quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Nossos anseios




Nossos Anseios

Dr. José Carlos Lambert S. - Psicólogo


Nada existe na mente que não tenha passado primeiro pelos sentidos. Nossa idéias são o resultado de um processo de indução e dedução. Vejo uma mesa, muitas mesas, e minha mente extrai a idéia universal de mesa. Depois aplico essa idéia e por ela identifico e reconheço todas as mesas do mundo.
Esse mesmo processo é utilizado para as idéias de duro ou mole, frio ou quente, vermelho ou branco. Todas as idéias passam primeiro pelos sentidos e pela imaginação.Justamente aí está a nossa "desgraça": muitos de nossos anseios não podem passar por nenhum desses sentidos. Então podemos dizer que estamos na mesma situação que um cego de nascimento que quisesse compreender como é a cor vermelha. Procuraríamos faz~e-lo compreender recorrendo a outras referências ou aproximações, dizendo por exemplo que o vermelho é parecido com o azul; mas ele não "conhece" nem azul nem cor nenhuma : quanto as cores, para ele é tudo noite.Então o cego procurará compreender a cor por outras aproximações que ele conhece, como o duro, o quente; e depois que já pensasse ter "entendido" a cor vermelha, através de "suas" aproximações, precisaria dizer-lhe: Pois é, a cor vermelha não é nada do que você está pensando, é outra coisa absolutamente diferente.
É essa, exatamente, a nossa situação a respeito de muitos de nossos anseios. Como não entram por nenhum de nossos sentidos, não temos nenhuma referência que nos "aproxime" deles. Para nos aproximarmos, para "conhecê-los" precisamos fazê-lo como que no meio de sombras, tateando através de sinais meio apagados. Estamos de noite a respeito deles, como o cego a respeito das cores.
Que faremos? Para "entendê-los", precisamos ir aplicando outros conceitos; por exemplo, todos nós temos a idéia de pessoa humana.
Para "entender" nossos anseios, transpomos, transferimos e aplicamos o que entendemos por pessoa, e acabamos por chegar a uma conclusão não conclusiva, onde sabemos quem somos, como somos, e que não somos nada do que imaginávamos, nada do que nosso pensamento alcança.

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