quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O Silêncio




O Silêncio



Dr. José Carlos Lambert S. - Psicólogo




Desde toda a eternidade era Silêncio. Mas no seio desse silêncio estava em gestação a comunicação mais estranhada e profunda. Nessa interioridade, como numa órbita circular e fechada, desenvolviam-se as relações interiores: relações mútuas de atração, conhecimento e simpatia.
Não há diálogo mais comunicativo do que aquele que não tem palavras, ou que as palavras foram deslocadas pelo silêncio.
Na medida em que nossa intimidade se eleva e aprofunda suas relações com ela mesma, vão desaparecendo primeiro as palavras exteriores, e depois as palavras interiores.Nunca há comunicação tão densa como no momento em que não se diz nada.
O Universo também foi ao longo de milhares de séculos; não havia abaixo nem acima, não havia limites nem contorno. Tudo era silêncio informe. (Gên 1,2)
Todo artista, cientista ou pensador, precisa desenvolver em seu íntimo um grande silêncio para poder gerar percepções, idéias, intuições.A vida cresce silenciosamente no escuro seio da terra, no silencioso seio da mãe. A primavera é uma imensa explosão, mas uma explosão silenciosa.
Os grandes movimentos da história nasceram no cérebro dos grandes silenciosos; os homens mais profundos e dinâmicos da história foram capazes de sustentar, cara a cara, o combate com o silêncio e a solidão, sem se quebrantar.
Na minha opinião, o "Mal do Século" é o tédio, que se origina na incapacidade do homem em ficar a sós consigo mesmo; o homem da nossa era não suporta a solidão e o silêncio, e para enfrentá-los, lança mão dos vícios, da internet, da televisão, etc...Para "escapar" do silêncio, o homem se lança para a dispersão, distração e "diversão" desenfreada. O efeito disso é a desintegração interior do homem. A desintegração gera a sensação de solidão, desassossego,tristeza e angústia. Esta é a tragédia do homem atual !
Tudo acontece porque a interioridade do homem é atacada e derrubada pela velocidade, o ruído e a excitação; o homem é ao mesmo tempo vítima e carrasco de sí próprio, e acaba por sentir-se inseguro e infeliz.

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