todos os eventos da salvação que Jesus trouxe ao mundo. Maria foi sustentáculo da Igreja nascente e assim permanece e permanecerá até ao termo da História.



Contudo, Maria, no projeto de Deus, é a criatura humana escolhida entre todas as outras, por ser aquela, por meio da qual, o plano desta Redenção divina tornar-se-á factível na Criação. Assim, como o conjunto das Escrituras evidencia (nos livros da Antiga Aliança e, posteriormente, nos da Nova Aliança), a Virgem Maria está constantemente presente no pensamento de Deus desde tempos imemoriais e para toda a eternidade:



criatura entre as criaturas, ser humano, porém, concebida sem mácula, Maria é a Virgem fecunda anunciada nas origens, desde a Primeira Aliança, pelos profetas, bem antes da vinda do Messias, para que, em seu seio, fosse realizada a Encarnação do Cordeiro de Deus, o Salvador do mundo;
por meio do seu “Fiat” à vontade Divina, chegado o momento da plenitude dos tempos, ela tornou-se a Esposa Perfeita do Espírito Santo que a cobriu com a Sua sombra: e o Verbo de Deus nela se fez carne;
tendo acompanhado materna e extremosamente o Cristo, desde a infância até os seus trinta anos e, em seguida, de forma espiritual, silenciosa e fiel, ao longo dos três anos de vida pública de Jesus, enquanto pregava a boa nova da Salvação e cumpria Seu ministério de cura pelas estradas da Palestina, Maria viveu na própria carne e acompanhou, mais do que qualquer outra criatura, cada etapa da vida de Cristo na Terra;
Ela é a Mãe que permanecerá aos pés da Cruz, sobre o calvário, onde Jesus, às portas de Sua morte e Ressurreição irá confiar-lhe, na pessoa de João, o discípulo bem-amado, sua maternidade sobre todo o gênero humano; ela é a Primeira Igreja;
Mãe de todos os filhos do Pai, filhos que desejam verdadeiramente se confiar a ela, Maria é a Mãe da Igreja e a acompanha ao longo de Sua peregrinação sobre a Terra;
Ela é Aquela, ainda, que hoje e sempre, pode cantar diante de todos os povos do universo: “Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada”...
“Escondida” sob a sombra da luminosa obra divina...

Em uma só palavra, Maria é a Virgem escolhida desde antes do início do mundo, para ser, ao mesmo tempo, Filha do Pai, Mãe do Filho e Esposa do Espírito Santo e, toda a economia da salvação dos homens em Jesus Cristo, dependeu de um único dia, entre todos os dias de nosso tempo humano, o dia do “sim”oferecido a Deus, por esta jovem virgem galiléia.



Maria, entretanto, aparece raramente em primeiro plano nos textos sagrados; humilde, discreta, doce e amorosa, ela está como que “escondida” sob a sombra da luminosa façanha divina, como a “Mulher revestida de Sol” do Esposo, e ainda, tal como a Lua a refletir a claridade do Astro Divino. E, pouco a pouco, a Igreja, à luz dos aprofundamentos teológicos e da proclamação dos dogmas (1) passa a melhor compreende e a descobrir, com exatidão, o significado e a amplidão do papel Daquela a quem o Pape João Paulo II, no limiar do terceiro milênio, consagrou o mundo inteiro e o seu futuro (2).




(1) o Dogma da Imaculada Conceição, em 1854, e o da Assunção, em 1959, um dos mais recentes

(2) "O Ato de confiança do Jubileu do Ano 2000 "



A vida terrestre da Santa Virgem
A vida terrestre da Santíssima Virgem envolve todos os eventos da Salvação: desde a espera do Salvador até a Sua Ressurreição e Ascensão, Maria esteve presente, como testemunha plenamente privilegiada dos momentos mais importantes da história do mundo.



Mais do que simples testemunha, ela foi a figura central na realização dos dois maiores e mais importantes mistérios: a obra da Encarnação do Filho de Deus, em seu seio, e a obra da Redenção do mundo, com a qual ela cooperou de forma única e privilegiada.



Ela estava no cerne, no âmago da expectativa de Israel e no coração da Igreja nascente, após a realização das promessas, e viveu com seu Filho mais do que todas as criaturas reunidas.



A presença de Maria na vida da Igreja
Tal como enuncia o Abade René Laurentin, "Maria pertence às três fases da história da salvação: a que precede a vinda de Cristo, ao período da sua vida terrestre e à fase posterior a esta vida na Terra".

Presente na alvorada da Igreja nascente

Filha de Sião, vindo a ser a Mãe do Messias Redentor do homem, Maria está presente desde os primeiros passos da Igreja nascente, em torno dos Doze Apóstolos, em Jerusalém, onde vivenciou com eles os acontecimentos da Paixão de Seu Filho, Sua Ressurreição, Sua Ascensão e, finalmente, o Primeiro Pentecostes. Os Doze Apóstolos e os primeiros discípulos começaram a se reunir no Cenáculo e, posteriormente, na casa de um e de outro, sempre em Jerusalém, e Maria rezava com eles e sustentava a sua fé, a esperança e a caridade, como faz uma boa mãe com os seus filhos.

Presente ao longo da história humana secular

Mãe de Deus, tornando-se Mãe universal, entregue ao mundo por seu Filho no Calvário ("Mulher, Eis o teu filho", Jo 19, 26), Maria é, igualmente, Aquela que intercede, que se faz mediadora para os seus filhos, em todas as épocas da Igreja e em todas as latitudes do globo... Por vezes, Maria intervém diretamente na história dos homens para lhe transformar a seqüência (por exemplo, quando da vitoriosa batalha de Viena, em 1683), ou para alertar seus filhos face a um perigo ameaçador, ou ainda para anunciar uma determinada mensagem para o mundo inteiro (cf. as aparições de Lurdes, as de Fátima...).

Presente, sempre mais, como constante modelo da vida da Igreja, até à Parusia

Maria modela seus filhos e não cessa de concebê-los, espiritualmente, até que se realize o Último Advento, quando o Corpo místico de Cristo, que é a Igreja, terá chegado à maturidade. Ela é, para nós, modelo de fé, esperança e caridade.

"Sendo ela a aurora que precede e revela o Sol de justiça, que é Jesus Cristo, Maria deve ser conhecida e compreendida a fim de que Jesus Cristo o seja também", afirma São Luís Maria Grignion de Monfort, que enuncia: quanto mais nos aproximamos do fim dos tempos, mais visível se torna a presença de Maria na Igreja. É assim que se explica a multiplicação das aparições marianas nestes últimos dois séculos...




A coroação de Maria

Ela, que na altura da Anunciação se definiu "serva do Senhor", permaneceu fiel ao que este nome exprime durante toda a vida terrena, confirmando desse modo ser uma verdadeira "discípula" de Cristo, que teve ocasião de acentuar fortemente o carácter de serviço da sua missão: o Filho do homem "não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate de muitos" (Mt 20, 28). Por isso, Maria tornou-se a primeira entre aqueles que, "servindo a Cristo também nos outros, conduzem os seus irmãos, com humildade e paciência, àquele Rei, servir ao qual é reinar"; e alcançou plenamente aquele "estado de liberdade real" que é proprio dos discípulos de Cristo: servir quer dizer reinar!



"Cristo, tendo-se feito obediente até à morte, foi por isso mesmo exaltado pelo Pai (cf. Flp 2, 8-9) e entrou na glória do seu Reino; a ele estão submetidas todas as coisas, até que ele se sujeite a si mesmo e consigo todas as criaturas ao Pai, a fim de que Deus seja tudo em todos (cf. 1 Cor 15, 27-28)".

Maria, serva do Senhor, tem parte neste Reino do Filho.



A glória de servir não cessa de ser a sua exaltação real: elevada ao céu, não suspende aquele seu serviço salvífico em que se exprime a mediação materna, "até à consumação perpétua de todos os eleitos". 116 Assim, aquela que, aqui na terra, "conservou fielmente a sua união com o Filho até à Cruz", permanece ainda unida a ele, uma vez que "tudo lhe está submetido, até que ele sujeite ao Pai a sua pessoa e todas as criaturas". Mais, com a sua Assunção ao Céu, Maria está como que envolvida por toda a realidade da comunhão dos santos; e a sua própria união com o Filho na glória está toda propendente para a plenitude definitiva do Reino, quando a Deus for tudo em todos".

Também nesta fase a mediação materna de Maria não deixa de estar subordinada àquele que é o único Mediador, até à definitiva actuação "da plenitude dos tempos": "a de em Cristo recapitular todas as coisas" (Ef 1, 10).





João Paulo II, Redemptoris Mater § 41

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