quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Nossa Senhora



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Introdução à Teologia




Jerry Adriano Villanova Chacon[1]

Introdução à Teologia

Neste primeiro momento convém fazermos um diálogo inicial no sentido de nos conhecermos, pois antes de começarmos a estudar a teologia temos que viver a teologia. Isso implica na necessidade de um autoconhecimento do indivíduo que se propõe ao ato de teologar, ou seja, indagar sobre Deus e sua ação no mundo. Quem sou eu? Essa é uma pergunta antiga, mas sempre atual ao ser humano, afinal de contas, um cão não pergunta quem ele é e, menos ainda, cria perspectivas do poderia ser.
Há muito medo por parte de algumas pessoas que começam o estudo da teologia, medo de perder a fé. Esse medo, no entanto, não passa de um ponto a ser eliminado em nossa sala de aula, porque para se fazer teologia é de fundamental importância a fé, nesse sentido o fazer teologia, acima de tudo, brota da própria experiência eclesial.
O estudo da teologia mexe muito com o homem, pois ela é uma ciência que serve de resposta ao anseio humano de buscar uma possibilidade transcendente a sua imanência, ou seja, na teologia o homem encontra também uma resposta existencial. Por conta dessa dimensão existencial podemos dizer que a teologia conhece várias correntes, fases e circunstâncias.

1.1 - A Questão do Medo da Teologia
É comum assistirmos a filmes que em dado momento cria-se uma situação de medo. Como, por exemplo, a cena de um filme na qual onde menos se espera surge um monstro, um assassino. Teço uma pergunta por que a pessoa fica com medo?
Sim, o medo surge de uma ação inesperada como o buraco do metro em São Paulo. Pode-se, portanto, afirmar que temos muito medo daquilo que nos é estranho, novo, diferente, enfim, construímos uma barreira psicológica.
O medo é uma grande barreira que nos impede de “ver-julgar-agir” dentro da realidade dada, o medo nos paralisa. Aprofundando um pouco mais essa reflexão pode afirmar-se que o medo cria um pré-conceito. O que é um conceito?
A palavra conceito encontra muitas definições, mas de modo geral ele é uma representação mental de algo material. Há, por exemplo, milhões de carros no mundo, mas quando falo carro cada um pensa um modelo-conceito específico de carro na cabeça, sendo ele o que representa os demais. Ninguém pensa os milhões de carros.
Agora o pré-conceito é algo formulado antes de um conhecimento aprofundado da coisa, por isso se diz que são preconceituosos aqueles que discriminam os negros, indígenas, nordestinos, por fazer um conceito de que nenhum presta.
A teologia sofre também esse pré-conceito. Faço uma pergunta: quando vocês falaram que estudariam teologia o que tiveram como resposta? Alguns podem ter falado vocês vão perder a fé! Isso é um grande pré-conceito.
Como afirma o teólogo Hermilo Pretto no livro: “A teologia tem algo a dizer a respeito do ser humano?”.
A existência humana não é um jogo de cartas marcadas. Pelo que diz respeito especificamente à ciência humana que denominamos teologia, há que se acrescentar uma ulterior dificuldade: o apriori da fé.[2]
Essa afirmação do teólogo nos coloca alguns dados fundamentais para podermos adentrar nos estudos teológicos o primeiro é de que nossa existência não é um jogo de cartas marcadas, ou seja, não está dada e acabada de maneira padrão, estável e pronta, mas é algo que vai se construindo se articulando, nossa existência é um grande processo, mas esse processo deve ser sentido por nós devemos ser agentes de nossa existência.
O segundo dado é de que a teologia é uma ciência humana. O que é isso? As ciências humanas são aquelas que estão sempre inferindo sobre o mundo, sobre o homem e suas realidades. Parece contraditório a teologia, que quer dizer estudo, tratado sobre Deus, ser uma ciência humana, mas isso se aprofundará mais à frente.
E, por fim, o terceiro ponto e para nós mais central é a questão da fé como base de toda teologia. A palavra apriori quer dizer algo anterior a algo. Por exemplo, quando digo que o giz que tenho nas mãos irá cair se eu o soltar é por conta de uma experiência ou de um conhecimento que eu já tive ou possuo.
Para se fazer, portanto, uma boa teologia é necessário ter, sim, apriori o dado de fé. Com essa reflexão espero ter demonstrado que a visão de que a teologia acaba com a fé é uma inverdade, um erro e, acima de tudo, uma forma de se fechar ao conhecimento.



1.2 - A Teologia e o Homem
A dimensão religiosa em nosso contexto histórico é renegada, não que não se fale em Deus, mas acontece que não se vive mais em Deus para isso há um fator que aumenta essa renegação a ciência que se coloca como a dona da verdade. Digo das ciências exatas, mas não as desmereço.
Pensa-se que somente as ciências exatas podem trazer ao homem um verdadeiro conhecimento e que ela suplantará a dimensão religiosa. Em relação a essa postura das ciências exatas há uma resposta das ciências humanas como a filosofia, teologia, biologia e outras que afirmam que o homem não é um mero ser calculável ou um “jogo de cartas marcadas”. Mas, então, o que é o homem?
Essa é uma pergunta muito antiga talvez uma das primeiras sobre o homem. Sócrates já dizia: “conheça-te a ti mesmo”
Muitas pessoas escreveram sobre isso e fazendo uma síntese disso aponto duas afirmações em relação ao homem. A primeira é a de que o homem é pura razão essa afirmação é defendida por uma ciência mais exata mecânica e nos mostra como máquinas. A segunda é a de que o homem não é apenas razão, mas também emoção essa é defendida pelas ciências humanas.
O homem é o ser que é capaz de ler a mensagem do mundo. Jamais é um analfabeto. É sempre aquele que, na multiplicidade de linguagens, pode ler e interpretar. Viver é ler e interpretar.[3]
Não podemos negar no homem a dimensão que vai além da matéria, isto é, a tão chamada dimensão transcendental.

1.3 - Um Estudo que Requer Reverência
O estudo da teologia requer reverência religiosa (Ex 3,5) tirar as sandálias é o mesmo que se colocar em estado de humildade, essa é uma dimensão que o teólogo deve sempre carregar a humildade do próprio Deus que até lavou os pés dos seus discípulos.
O filósofo e teólogo Kierkegaard[4] elaborou uma parábola que como personagem central se encontrava um palhaço, de fato um palhaço não transmite muita seriedade, mas certa feita ocorreu um grande incêndio e apenas o palhaço havia percebido e correu para avisar os demais que o ignoraram talvez por não crerem ser possível surgir uma verdade de alguém que trabalha o lado sensível das pessoas, então o palhaço era visto de forma hilária, enfim infelizmente a teologia hoje é vista como esse palhaço por muitas correntes de pensamentos, mas como o palhaço anuncia uma grande verdade que é desmerecida.
Por isso para se estudar teologia é necessário o ato reverente do estudante e nesse processo se apresentam dois momentos fundamentais para fazer a teologia o primeiro é o escutar, envolver-se com a angústia dos irmãos e, num segundo momento, colocar-se em reflexão solitária, em oração, enfim, em silêncio.
Fazer teologia é diferente de estudar teologia, pois “a teologia é uma coisa viva, uma coisa que escapa, que se movimenta que avança” [5]. Não podemos cair na tentação das perguntas com respostas pré-fabricadas que simplesmente nos são jogadas. Deve haver verdadeiramente um indagar de perguntas teológicas. “A teologia prefere dispor-se, de maneira, gratuita, a ser companheira de viagem da solidão do homem moderno” [6].

2 - Conceito e Natureza da Teologia
Ao dar início em um curso de teologia é muito importante deixar clara a dimensão do fazer teologia, por isso a aula de teologia deve levar o aluno a fazer teologia. Conforme Libanio e Afonso Murad, em seu Livro: “Introdução à Teologia”, o “aprendiz de teólogo” deve lograr como objetivo o viver a teologia, celebrá-la, rezá-la.
Nesse sentido o curso de teologia conhece algumas funções fundamentais e que serão abordadas neste momento.
Antes, porém, de adentrar nas funções é de caráter justo e ético esclarecer que as idéias centrais desta apostila são extraídas do livro: “Introdução à Teologia”, mas para uma maior possibilidade de divulgar as idéias do livro realizo este resumo.
Aprender teologia, fazer teologia, aprender a fazer teologia e viver celebrativa e orantemente a teologia. São essas as dimensões que devem perpassar qualquer atividade teológica, pois não nos colocam em uma atitude mecânica e sem vida.
O estudo da teologia deve estimular o aluno a entrar na própria teologia de modo que aprendendo a fazer teologia possa fazer alguns “vôos teológicos próprios e principalmente vivendo-a a partir de sua fé e oração”.

2.1 - Aprender teologia – essa função possui um caráter mais passivo no sentido de se ter na teologia uma dinâmica mais voltada para a apropriação de conteúdos teológicos já elaborados e que são comunicados em aula e leituras.
Olhando por esse viés pode-se dizer que é uma teologia feita e acabada onde o aluno exerce uma dinâmica mais memorativa dos conteúdos. Essa função era muito valorizada no período da Escolástica antes do Concílio Vaticano II. “A teologia ilumina a inteligência, povoa-a de conhecimentos importantes para a vida do aluno”. [7]

2.2 - Fazer teologia – o fazer teologia se dá de duas maneiras ou de duas formas no plano do “discurso religioso” e no plano do “espontâneo”. À medida que o cristão da razão, a sua fé a si mesmo e aos outros ele, mesmo não percebendo, está envolvido com a tarefa de fazer teologia, pois no momento que há uma reflexão, sobre a fé surge essa teologia espontânea, popular.
A teologia técnica ou discurso religioso, por outro lado, se dá a partir do momento em que a pessoa que possui uma fé, ou seja, quem crê elabora sua reflexão com base nas regras do discurso teológico.
Essas duas formas de se fazer teologia são logradas na própria vida, pois a vida oferece muitos lugares para isso. “Faz-se teologia ao produzir-se novas formas de expressão de revelação da tradição viva da Igreja”.[8]
O que gera toda essa dinâmica? É o confronto com a realidade, com a existência nesse embate surgem questões dentro de um processo interminável. Temos a pastoral como melhor forma de fazer teologia.

2.3 - Aprender a fazer teologia – essa etapa é muito comum em diversas atividades de nossa vida, por exemplo, para se fazer uma lasanha antes é necessário aprende a fazer, ou seja, deve haver uma observação de como se faz uma lasanha por meio de uma pessoa que a saiba fazer – cozinheiro (a).
Na teologia se dá o mesmo nossos autores citam o exemplo de entrar na mecânica da teologia. Iniciando uma longa visita à fábrica teológica não com a finalidade de comprar a teologia pronta, mas de entrar em contato com os que a produzem: operários, gerentes... e assim aprender como se produz. Não basta estudar teologia ou praticá-la de modo espontâneo na vida. É importante aplicar-se mais demoradamente no estudo das regras internas que vão se clareando na medida em que ela é estudada. “O fato de aprender teologia com a intenção crítica de conhecer-lhe as entranhas prepara o aluno para fazer teologia no sentido técnico do termo”.[9]

2.4 - Celebrar e rezar a teologia – nessa quarta dimensão são muito importantes as palavras: coração que em latim é “cor” e em hebraico é “leb”, juntamente com as palavras conversão e vida, pois para poder celebrar e rezar a teologia temos que localizá-la ou situá-la em seu autêntico lugar, mas qual seu lugar?
A teologia “nasce da fé da comunidade e orienta-se para a fé”.[10] E no centro de toda teologia está o mistério de Deus, o Mistério Pascal. E as palavras fortes, acima citadas, são os caminhos pelo qual se deixa penetrar esse mistério de Deus na teologia orada, rezada e celebrada. Essa é uma visão pascaliana, ou seja, elaborada por Blaise Pascal, matemático, filósofo e teólogo francês 1623-1662, sem essa dimensão a teologia pode se tornar seca, árida, e apenas um discurso no plano do logos, do intelecto ou do puro abstracionismo.
Não é possível fazer teologia sem uma experiência mística. O teólogo é alguém que se sente e realmente deve estar apaixonado por Deus. Um Deus que se deixa experimentar, nesse sentido o coração do teólogo é atraído por Deus, isso é fazer teologia de joelhos diante do imenso Mistério de Deus. “A liturgia, de fato, é a teologia rezada, celebrada. ‘lex orandi, lex credendi, lex theologandi’: a lei de orar é a lei de crer e de fazer teologia”.[11]

2.5 - O Resultado do Estudo Depende do Processo
O resultado de todo estudo de teologia vai depender de cada um que a estuda, suas motivações, animações e intenções. O aluno deve saber se quer uma teologia onde apenas se compra o produto ou fazer uma teologia, de forma, que se adentre na fábrica teológica e descubra o seu interior. É necessário que se deixe seduzir pela teologia para assim ser um teólogo.
O estudo da teologia, portanto, requer uma viagem por todo o processo de desenvolvimento. Não basta aprender apenas uma parte da teologia ou apenas uma corrente teológica.
Para que tal estudo da teologia possa ser bem desenvolvido, supõe-se que durante o curso da teologia o aluno e os professores vão trabalhando os conteúdos teológicos de maneira crítica – aprender/ensinar teologia - ao localizá-los devidamente em sua fábrica teológica – aprender a fazer teologia – e também articulando-os com as novas questões surgidas sobretudo das experiências pastorais de ambos – fazer teologia. Além disso, quer o aluno, quer o professor, tanto em nível pessoal como mesmo enquanto comunidade acadêmica, terão seus momentos de celebrar e rezar a teologia.[12]
A pastoral encontra grande participação na teologia, pois ela gera perguntas e também respostas que auxiliam a se “repensar e a testar a própria teologia ensinada/aprendida, e assim se aprende a fazer teologia”.[13]
Ao “aprendiz de teólogo”, enfim, impõe-se esses desafios de aprender, aprender a fazer, de fazer e de celebrar a teologia.

3 - Conceito de Teologia
3.1 - A Origem do Termo
Como sabemos nosso mundo é o mundo da palavra temos, pois, a palavra falada, interpretada, cantada, encenada, desenhada entre outras maneiras. A palavra, contudo, paga um preço pelo seu tempo histórico, ou seja, paga algo pelo seu atributo etimológico (etimologia). Usando o exemplo de nossos autores nas palavras ficam os resquícios e marcas de sua origem. Como, por exemplo, os genes do pai e da mãe estão sempre presentes nos filhos.
Teologia possui o composto de dois termos: Théos = Deus + Lógia = ciência, forma-se, portanto, ciência de Deus, tratado de Deus, estudo de Deus.
Deus é o centro de qualquer reflexão teológica, pois ela de alguma maneira se refere a Ele. Por isso se pode afirmar que a teologia tem como objeto material Deus e o seu objeto formal é o aspecto particular sob o qual ela considera seu objeto material.
Por exemplo, o homem pode ser objeto material de várias ciências: filosofia, sociologia, psicologia, antropologia... Cada uma dessas ciências, no entanto, encara o homem sob um aspecto diferente.
Teologia tem a ver com ‘logia’, com palavra, com saber, com ciência. Coloca-se Deus em discurso humano. Etimologicamente significa um discurso, um saber, uma palavra, uma ciência de ou sobre Deus. [14]
Há algumas palavras parecidas com teologia, nesse sentido, convém apontá-las.

3.1.1 -Teodicéia – termo criado por Leibniz, 1646-1716, e que serviu de título a uma de suas obras. Quer dizer, em suma, conjunto de doutrinas que procuram justificar a bondade divina contra os argumentos tirados da existência do mal no mundo, refutando as doutrinas atéias ou dualistas que se apóiam nesses argumentos.

3.1.2 -Teofania – esse termo que significa visão de Deus foi usado por Scotus Erígena, século IX, para indicar o mundo como manifestação de Deus.

3.1.3 - Teogonia – geração dos deuses e do mundo: cosmologia mítica.

3.1.4 -Teosofia – determinado tipo de conhecimento de Deus que remonta a uma especulação filosófica de raiz mítica, refere-se ao estudo especulativo da sabedoria divina e, em sua forma vulgar, a forma do ocultismo relacionado com religiões do extremo Oriente.

3.2 - Os Diferentes Usos do Termo na História
Ao longo da história a palavra teologia possuiu um determinado sentido. Um primeiro paradoxo é que a palavra teologia que no ocidente se vinculou á tradição bíblico-cristã, não encontra na Bíblia seu nascimento semântico. Em seu lugar na Bíblia se encontra “Palavra de Deus” (cf. Lc 8,21).
Fazendo a leitura do texto (2Tm 3,16) encontramos os inspirados de Deus, e em (1Ts 4,9) os aprendizes de Deus, mas não os teólogos.
O termo teologia pode não aparecer de forma explicita nos textos bíblicos, mas aparece de maneira implícita como podemos encontrar na Epístola de São Pedro quando recomenda aos seguidores de Cristo, a saberem justificar a fé perante o tribunal (cf. 1Pd 3,15), ou seja, convida a fazer teologia. Podemos encontrar Jesus no Evangelho segundo São Mateus (cf. Mt 16,13) questionando o povo e fazendo com que eles fizessem teologia. “E vós que dizeis que eu sou?”. “No fundo, a comunidade se faz a pergunta teológica sobre Jesus Cristo. Não se usa, porém o termo teologia, que naquele momento não viria bem para uma reflexão sobre Jesus Cristo”. [15]
Foi no mundo grego que o termo teologia lançou suas raízes, pois nos teatros gregos havia acima do palco um lugar chamado “theologeion” onde apareciam os deuses. Esse verbo “theologéo” significava o discursar sobre os deuses. Teologia exprimia a ciência das coisas divinas. O teólogo era aquele que falava sobre os deuses ou sobre os poetas como Hesíodo e Orfeu.
Platão usava o termo para exprimir o discurso sobre deus ou os deuses. Aristóteles delimita para o campo do saber. A filosofia primeira que tratava as causas necessárias, eternas e imutáveis, hoje chamamos metafísica o estudo do ser enquanto ser.
O sentido pagão foi considerado na teologia latina cristã antiga, nesse sentido Agostinho se referia a ela como fábula: “três são os gêneros da teologia, isto é, da razão que dá explicação sobre os deuses: um tipo dela é mítico, outro físico (natural) e o terceiro civil”.[16]
A teologia foi aceita como ciência de Deus pelo cristianismo, “assumindo assim a acepção cristã de discurso sobre Deus e Cristo” [17], a partir do século IV pela Patrística Grega isso contou com o auxílio de Orígenes e Eusébio. A Patrística assume o termo para o discurso sobre o Deus verdadeiro, sobre a trindade.
Abelardo (1079-1142), por sua vez, no mundo latino usa o termo para se referir ao tratado sobre Deus enquanto se utilizava ‘beneficia’ para a teologia sobre Cristo. A escolástica, no entanto, preferiu outros nomes para a teologia “doctrina christiana”, “doctrina divina”... Santo Tomás (1225-1274) toma uso mais dos termos “sacra doctrina” ou “doctrina cristiana”, mas muito raramente usava teologia.
A teologia assume o lugar da “sacra doctrina” entre São Tomás e Escoto (1266-1308). Na Idade Moderna surgem outros aspectos da teologia: teologia mística, teologia ascética, teologia moral, apologética, teologia positiva e teologia escolástica. Da antiga teologia o que restou foi a teologia que hoje se chama dogmática ou sistemática.

3.3 - Intelecção do Termo
(...) teologia define-se como reflexão crítica, sistemática sobre a intelecção de fé. E a fé termina em Deus e não nos enunciados a respeito de Deus, como muito bem explica São Tomás. ‘actus credentis non terminatur ad enutiable, sed ad rem’ o ato do que crê não termina no enunciado, mas na coisa.[18]
A fé é fundamental para o estudo da teologia, pois não há teologia sem o dado da crença em um Deus que se revela e liberta o seu povo (Ex 3,7), enfim, sem fé não se faz teologia. (cf. Rm 10,14-15.17).
Texto para reflexão extraído do livro: “introdução à teologia” p. 70-71:

3.4 - O espírito e a esposa
“Se a teologia é pensamento do encontro entre o humano caminhar e o divino vir, o sujeito dela, em sentido próprio e fontal, só pode ser Aquele que neste encontro tem a iniciativa absoluta: o Deus vivo e santo. É ele que, vindo ao homem, suscita também a abertura da criatura ao mistério, é ele que, amando, nos torna capazes de amar, e, conhecendo, abre os olhos da mente de quem por ele é conhecido. ‘Deus sempre prior!’: Deus vem sempre em primeiro lugar. É ele a eterna pré-suposição de toda possível iniciativa do êxodo, de toda via que, da morte, se abre à vida, é ele o criador e o redentor do homem. Por pura gratuidade, sem ser de nenhum modo constrangida, sua Palavra é saída do eterno silêncio do diálogo sem fim do amor; ela ‘se fez carne’ (Jo 1,14) a fim de tornar-se acessível e comunicável ao homem. E tudo o que nela nos foi dado de invisível, de inaudito e de impensável, é o Espírito que o faz presente para nós: ‘O que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração do homem não percebeu, isso Deus preparou para aqueles que o amam. A nós, porém, Deus o revelou pelo Espírito. Pois o Espírito sonda todas as coisas, até mesmo as profundidades de Deus... Quanto a nós, não recebemos o espírito do mundo, mas o espírito que vem de Deus, afim de que conheçamos os dons da graça de Deus’ (1Cor 2,9s.120).
Todos (os cristãos) recebem o dom da verdade e da vida e todos devem generosamente transmiti-los: é uma tradição apostólica da Igreja, que compromete na recepção, bem como na transmissão ativa do advento divino, todo o povo dos peregrinos de Deus...
O teólogo é aquele que – pelo carisma recebido do espírito e pelo reconhecimento e recepção da comunidade – se esforça para levar à palavra de maneira orgânica e acabadamente reflexiva e vivência pessoal e coletiva da experiência do advento divino. Ele ‘pertence à massa e possui a palavra’ (C.L. Milani): como tantos outros, ele é crente que experimentou o dom do encontro, que lhe mudou a vida; com estes outros – povo da Palavra escutada, proclamada e crida – ele se sabe ligado por vínculos de profundíssima e concreta comunhão, articulada no tempo e no espaço; a seu serviço ele põe a inteligência e seu coração, enamorado do seu mistério e também consciente dos limites que lhe são próprios. Como Tomás, ele confessa: “Eu que a tarefa principal da minha vida seja a de expressar Deus em toda palavra e em todo meu sentimento” (Bruno Forte, A teologia como companhia, memória e profecia, São Paulo, Paulinas, 1991, 134, pp. 135,137).

4 - Teologia Originante
Ao ler o Novo Testamento podemos notar que são relatos de fé e também de reflexão sobre a fé, pois são escritos que possuem grande esforço para explicar, revelar, mostrar e responder perguntas sobre Jesus, sobre sua encarnação, vida, morte e ressurreição, nesse sentido a primeira geração do nosso século foi a que realizou a “verdadeira teologia”.
Há certa negação de alguns de que o Novo Testamento seja um conjunto de escritos teológicos, pois questionam como pode ser teológica a fonte da teologia? Ou seja, ser manancial de si mesmo.
Mas há um erro nessa indagação, porque não se pode entender o conceito de teologia que temos hoje aplicado àquela época é anacrônico. Então se pode afirmar que:
O Novo Testamento é teologia fontal, paradigmática e estimuladora de toda e futura teologia, ao mesmo tempo que sua base irrenunciável, simultaneamente é a ‘teologia do principio’ (K. Rahner) e o principio da teologia.[19]
Essa teologia pode ser caracterizada por estes elementos:
Pneumática, embebida pelo Espírito que suscita a continuidade dos seguidores de Jesus.
Eclesial, nascida no seio vivo de uma comunidade a caminho e referida a ela.
Missionária, destinada a transmitir e recriar a fé cristã.
Vivencial, repleta de sentimentos, conotações afetivas e força convocatória, proveniente da experiência de seguimento do ressuscitado.
Contextualizada na história da comunidade em que foi elaborada. Não retrata desejo explicito de fazer reflexão única e universal, válida igualmente para todos como “anamnese da Palavra”, torna presente o dado revelado em suas diversas situações. Cria unidade como solidariedade entre os diferentes.
Aberta ao futuro, estimulando assim interpretações enriquecedoras, novas releituras situadas. [20]

5- Teologia Patrística
A era Patrística (idade) no Ocidente se encerra em 604 (S. Gregório) e em 636 (S. Isidoro) e no Oriente em 749 (S. Damasceno).
A teologia patrística é de fundamental importância para o estudo da teologia. Ela abarca o período que vai da geração dos Padres Apostólicos que tiveram contato como os apóstolos são eles Clemente Romano, Inácio de Antioquia, Policarpo, Papias, Hermas. Tendo como período total seis séculos até a teologia medieval.
Dentro da patrística temos os:
Padres da Igreja características: antiguidade, ortodoxias do ensino, aprovação expressa ou implícita da Igreja e santidade. Santo Atanásio, São Gregório Nazianzeno…
Padres apostólicos, já vimos acima.
Escritores eclesiásticos: viveram na mesma época, mas carecem de ortodoxia e santidade
Tertutiano (de Cartago), Orígenes, Eusébio de Cesareia

Textos de Tertuliano
Fora todas as tentativas de elaborar um cristianismo enfeitado com os elementos procedentes do estoicismo, do platonismo e da dialéctica! Não temos necessidade de discussões intrincadas, porque temos Jesus cristo: nem temos curiosidade, porque temos o Evangelho. Possuindo a nossa fé, não desejamos nenhuma outra ciência.

In “Prescrição contra os hereges”
“Será permitido ao cristão viver de espada na mão, quando o Senhor afirmou que quem se servir da espada morrerá pela espada? Há-de ir ao combate o filho da paz, ao qual está mesmo interdita a disputa? (...) Há-de fazer guarda diante dos templos aos quais renunciou? (...) Há-de levar o estandarte rival de Cristo?

In “A Coroa dos Militares”
Tertuliano introduz o termo trinitas (trindade).
Aderiu ao montanismo (Montano: padre da Ásia Menor). Movimento herético cristão, surgido na segunda metade do séc. II. Esperavam o iminente regresso de Cristo á terra, pelo que viviam com o mais rigoroso ascetismo. Davam mais valor aos profetas carismáticos do que aos bispos. Importante presença feminina no movimento.
Tertuliano, no início pensa que os pecados graves podem ser perdoados uma vez na vida. Quando adere à seita, considera que alguns, como o adultério, jamais poderão ser perdoados em vida.

5.1 - O contexto Histórico
No seu início o cristianismo enfrentou muitos desafios dentre eles se destacam dois o primeiro de traduzir para cultura helênica sua Boa Nova e o segundo o de justificar a fé perante a filosofia grega que considera isso como secundário.
Sendo superado esses desafios surgem outros, pois depois de muitas perseguições políticas o Império Romano com Constantino reconhece o cristianismo e por isso se da uma grande expansão da fé cristã por todo o Império Romano.

Fonte: http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=80

Esse processo de aceitação e expansão gera dois novos desafios o primeiro de evitar que a Igreja helenize sua doutrina e o outro é o de secularizar-se entrando nas estruturas do Império Romano deixando as honras e privilégios tomar o lugar do serviço evangelizador.
Contra esses riscos “os padres respondem a este desafio, mantendo o fermento evangélico nos aspectos existencial, práxico e intelectivo”.[21] Esse é um pouco do contexto em que nasce a Patrística.

5.2 - Caracterização da Teologia Patrística
A Patrística conta com dois principios: “Intellige ut credas, crede ut inteligas”: crer para entender, entender para crer, Santo Agostinho (354-430).
Não há uma separação entre fé e razão os padres patrísticos encheram na teologia uma “anagogia”, ou seja, subida rumo ao mistério de Deus. “Os protagonistas da teologia patrística, bispos, sacerdotes e leigos, elaboram reflexões de fé de cunho predominantemente pastoral”.[22]
Com essa afirmação podemos pensar que eram pessoas que estavam próximas ao povo que não eram sedados em relação necessidade espiritual, pastoral, litúrgica de sua época e fruto dessa proximidade são os escritos voltados às comunidades e também os de caráter mais intelectuais voltados para intelectualidade da época.
No início do século III surgem as primeiras “Escolas Teológicas” dentre elas as mais conhecidas são a de Alexandria e de Antioquia.
Segundo nossos autores a reflexão de fé dos padres é marcadamente bíblica, litúrgica, crístico eclesial, inculturada e plural.
Bíblica – a Palavra de Deus escrita era vista como capaz de mudar a vida de seus receptores. Esse é um pressuposto fundamental para a teologia patrística. Predominava o modo de leitura simbólica da Bíblia-Escritura. Isso contou com alguns exageros.
Litúrgica – por ser a celebração litúrgica ponto central da fé cristã onde a comunidade se reunia para celebrar a vida. A teologia dos padres nasce do encontro litúrgico, pois havia uma busca de explicação do conteúdo da fé expresso na liturgia. A liturgia se desenvolve antes da sistematização teológica.
Há, portanto, na patrística, dupla ligação entre teologia e liturgia. Na celebração litúrgica nasce a homilia, e da homilia a exegese dos textos bíblicos. A liturgia como ‘locus theologicus’ e teologia primeira, discurso dirigido a Deus, alimenta, expressa e faz-se norma da fé e de sua intelecção. A teologia, por sua vez, desemboca na expressão de louvor e adesão a Deus, especialmente na liturgia.[23]

Crística e eclesial – Jesus Cristo em relação à comunidade é a chave de leitura dos dados da fé. No período patrístico a reflexão da fé se dava por meio da comunidade e não apenas nos textos, pois seria algo limitado. Por isso a maior parte da produção teológica emerge da vida comunitária.
Criativa, inculturada e plural –
“A patrística marca a ingente tarefa de inculturação de fé cristã no helenismo. A igreja vive um período de criatividade e expansão. Abre espaço dentro de um mundo altamente civilizado e dotado de grande cultura intelectual”.[24]

São padres ousados que buscam construir uma teologia que seja verdadeira e abrangente.
Reler e aprofundar os dados da fé cristã, formulados originalmente com categorias hebraicas, na pauta da cultura helenista, longe de constituir desvio de identidade cristã caracteriza a mais bem sucedida experiência de inculturação da teologia e do próprio cristianismo. [25]

Século
Tendência Hegemônica / Fase
Nomes Principais



I-II
Padres Apostólicos
Clemente, Inácio, Policarpo, Didaché



II
Apologistas
Justino, Taciano, Teófilo, carta a Diogneto



II-II
Reflexão Sistemática
Tertuliano, Orígines, Ireneu, Hipólito



III-IV
Escolas Teológicas
Alexandria: Atánasio, Cirilo. Capadócia: Basílio...



IV-V
Fase de Esplendor
Agostinho, Jerônimo, Ambrósio, Leão Magno, Efrém.



VI-VII
Final
Gregório Magno, Isidoro de Servilha, Boécio, João Damasceno.
Os padres, de fato, realizaram com muita austeridade as funções de bispos, místicos, teólogos e missionários.

6 - Teologia Escolástica
A escolástica atravessou oito séculos sendo dividida em três fases: transição e gestação da dialética, a grande escolástica e a escolástica tardia. A escolástica seguia Agostinho no sistema neo-platônico, mas logo assume a posição aristotélica.
Gestação – vai do século VII ao X período marcado por uma estagnação da sociedade e da Igreja. “A teologia limitava-se à leitura e ao comentário da Escritura”.[26] E havia um empobrecimento dos textos patrísticos.
Inícios – a teologia entre os séculos X e XII se vê impulsionada pelo surgimento de ordens religiosas, movimento de ordens mendicantes... E também nascem as universidades. Os escritos aristotélicos são descobertos entre 1120 e 1160.
Eles moldam nova mentalidade: ‘o pensamento pelo confronto resultante da aproximação dialética de negação e afirmação, amadureceu nesta sociedade em mutação, caracterizada pela multiplicação dos intercâmbios.[27]
Essa entrada da dialética gera um conflito entre o tradicional e o inovador. São Bernardo de Claraval, que era da teologia monástica, combatia as idéias inovadoras de, por exemplo, penetrar nos mistérios divinos com o uso da dialética. Já Abelardo faz o caminho inverso tomando uso do método dialético “sic et non”: sim e não. O método dialético foi consagrado no “Livro das Sentenças” de Pedro Lombardo.
Já Anselmo une a teologia monástica agostiniana, favorável à absoluta suficiência da fé, ao pensamento especulativo dialético. Trabalha para transformar a verdade crida em verdade sabida, pensada e expressa. A fé em busca de inteligência (“fides quaerens intellectum”): ‘Não pretendo, Senhor, penetrar a tua profundidade, porque de forma alguma minha razão é comparável a ela; mas desejo entender de certo modo a tua verdade, que o meu coração crê e ama. Não busco, com efeito, entender para crer, mas creio para entender’. [28]

Chega-se, por fim, ao grande cisma na escolástica entre o Oriente e o Ocidente em volta de (1054) Miguel Cerulério sela essa separação.
Tudo isso, pois a teologia Ocidental optou pela dialética e a Teologia Oriental não assimilando a dialética se conserva com os traços contemplativos e simbólicos, ficando com uma teologia apofática, misteriosa, e defende que nenhuma definição humana consegue abarcar a Deus e seu mistério.
Seis elementos que se distinguem no ensino da escolástica:
Lectio: explicação do mestre. Os estudantes devem reter informações na memória.
Commentarium: exegese das grandes obras dos mestres do passado.
Quaestio: desenvolvimento dialético, submetendo determinada afirmação à elaboração crítica.
Disputatio: estudantes e mestres discorrem juntos sobre temas e pensamentos de determinado autor ou obra.
Quodlibet: extensão da disputatio. Discussão livre sobre qualquer espécie de assunto.
Sententiae: retomada em sumas teológicas.

Esplendor da Escolática – a teologia passa a ser ensinada nas universidades, os professores e alunos trabalham metodicamente, criticamente e usam o raciocínio dialético, muita coisa é escrita e, por fim, se difunde as obras de Aristóteles: Metafísica, Política, Tratado da Alma.
Tomás de Aquino, a figura máxima e insuperável da escolástica combina rigor teórico, criatividade e ousadia. Desenvolve uma teologia obediente à revelação, que responde as exigências da epistemologia aristotélica a ponto de, em decorrência, dizer-se ciência. [29]

Ele deixou muitas obras dentre elas se destaca a “Suma de Teologia”.
Esse período também contou com outras teologias: monástica e a escola franciscana que não tratava a teologia como ciência.

Século
Etapa
Corifeus / Mestres



VIII-X
Gesação
---------------



XI-XII
Inícios
Anselmo de Cantuária, Pedro Abelardo, Pedro Lombardo



XIII
Alta Escolástica
Escola Dominicana: Alberto Magno, Tomás de Aquino, Mestre Eckart



XIV-XV
Escolástica Tardia
Escola Franciscana: Boaventura, Duns Escoto, Guilherme de Ockham, Gabriel Biel


7 - Teologia Antimoderna e Manualística
Início do protestantismo, séc. XIV idade moderna, um novo sentido na teologia, início do capitalismo, um novo sentido de economia.
Séc. XVIII e XIX
A partir daí as transformações são muito maiores, com muitas revoluções, e a que mais marcou foi a Revolução Francesa, que queria uma igualdade e fraternidade mundial. Depois disso começa-se a mentalidade urbana, que até então não existia, temos a partir daí a revolução industrial.
A teologia assume então uma posição contrária a tudo isso.
A Igreja começa a trabalhar a teologia só para os padres, porque não quis se misturar com nenhuma forma de pensamento.
Cria-se então, uma doutrina para o povo, como: quem é Deus? E o saber da teologia era elaborado para os padres formando manuais de catecismo, este tipo de teologia durou até o Concilio Vaticano II (1960-1964).

8 - Teologia Latino-americana da libertação
Como já foi dito, acima, a teologia paga tributos, ou seja, não está neutra perante a realidade em que ela nasce, nesse sentido a máxima de que a teologia nasce dentro de um contexto específico, seja ele político, social, cultural... é válida.
Segundo nossos autores a teologia da libertação paga tributos a dois fatores:
Primeiro, pois nasce em um determinado contexto social e histórico.
Segundo, porque está situada dentro de movimentos de idéias e de elementos culturais.
Para os autores (teólogos) de corte idealista a teologia se faz por meio de um processo de influencia ideológica onde teologia gera teologia. Já os de corte prático possuem uma maior sensibilidade pastoral e fazem uma relação das idéias, a teologia como contexto político-econômico.

8.1 - Situação Sócio-política e Econômica
Situação de dominação e opressão
Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) há um avanço do capitalismo, mas na Europa e em alguns países de liderança cristã o neocapitalismo assumiu uma face mais humana. Isso se deu devido as lutas operárias as “...intervenções do Estado na regulação e promoção do desenvolvimento social.”[30]
Nesse processo ocorreu uma condição social mais favorável aos cidadãos com melhoras na higiene, salário, enfim, reduziu-se a desigualdade social e o surgimento de ampla classe média que deu maior coesão à sociedade.
O neocapitalismo, no entanto, trouxe conseqüências não muito favoráveis aos países pobres, pois com toda coesão e alegria dos países ricos não existiu uma preocupação em olhar os países periféricos “(...) que viviam verdadeira forma selvagem de capitalismo tardio e dependente.”.[31]
Por conta de toda essa dependência que se postulou ao Terceiro Mundo dois sociólogos latino-americanos, Fernando Henrique Cardoso e E. Faletto elaboraram uma teoria da dependência e da libertação sendo elas contrárias a teoria do desenvolvimento. Com a criação dessas teorias surge o termo libertação, mas em um contexto político-econômico.
A teologia da libertação pretende responder teologicamente à pergunta da libertação dos povos dependentes em relação aos países centrais, das camadas dependentes diante das estreitas faixas da sociedade ricas e desenvolvidas. [32]

8.1.1 - Movimentos de Libertação
O termo, portanto, libertação ajudou a teologia a não ficar apenas na dimensão da dependência e opressão, mas a levou a um processo redentor. Não caindo assim em uma “teologia da resignação, da cruz, do sofrimento”. [33]

8.1.2 - Presença da Igreja
No decorrer da história humana existiram muitas opressões e muitas lutas por libertação, no entanto, nunca uma teologia da libertação que pusesse à tona a problemática da fé.
A América Latina pode contar com essa teologia, pois ela estava dentro dos movimentos de libertação, por isso a grande importância da presença da Igreja nesse meio. E foi nesse contexto que nasceram várias perguntas da TdL.
Essa participação da Igreja nos meios de libertação foi possível por conta da abertura da própria Igreja à dimensão “sócio-transformadora”, nesse sentido se fez de base as encíclicas de João XXIII: Mater et Magistra e Pacem in Terris; o Concilio Vaticano II; parte dos bispos do Brasil e de outros países, por fim, no meio jovem a Ação Católica JEC, JUC e JOC. Nos meios rurais as Comunidades Eclesiais de Base (CEB´s).
Portanto, a confluência desses três vetores – situação de dominação, movimento de libertação e presença da Igreja – permitiu que surgissem novas perguntas. E a novas perguntas correspondeu nova teologia. Recebeu o nome de teologia da libertação, porque abordava a temática da libertação. Mereceu o nome de teologia por que versava sobre a fé cristã. Surgiu na América Latina, porque ai se encontrou uma Igreja inserida e em reflexão dentro da situação opressora trabalhada por surtos libertários. [34]

8.2 - Situação Cultural e Teológica
A teologia segue por meio da esteira das outras teologias, isso sem cair no processo idealista, e por isso dentro desse processo vai se dinamizando.
Há, nesse sentido, a teologia escolástica de cunho dedutivo, ou seja, da fé para o homem, de modo que primeiro se estabelecia os princípios da fé depois vinha deduzindo as verdades que deveriam ser aceitas.
E a teologia moderna que parte do método indutivo, ou seja, faz uma interpretação da teologia a partir das experiências de sua época (modernidade). Essa teologia dá fundamento para a TdL.
O horizonte da modernidade parte do sujeito que crê e não da doutrina em que se crê. Diferentemente do método dedutivo, que parte da doutrina já possuída e estabelecida e procura em seguida ampliar-lhe a compreensão, a TDL trabalha o método indutivo do pensamento moderno, da experiência humana, para, com nova compreensão da revelação, poder respondê-las.

8.3 – Estrutura da Teologia da Libertação
Algo que é diferente na TdL é o modo como aponta a relação, pois não cai na tentação de esquecer a realidade latino-americana que está marcada pela tensão da dominação e da libertação.

8.3.1 – Pontos de Partida
Toda teologia nasce de novas perguntas o mesmo se da na TdL, contudo ela não pode se tornar mera atividade intelectual, pois o teólogo que a faz deve usar como plataforma teológica a sua própria realidade comunitária.
A teologia da libertação nasce para os pobres e com os pobres faz acontecer a libertação nesse modo de fazer teologia deve haver a tomada de consciência da miséria, opressão, exclusão e marginalização. Sendo assim há uma forma muito forte de se realizar o projeto de Deus. “E a Teologia da Libertação procura ver o sentido teologal, transcendente de todo esse processo”. [35]
Se a situação histórica de dependência e dominação de dois terços da humanidade, com seus trinta milhões anuais de mortos de fome e desnutrição, não se converte no ponto de partida de qualquer teologia cristã hoje, mesmo nos países ricos e dominadores, a teologia não poderá situar e concretizar historicamente seus temas fundamentais. Suas perguntas não serão perguntas reais... Por isso é necessário salvar a teologia de seu cinismo. Porque realmente, diante dos problemas do mundo de hoje, muitos escritos de teologia se reduzem a um cinismo. (H. Assmann, tirado de: J.J. Tamayo-Acosta, Para compreender la teología de la liberación, Estella, Verbo Divino, 1991, p. 140).[36]

8.3.2 – Articulação com a Prática
A teologia da libertação corre o risco de se tornar apenas uma bandeira ideológica se não estiver em sintonia com o pobre e com a prática da caridade.

8.4 - Três Momentos da TdL
8.4.1 - Momento pré-teológico
Esse é o momento em que o teólogo não parte apenas para o lado emocional, mas faz um trabalho de cunho cientifico usando das “mediações socioanalíticas” - MSA que ajudam a uma visão mais nítida da realidade do pobre que é o ponto central da teologia da libertação.
Nesse caso a teologia toma posse de elementos de outras ciências sem deixar de ser teologia, o teólogo não está sendo enganado pela (MAS), mas a está usando com uma visão crítica onde há o confronto com a revelação de Deus.

8.4.2 - Momento Teológico
Depois de realizada a visão crítica é necessário o teólogo levantar o problema e com a sua pergunta elaborar um dado da sociedade que deve ser transformado ou não. Essa problemática é posta ao lado da Palavra de Deus em um processo dialético libertador.
O momento teológico tem, portanto, como resultado uma compreensão iluminada pela fé da problemática carregada da América Latina e uma interpretação nova da Palavra de Deus, também ela influenciada por essa problemática. Em relação à Palavra de Deus, pode-se incorrer em duplo equívoco: determinismo sociológico ou dogmatismo transcendentalista.[37]





8.4.3 - Momento Práxico
Com uma acentuação na dimensão critica da práxis nasce a Teologia da Libertação, pois ela é uma teologia da práxis. “Toda teologia é sabedoria, saber racional e reflexão critica da práxis”.[38]
Essa tríplice função teológica pode ser posta da seguinte forma:
Patrística = Sabedoria
Escolástica = Saber racional
TdL = Reflexão crítica da práxis
Mesmo podendo ser divididas pedagogicamente em uma teologia possuindo tal característica, elas devem estar presentes em todas, claro que isso não impede que uma se expresse mais que outras.
Exercer a crítica da própria prática teológica é o papel que a TdL quer lograr, nesse sentido temos três níveis de práxis a serem “criticadas”: prática intrateológica, intraeclesial e sócio política.
Prática Intrateologica – está relacionada as próprias categorias teológicas. A crítica nesse sentido surge como uma maneira de descristalizar algumas categorias teológicas e assim tornar essas categorias mais próximas da realidade.
Assim, p. ex., o termo teológico “graça” pode aparecer por demais ligado ao universo fisicalista da “forma animae” – forma da alma -, ou dilatar-se ao campo interpessoal de ‘amizade com Deus e fraternidade” e finalmente receber um toque da TdL que o liberte para o campo do compromisso histórico com os pobres. Então surge o conceito de “graça libertadora”, que quer ser uma reelaboração intrateológica de um conceito básico da teologia.”[39]

Prática Intraeclesial - essa se da na comunidade com o estudo das práticas comunitárias e as dimensões hierárquicas da Igreja. É uma forma de se construir uma “eclesiologia militante”. Aqui se trabalha muito as Ceb´s.

Prática Sociopolítica – essa está relacionada, como o nome já diz, com as práticas sociais, de fato, isso é constante na Teologia da Libertação.

8.5 - Teologia da Libertação e Práxis
Neste trecho cito literalmente o texto de nossos autores que vai da página 184-185.
Resumindo de modo didático, a TdL é uma:
- teologia da práxis
- teologia para a práxis
- teologia na práxis
- teologia pela práxis
a. Teologia da práxis: pois esta teologia haure seu material de reflexão da prática intrateológica, ou intraeclesial ou sociopolítica. A prática oferece a matéria-prima da TdL.
b. Teologia para práxis: o produto teológico, o fruto da elaboração teológica – confrointo do material assumido da prática com a revelação – se orienta a iluminar a prática teológica intraeclesial ou sócio política. Devolve-se à prática do fiel ou do cidadão o material assumido da prática depois de ter sido trabalhado sob o ângulo especificamente teológico, isto é, à luz da Revelação.
c. Teologia na práxis: o teólogo que faz a reflexão deve, de certo modo, estar articulado com a prática que reflete e para a qual reflete. Supõe-se dele uma opção que deve ultrapassar simplesmente o interior do coração para concretizar-se num mínimo de prática concreta de libertação junto aos pobres. Um mínimo de alternância entre a pura prática teórica teológica e a prática pastoral junto das camadas populares faz-se mister para elaborar verdadeira TdL.
d. Teologia pela práxis: uma vez terminada a tarefa teológica de ter interpretado à luz da revelação as práticas pastorais e sociais e ter devolvido o produto teológico aos interessados, estes submetem-no à sua crítica. A partir deles julga – não como único -, mas como verdadeiro critério, se a tarefa teológica foi bem executada ou não. Se a teologia ajuda no processo de libertação dos pobres em seu verdadeiro sentido concreto e a manutenção dos valores teologais nesse processo, ela é boa teologia. Assume-se o célebre critério da “ortopráxis”, somente que esta não deve ser entendida unicamente como eficiência prática, mas também, e de modo especial, como conservação da fé nessa prática.
Se, na verdade, a TdL se caracteriza por essa relação privilegiada, quádrupla com a práxis, não pode contudo ser reduzida unicamente a ela. Como se disse acima, ela deve ser, como toda teologia, sabedoria e saber, oração e doutrina, contemplação e conhecimento, além dessa significativa relação com a práxis.

9 - Disciplinas Teológicas
Muitas são as disciplinas teológicas, mas o importante é saber que todas nascem da necessidade existencial do próprio homem que busca respostas as suas interrogações em relação a Deus, a vida, a morte, a graça entre outros dados da existência.
Por ser um tema muito vasto as definições apresentadas serão breves. Que sirvam para estimular a um maior aprofundamento.
Teologia Fundamental: lança as bases do conhecimento teológico.
Teologia Bíblica: dedica-se ao estudo bíblico e suas demais necessidades.
Teologia Moral: da base para as reflexões éticas ao pensa o homem e seus deveres morais.
Teologia Sistemática ou Dogmática: trata-se de tornar compreensíveis os dogmas da fé por meio de uma visão voltada para a vida.
Teologia Litúrgica: ajuda os fiéis a uma maior compreensão da liturgia como uma dimensão presente em toda a vida.
Entre várias outras.

Conclusão
A teologia deve ser vivida e tida como instrumento de sabedoria e de encontro com o Deus da vida.

Bibliografia
BOFF, Leonardo. Os sacramentos da vida e a vida dos sacramentos / mínima sacramentalia. Petrópolis-RJ: Vozes, 1999. 20°ed.
LIBANIO, J.B; MURAD, Afonso. Introdução à teologia: perfil, enfoques, tarefas. São Paulo: Loyola, 1996. 3°ed.
PRETO, Hemillo. A teologia tem algo a dizer ao ser humano. São Paulo: Paulus, 2003





[1] Formando em Filosofia pela UNIFAI.
[2] PRETO, Hemillo. A teologia tem algo a dizer ao ser humano, p.6
[3] BOFF, Leonardo. Os sacramentos da vida e a vida dos sacramentos / mínima sacramentalia. p. 9
[4] Söran Kierkegaard, filósofo dinamarquês nasceu em 5 de maio de 1813 em Copenhague e faleceu n o ano de 1855.
[5] LIBANIO, J.B; MURAD, Afonso. Introdução à teologia: perfil, enfoques, tarefas, p.17.
[6] Ibid., p.36.
[7] Ibid., p. 58.
[8] Ibid., p. 58.
[9] Ibid., p. 59.
[10]Ibid., p.59.
[11]Ibid., p.59.
[12] Ibid., p.60.
[13] Ibid., p.61.
[14]Ibid., p.63.
[15] Ibid.,p.64.
[16] Ibid.,p.66.
[17] Ibid.,p.66.
[18] Ibid.,p.67.
[19] Ibid.,p. 112
[20] Ibid.,p.114
[21] Ibid., p.116
[22] Ibid., p.118
[23] Ibid.,p.121
[24] Ibid.,p. 122
[25] Ibid.,p.123
[26] Ibid.,p.127
[27] Ibid.,p.128
[28]Ibid.,p.128-129
[29] Ibid.,p.130
[30] Ibid.,p.162
[31] Ibid.,p.162
[32] Ibid.,p.163
[33] Ibid.,p.164
[34] Ibid.,p.167
[35] Ibid.,p.173
[36] Ibid.,p.173
[37] Ibid.,p. 179
[38] Ibid.,p.182
[39]Ibid., p. 182-183

O Diácono na Liturgia





"Que cada um faça tudo e somente aquilo que pela natureza da coisa ou pelas normas litúrgicas lhe compete" (SC 28).


Instrução Geral sobre o Missal Romano
Entrada
27. Chegando ao Presbitério, o sacerdote e os ministros saúdam o altar. Em seguida, em sinal de veneração, o SACERDOTE e o DIÁCONO beijam o altar.

34. Como por tradição o ofício de proferir as leituras não é função presidencial mas ministerial, convém que via de regra o DIÁCONO, ou na falta dele outro sacerdote, proclame o Evangelho.

55. Exige a Oração Eucarística que todos a escutem com reverência e em silêncio, dela participando apenas pelas aclamações previstas no Rito próprio.

47. Reunido o povo, enquanto o sacerdote entra com o DIÁCONO e os ministros, começa o canto da entrada. A finalidade desse canto é abrir a celebração, promover a união da assembléia, introduzir no mistério do tempo litúrgico ou da festa, e acompanhar a procissão do sacerdote e dos ministros.

49. Chegando ao presbitério, o SACERDOTE, o DIÁCONO e os ministros saúdam o altar com uma inclinação profunda. (V. 274) Em seguida, em sinal de veneração o sacerdote e o diácono beijam o altar.

66. A homilia, via de regra é proferida pelo próprio sacerdote celebrante ou é por ele delegada a um sacerdote concelebrante ou a um DIÁCONO, nunca, porém, a um leigo.

81. Na sacristia preparem-se as vestes sagradas do sacerdote e ministros:

a) para o sacerdote: alva, estola e casula;
b) para o DIÁCONO: alva, estola e dalmática;
c) Todos os que vestem alva devem também usar o cíngulo e amito, a não ser que se disponha de modo diferente;

Rito da paz
82. Segue-se o rito da paz no qual a Igreja implora a paz e a unidade para si mesma e para toda a família humana e os fiéis exprimem entre si a comunhão eclesial e a mútua caridade, antes de comungar do Sacramento.

Convém, no entanto, que cada qual expresse a paz de maneira sóbria apenas aos que lhe estão mais próximos.

84. Chegando ao altar, o sacerdote e o ministro fazem a devida reverência, isto é, inclinação profunda, ou GENUFLEXÃO, quando houver tabernáculo com o Santíssimo Sacramento atrás do altar.

85. O sacerdote e o diácono sobem ao altar e beijam-no em sinal de veneração.

86. COMO ANIMADOR DA COMUNIDADE, O DIÁCONO, logo após a saudação proferida pelo sacerdote, pode, com brevíssimas palavras, introduzir os fiéis na Missa do dia.

Ritos de encerramento
90. c) despedida do povo pelo DIÁCONO ou pelo sacerdote, para que cada qual retorne às suas boas obras, louvando e bendizendo a Deus; (IDE em paz...)

d) o beijo ao altar pelo sacerdote e o DIÁCONO e, em seguida, a inclinação profunda ao altar pelo sacerdote, o diácono e os outros ministros. (V. 274)

116. Na celebração de qualquer Missa em que esteja presente o DIÁCONO, este exerça a sua função.

119. Na sacristia, conforme as diversas formas de celebração, preparem-se as vestes sagradas (cf. n. 337-341) do sacerdote, do DIÁCONO e dos demais ministros:

a) para o sacerdote: alva, estola e casula ou planeta;
b) para o DIÁCONO: alva, estola e dalmática, que pode ser dispensada em sua falta, como também em celebrações menos solenes;
127. Quando há um DIÁCONO no exercício de seu ministério, observa-se as seguintes normas:

a) assiste o sacerdote e caminha ao seu lado;
b) no altar encarrega-se do cálice e/ou do missal;
c) se não houver outros ministros, exerce as funções dos mesmos;
128. O DIÁCONO paramentado, quando leva o Livro dos Evangelhos, PRECEDE o sacerdote e se dirige ao altar, se não, caminha ao seu lado direito.

129. Depois de fazer com o sacerdote a devida reverência, o DIÁCONO sobe com ele ao altar, onde coloca o livro dos Evangelhos, beijando o altar com o sacerdote. Quando se usa o incenso assiste o sacerdote na imposição do incenso e na incensação do altar.

130. Incensando o altar, dirige-se para sua cadeira com o sacerdote e permanece ao seu lado (direito), servindo-o quando necessário.

131. Enquanto é proferido o "Aleluia" ou outro canto, o DIÁCONO se inclina diante do sacerdote e pede em voz baixa a benção dizendo: dá-me a tua bênção. A seguir, toma o Livro dos Evangelhos, se estiver sobre o altar, dirige-se à estante onde saúda o povo, incensa o Livro e proclama o Evangelho. Ao terminar, beija o Livro, dizendo em voz baixa: "Que as palavras do santo Evangelho ..." e volta para junto do sacerdote. NOTA: O Cerimonial dos Bispos no número 74 diz o seguinte: o DIÁCONO leva o Livro para este o oscular, OU o próprio diácono oscula o livro.

132. Após a introdução feita pelo sacerdote, o DIÁCONO propõe, da estante ou de outro lugar conveniente, as intenções das orações dos fiéis.

133. Ao ofertório, enquanto o sacerdote permanece em sua cadeira, o DIÁCONO prepara o altar. Deve também cuidar dos vasos sagrados. Assiste o sacerdote na recepção das dádivas do povo. Entrega ao sacerdote a patena com a hóstia que vai ser consagrada. Coloca o vinho e uma gota d’água no cálice dizendo em voz baixa: "Pelo mistério desta água e deste vinho possamos participar da divindade de Vosso Filho que se dignou assumir a nossa humanidade". Depois entrega o cálice ao sacerdote.

134. Durante a Oração Eucarística, o DIÁCONO permanece de pé junto ao sacerdote, mas um pouco atrás, para cuidar do cálice ou do missal.

O Cerimonial dos Bispos no no 155 diz: Se se cobrir o cálice e a píxide (ou cibório), o DIÁCONO descobre-os antes da epiclese ("Por isso, nós vos suplicamos: santificai pelo Espírito Santo as oferendas..."). Um dos DIÁCONOS deita incenso no turíbulo, e incensa a hóstia e o cálice a cada elevação (com três ductos triplos). Desde a epiclese até a elevação do cálice, OS DIÁCONOS PERMANECEM DE JOELHOS. Depois da consagração, o DIÁCONO, se for conveniente, cobre novamente o cálice e a píxide (ou cibório).

135. à Doxologia Final da Oração EucarÍstica, de pé ao lado do sacerdote, ELEVA O CÁLICE, EM SILÊNCIO, enquanto o sacerdote eleva a patena com a hóstia consagrada, até que o povo tenha aclamado o AMÉM.

136. Depois que o sacerdote disser a oração pela paz... o DIÁCONO faz o convite ao abraço da paz, se for o caso. Tendo recebido a saudação do sacerdote, pode transmití-la aos ministros mais próximos.

137. Tendo o sacerdote comungado, RECEBE a comunhão sob as duas espécies e auxilia na distribuição da Comunhão aos fiéis. Sendo a Comunhão ministrada sob duas espécies. apresenta o cálice ao celebrante e comunga por último do mesmo cálice.

138. Concluída a Comunhão, O DIÁCONO volta com o sacerdote ao altar e reúne os fragmentos, se os houver. A seguir, purifica o cálice e os outros vasos sagrados na credência ou no altar, conforme o costume. Pode também deixá-los devidamente cobertos sobre a credência e purificá-los após a Missa.

140. Dada a bênção pelo sacerdote, o DIÁCONO despede o povo com as palavras:"IDE EM PAZ E O SENHOR VOS ACOMPANHE."

156. Nas missas concelebradas NINGUÉM seja admitido a concelebrar, depois de iniciada a Missa.

204. Por último, aproxima-se O DIÁCONO. Depois de tomar o Sangue de Cristo, consome todo o Sangue que houver restado e purifica o cálice (final do no. 206: O diácono também comunga por intinção, respondendo Amém ao concelebrante que lhe diz: O Corpo e o Sangue de Cristo).

Logo após consumir o Preciosíssimo Sangue faz a oração: "Fazei, Senhor, que conservemos num coração puro o que nossa boca recebeu e que esta dádiva temporal se transforme para nós em remédio eterno".

234-b. Faz-se inclinação profunda ao altar, se não houver tabernáculo com o SS. Sacramento. O DIÁCONO faz a mesma inclinação quando pede a bênção antes de proclamar o Evangelho.



MINISTÉRIOS PARTICULARES
65 O ACÓLITO é instituÍdo para servir o altar e auxiliar o sacerdote e o diácono. Compete-lhe, principalmente, preparar o altar e os vasos sagrados, bem como distribuir aos fiéis a Eucaristia, da qual é ministro extraordinário.

145. Não havendo diácono, O ACÓLITO põe sobre o altar o corporal, o purificatório, o cálice e o missal.

147. Terminada a distribuição da Comunhão, ajuda o sacerdote ou o DIÁCONO a purificar e arrumar os vasos sagrados. Na falta de diácono, o ACÓLITO leva os vasos sagrados para a credência e ali os purifica. (Vide final do 206)



MISSA COM DIÁCONO
171. Quando está presente à celebração eucarística, o DIÁCONO, revestido das vestes sacras, exerça seu ministério. Assim, o DIÁCONO:

a) assiste o sacerdote e caminha a seu lado; (direito)
b) ao altar, encarrega-se do cálice e do livro;
c) proclama o Evangelho e, por mandado do sacerdote celebrante, pode fazer a homilia (cf. n. 66);
d) orienta o povo fiel através de oportunas exortações e enuncia as intenções da oração universal;
e) auxilia o sacerdote celebrante na distribuição da Comunhão e purifica e recolhe os vasos sagrados;
f) se não houver outros ministros, exerce as funções deles, conforme a necessidade.
172. Conduzindo o Evangeliário, pouco elevado, o DIÁCONO precede o sacerdote que se dirige ao altar; se não, caminha a seu lado. (direito)

173. Chegando ao altar, se conduzir o Evangeliário, OMITIDA a reverência, sobe ao altar. E, tendo colocado respeitosamente o Evangeliário sobre o altar, com o sacerdote venera o altar com um ósculo. Se, porém, não conduzir o Evangeliário, faz, como de costume, com o sacerdote profunda inclinação ao altar e, com ele, venera-o com um ósculo. Por fim, se for usado incenso, assiste o sacerdote na colocação do incenso e na incensação da cruz e do altar.

174. Incensado o altar, dirige-se para a sua cadeira com o sacerdote, permanecendo aí ao lado (direito) do sacerdote e servindo-o quando necessário.

Liturgia da Palavra
175. Enquanto é proferido o Aleluia ou outro canto, o DIÁCONO, quando se usa incenso, serve o sacerdote na imposição do incenso. Em seguida, profundamente inclinado diante do sacerdote, pede, em voz baixa a bênção, dizendo: Dá-me a tua bênção. O sacerdote o abençoa, dizendo: O Senhor esteja em teu coração... O diácono faz o sinal da cruz e responde: Amém. Em seguida, feita uma inclinação ao altar dirige-se ao ambão, precedido do turiferário com o turíbulo fumegante e dos ministros com velas acesas. Ali, ele saúda o povo, dizendo de mãos unidas: O Senhor esteja convosco e, em seguida, às palavras Proclamação do Evangelho, traça o sinal da cruz com o polegar sobre o livro e, a seguir, sobre si mesmo, na fronte, sobre a boca e o peito, incensa o livro e proclama o Evangelho. Ao terminar, aclama: Palavra da Salvação. Em seguida, beija o livro, dizendo em silêncio: Pelas palavras do santo Evangelho..., e volta para junto do sacerdote.

Quando o DIÁCONO serve ao Bispo, leva-lhe o livro para ser osculado OU ele mesmo o beija, dizendo em silêncio: Pelas palavras do Santo Evangelho... Em celebrações mais solenes o Bispo, conforme a oportunidade, abençoa o povo com o Evangeliário.

176. Não havendo outro leitor preparado, o DIÁCONO profere também as outras leituras.

177. Após a introdução do sacerdote, o DIÁCONO propõe, normalmente do ambão, as intenções da oração dos féis.

Liturgia Eucarística
178. Terminada a oração universal, enquanto o sacerdote permanece em sua cadeira, o diácono prepara o altar com a ajuda do acólito; cabe-lhe ainda cuidar dos vasos sagrados. Assiste o sacerdote na recepção das dádivas do povo. Entrega ao sacerdote a patena com o pão que vai ser consagrado; derrama vinho e um pouco d'água no cálice, dizendo em silêncio: Pelo mistério desta água... e, em seguida, apresenta o cálice ao sacerdote. Ele pode fazer esta preparação do cálice também junto à credência. Quando se usa incenso, serve o sacerdote na incensação das oferendas, da cruz e do altar, e depois ele mesmo incensa o sacerdote e o povo.

179. Durante a Oração eucarística, o diácono permanece de pé junto ao sacerdote, mas um pouco atrás, para cuidar do cálice ou do missal, quando necessário.

A partir da epiclese até a apresentação do cálice o diácono normalmente permanece de joelhos. Se houver vários diáconos, um deles na hora da consagração pode colocar incenso no turíbulo e incensar na apresentação da hóstia e do cálice.

180. À doxologia final da Oração Eucarística, de pé ao lado do sacerdote, eleva o cálice (em silêncio), enquanto o sacerdote eleva a patena com a hóstia, até que o povo tenha aclamado: Amém. (V. 236)

181. Depois que o sacerdote disse a oração pela paz e: A paz do Senhor esteja sempre convosco, o povo responde: O amor de Cristo nos uniu, o diácono, se for o caso, faz o convite à paz, dizendo, de mãos juntas e voltado para o povo: Meus irmãos e minhas irmãs, saudai-vos em Cristo Jesus. Ele, por sua vez, recebe a paz do sacerdote e pode oferecê-la aos outros ministros que lhe estiverem mais próximos.

182. Tendo o sacerdote comungado, o DIÁCONO RECEBE a Comunhão sob as duas espécies do próprio sacerdote e, em seguida, ajuda o sacerdote a distribuir a Comunhão aos demais comungantes e, terminada a distribuição, consome logo com reverência, junto ao altar, todo o Sangue de Cristo que tiver sobrado, com a ajuda, se for o caso, dos demais diáconos e dos presbíteros.

183. Concluída a distribuição da Comunhão, o DIÁCONO volta com o sacerdote ao altar e reúne os fragmentos, se os houver. A seguir, leva o cálice e os outros vasos sagrados para a credência, onde os purifica e compõe como de costume, enquanto o sacerdote regressa à cadeira. Podem-se deixar devidamente cobertos na credência, sobre o corporal, os vasos a purificar e purificá-los imediatamente após a Missa, depois da despedida do povo.

Ritos Finais
185. Se for usada a oração sobre o povo ou a fórmula da bênção solene, o DIÁCONO diz: Inclinai-vos para receber a bênção. Dada a bênção pelo sacerdote, o DIÁCONO despede o povo, dizendo de mãos unidas e voltado para o povo: Ide em paz e o Senhor vos acompanhe.

186. A seguir, junto com o sacerdote, venera com um ósculo o altar e, feita uma inclinação profunda, retira-se como à entrada. (V.274)

206. Ninguém se associe nem seja admitido a concelebrar, depois de já iniciada a Missa.

236. A doxologia final da Oração eucarística é proferida somente pelo sacerdote celebrante principal.

239. Depois do convite do DIÁCONO ou, na sua ausência, de um dos concelebrantes: Meus irmãos e minhas irmãs, saudai-vos em Cristo Jesus, todos se cumprimentam. Os que se encontram mais próximos do celebrante principal recebem a sua saudação antes do DIÁCONO.

240. Durante o Cordeiro de Deus, os DIÁCONOS ou alguns dos concelebrantes podem auxiliar o celebrante principal a partir as hóstias para a Comunhão dos concelebrantes e do povo.

Rito da Comunhão
249. O DIÁCONO também comunga por intinção, respondendo Amém ao concelebrante que lhe diz: O Corpo e o Sangue de Cristo.

O DIÁCONO, junto ao altar, consome, com reverência, todo o Sangue que restar (fazendo a oração: Fazei, Senhor, que conservemos...) , ajudado, se for preciso, por alguns dos concelebrantes; leva-o, em seguida, à credência, onde ele mesmo ou um acólito legitimamente instituído, como de costume, o purifica, enxuga e compõe.

251. Os Concelebrantes, antes de se afastarem do altar, fazem-lhe uma profunda inclinação. O celebrante principal, com o DIÁCONO, porém, como de costume, beija o altar em sinal de veneração.

Genuflexão e inclinação
274. Se houver no presbitério tabernáculo com o Santíssimo Sacramento, o sacerdote, o DIÁCONO e os outros ministros fazem genuflexão, quando chegam ao altar, e quando dele se retiram, não, porém, durante a própria celebração da Missa.

Incensação ou turificação
277. Antes e depois da turificação faz-se inclinação profunda à pessoa ou à coisa que é incensada, com exceção do altar e das oferendas para o sacrifício da Missa.

São incensados com três ductos do turíbulo: o Santíssimo Sacramento, as relíquias da santa Cruz e as imagens do Senhor expostas para veneração pública, as oferendas para o sacrifício da Missa, a cruz do altar, o Evangeliário, o círio pascal, o sacerdote e o povo.

Com dois ductos são incensadas as relíquias e as imagens dos Santos expostas à veneração pública, mas somente uma vez no início da celebração, após a incensação do altar.

284. Quando a Comunhão é dada sob as duas espécies: quem serve ao cálice é normalmente o DIÁCONO.

310. A cadeira para o DIÁCONO esteja junto da cadeira do celebrante. (à direita)

336. A alva é a veste sagrada comum a todos os ministros ordenados e instituídos de qualquer grau; ela será cingida à cintura pelo cíngulo, a não ser que o seu feitio o dispense.

338. A veste própria do DIÁCONO é a dalmática sobre a alva e a estola; contudo, por necessidade ou em celebrações menos solenes a dalmática pode ser dispensada.

340. A estola é colocada pelo sacerdote em torno do pescoço, pendendo diante do peito; o DIÁCONO usa a estola a tiracolo sobre o ombro esquerdo, prendendo-a do lado direito.


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CERIMONIAL DOS BISPOS
74. O DIÁCONO na proclamação do Evangelho, no ambão, de pé, voltado para o povo, depois de saudar o povo de MÃOS JUNTAS, faz o sinal da cruz primeiro sobre o livro, no início do Evangelho que vai ler, e depois sobre si mesmo na fronte, na boca e no peito. (proclama o Evangelho de mãos juntas). Atenção: Jamais leve o folheto litúrgico para ser osculado pelo Bispo, mas somente o Livro.

76. O Bispo é saudado com inclinação profunda.

77. Quando a cátedra do Bispo fica por trás do altar, os ministros saúdam o Bispo ou o altar, evitando, contudo, passar entre os dois.

78. Se no presbitério houver vários bispos, a reverência é feita apenas ao que preside.

80. Nas procissões de entrada, o Bispo que preside à celebração litúrgica vai sempre só, atrás dos presbíteros, mas à frente dos DIÁCONOS que o assistem, que o acompanham um pouco atrás.

92. SãO INCENSADOS COM TRÊS DUCTOS : Santíssimo Sacramento, a relíquia da Santa Cruz, as imagens de Cristo, as oferendas, a cruz do altar, o livro dos Evangelhos, o círio pascal, o Bispo ou Presbítero celebrante, a autoridade oficialmente presente, o coro, o povo, o corpo do defunto. SãO INCENSADOS COM DOIS DUCTOS : apenas as relíquias e imagens de SANTOS expostas à pública veneração.


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CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
1569. Na ordenação diaconal SOMENTE O BISPO IMPÕE AS MÃOS

1630. O DIÁCONO que assiste o Matrimônio e acolhe o consentimento dá a bênção em nome da Igreja.


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CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO
517. Pode ser confiado a um DIÁCONO o cuidado pastoral de uma paróquia (§ 1. Quando as circunstâncias assim o requeiram, o cuidado pastoral de uma ou de várias paróquias de uma vez, pode encomendar-se solidariamente a vários sacerdotes, com a condição, mesmo assim, de que um deles seja o moderador da atenção pastoral, quer dizer, que dirija a atividade conjunta e responda por ela ante o Bispo. § 2. Se, por escassez de sacerdotes, o Bispo diocesano considera que deva encomendar-se uma participação no exercício do cuidado pastoral da paróquia a um DIÁCONO ou a outra pessoa que não tem o caráter sacerdotal ou bem a uma comunidade, então designará a um sacerdote que dotado das potestades e faculdades do pároco, dirija a atenção pastoral).

757. Compete aos DIÁCONOS servir o povo de Deus no ministério da palavra (É próprio dos presbíteros, que são cooperadores dos Bispos, anunciar o Evangelho de Deus; tem esta obrigação principalmente, enquanto ao povo a eles encomendado, os párocos e aqueles outros a quem se confia a cura de almas, também aos DIÁCONOS corresponde servir ao Povo de Deus no ministério da Palavra, em comunhão com o Bispo e seu presbitério).

764. Os DIÁCONOS têm a faculdade de pregar em qualquer lugar (ficando a salvo o prescrito no cânon 765, os presbíteros e os DIÁCONOS gozam da faculdade de pregar em todas partes, que deverão exercer com o consentimento ao menos presunto do reitor da igreja, a não ser que esta faculdade lhes haja sido restringida ou tirada pelo Ordinário competente ou que por lei particular se requeira licença expressa).

767. A homilia é reservada ao sacerdote ou DIÁCONO (§ 1. Entre as formas de pregação se destaca a homilia, que é parte da mesma liturgia e que está reservada ao sacerdote ou ao DIÁCONO; nela, ao longo do ano litúrgico, se exporão os mistérios da fé e as normas de vida cristã, a partir do texto sagrado. § 2. Deve ater-se à homilia, e não se pode omitir sem causa grave, em todas as Missas dos domingos e festas de preceito, que se celebram com concurso do povo. § 3. Recomenda-se muito que, si se dá suficiente concorrência do povo, se tenha a homilia também nas Missas que se celebrem entre a semana, sobretudo no tempo de advento e quaresma ou com ocasião de uma festa ou de um acontecimento lutuoso. § 4. Corresponde ao pároco ou reitor da igreja cuidar de que estas prescrições se cumpram religiosamente). Os leigos podem ser admitidos somente em casos bem particulares (c. 766).

86l. Ministro ordinário do Batismo é o Bispo, o Presbítero e o DIÁCONO.

910. Ministro ordinário da Sagrada Comunhão é o Bispo, o Presbítero e o DIÁCONO (§ 1. É ministro ordinário da sagrada comunhão o Bispo, o presbítero e o diácono. § 2. É ministro extraordinário da sagrada comunhão o acólito assim como outro fiel designado a teor do cânon 230 § 3).

943. Ministro da exposição e da bênção com o Santíssimo Sacramento é o sacerdote ou o DIÁCONO. Em casos especiais ministros e acólitos fazem exposição e reposição (O ministro da exposição do Santíssimo Sacramento e da bênção eucarística é o sacerdote ou o DIÁCONO; em circunstâncias peculiares, para a exposição e reserva, mas sem a bênção, são o acólito, o ministro extraordinário da sagrada comunhão ou outro encarregado pelo Ordinário do lugar, observando as prescrições do Bispo diocesano).

1169. O DIÁCONO pode dar todas as bênçãos concernentes ao seu ministério (§ 1. As consagrações e dedicações podem realizá-las validamente quem tem caráter episcopal assim como os presbíteros aos que se lhes permite pelo direito ou por legítima concessão. § 2. As bênçãos, excetuadas aquelas que se reservam ao Romano Pontífice ou aos Bispos, podem ser dadas por qualquer presbítero. § 3. O DIÁCONO pode dar somente aquelas bênçãos que se lhe permitam expressamente no direito).

Nota: Pela rubrica do Missal Romano quem convida para rezar o "Pai Nosso" é o sacerdote e não o diácono.

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CELEBRAÇÃO DA PALAVRA
O diácono pode usar o Folheto Litúrgico normal.

Na oração da Assembléia acrescenta-se: oração pelo Papa, pelo Bispo, pelo Clero, pelos enfermos, pelos falecidos e pela assembléia.

Pode haver canto do "Ofertório", desde que não fale em "pão e vinho", enquanto os fiéis fazem a oferta do dízimo, alimentos, etc.
Depois dessa oferta, pula-se direto para o "Pai Nosso".

Não se reza e não se canta o "Cordeiro de Deus" (Agnus Dei)

O restante é de acordo com o folheto.

(Mais detalhes consultar o "Documento Azul nº 52, da CNBB)

A Formação para o serviço da Catequese





1. Necessidade da formação catequética



A formação dos catequistas é atualmente uma das tarefas mais urgentes de nossas comunidades, pois, “o catequista é de certo modo, o intérprete da Igreja junto aos catequizandos” (DCG 35).

“Qualquer atividade pastoral que não conte para sua realização, com pessoas realmente formadas e preparadas, coloca em risco a sua qualidade” (DGC 234), portanto, é preciso contar com uma adequada pastoral de catequese que possa:

Suscitar vocações para a catequese;
Distribuir melhor os catequistas entre os diversos setores;
Organizar a formação dos catequistas (de base e permanente);
Atender pessoal e espiritualmente os catequistas e formar um grupo de catequistas integrado à vida da comunidade.

O objetivo principal da formação do catequista é o de prepará-lo para comunicar a mensagem cristã, àqueles que desejam entregar-se a Jesus Cristo. A finalidade da formação requer, portanto, que o catequista se torne o mais capacitado possível a realizar sua missão.


2. Critérios para a formação do catequista

O Diretório Geral para a Catequese no nº 237, apresenta alguns critérios inspiradores para formação do catequista:

Formar catequistas com fé profunda; clara identidade cristã e eclesial; profunda sensibilidade social

Capazes de transmitir não apenas um ensinamento, mas também uma formação cristã integral, desenvolvendo “tarefas de iniciação, de educação e de ensinamento”. São necessários catequistas que sejam ao mesmo tempo, mestres, educadores e testemunhas.


Capazes de superar “tendências unilaterais divergentes” e de oferecer uma catequese plena e completa. Isto é, precisamos saber conjugar fé e vida, num sentido social e eclesial.

Há também necessidade de se investir na formação específica para o leigo, grande maioria na catequese.

e, por último, o DGC aponta para a importância fundamental da formação pedagógica. “Seria muito difícil para o catequista improvisar, na sua ação, um estilo e uma sensibilidade para os quais não tivesse sido iniciado durante a sua própria formação.” (DGC 237).


3. Dimensão da formação

Além dos critérios inspiradores, a formação do catequista possui as seguintes dimensões: SER, SABER E SABER FAZER.

“A mais profunda se refere ao próprio ser do catequista, à sua dimensão humana e cristã. A formação de fato deve ajudá-lo a amadurecer, antes de mais nada, como pessoa, como fiel e como apóstolo. Depois há o que o catequista deve saber para cumprir bem a sua tarefa. (...) Enfim há a dimensão do saber fazer, já que a catequese é um ato de comunicação. A formação tende a fazer do catequista um “educador do homem e da vida do homem” (DGC 238).

O catequista precisa estar em contínua formação humana e cristã. Por isso, não bastam os cursinhos de início de ano. Estes são muito mais momentos de sensibilização para o trabalho catequético e não indicadores de que, ao participar destes encontros, o catequista esteja em condições de realizar bem a tarefa pastoral.


4. Elementos da formação

A formação deve levar em conta o duplo movimento de fidelidade: a Deus e ao homem.



BÍBLICA
DOUTRINAL

LITURGICA

ESPIRITUAL

FIDELIDADE
A
DEUS

FORMAÇÃO
ANTROPOLÓGICA
PEDAGOGICA

SOCIOLOGICA

METODOLOGICA

FIDELIDADE
AO
HOMEM


A missão que o Catequista é chamado a realizar exige:

a) intensa vida sacramental e espiritual;

b) familiaridade com a oração;

c) profunda admiração pela mensagem cristã;

d) uma atitude de caridade, humildade e prudência que permita ao Espírito Santo realizar sua obra fecunda nos catequizandos.


Sendo a catequese um processo permanente de educação da fé, também a formação do catequista deve ser permanente, pois o catequista terá sempre coisas para aprender em toda a sua vida. “Além de testemunha, o catequista deve ser mestre que ensina a fé. Uma formação bíblico-teológica lhe fornecerá um conhecimento orgânico da mensagem cristã articulada a partir do mistério central da fé, que é Jesus Cristo” (DGC 240).


5. Conteúdos a serem aprofundados

O conteúdo desta formação doutrinal é exigido pelas diversas partes que compõem todo o projeto orgânico de catequese:

As três grandes etapas de história da salvação: Antigo Testamento, Vida de Jesus Cristo e História da Igreja;

Os grandes núcleos da mensagem cristã: Símbolo, Liturgia, Vida Moral e Oração.

A Sagrada Escritura deverá ser como a alma desta formação e o Catecismo da Igreja Católica o ponto de referência doutrinal fundamental, juntamente com os materiais catequéticos publicados. Além disso, precisamos conhecer os documentos do Magistério da Igreja. A leitura e reflexão destes livros deverão estar sempre presentes na vida do catequista.

Para uma formação integral, “é necessário que o catequista entre em contato, pelo menos, com alguns elementos fundamentais da psicologia (...) As ciências sociais procuram o conhecimento do contexto sócio-cultural em que o homem vive e pelo qual é fortemente influenciado” (DGC 242).

Além destes conhecimentos, precisamos aprender alguns elementos da ciência da comunicação: dinâmicas de grupo, utilização dos recursos didáticos e meios audiovisuais e também aproveitar das riquezas da informática.

Por fim, é importante que o catequista conheça o valor do planejamento, da avaliação e alguns princípios de metodologia.

Como se vê, a formação do catequista é algo complexo e dinâmico. Precisamos de humildade e entusiasmo para aprender sempre.


6. Sugestões de atividades formativas

Não podemos esquecer que a formação do catequista acontece, em primeiro lugar, na comunidade cristã. “É nesta que os catequistas experimentam a própria vocação e alimentam constantemente a própria sensibilidade apostólica”(DGC 246).

Para isso o coordenador procurará...

· motivar o grupo de catequistas para reuniões mensais de preparação dos encontros catequéticos. Deve-se ver o melhor dia e horário para cada grupo (catequese infantil, iniciação eucarística, perseverança, adultos, especial, ...), ainda que sejam em dias diferentes para cada grupo.

Daí a necessidade de haver coordenadores específicos para cada grupo.

· garantir um encontro anual para o “grupão” de catequistas se reunir e aprofundar algum tema necessário para a sua formação integral;

· incentivar a participação dos catequistas em cursos da paróquia, ou em encontros formativos da região, setor e arquidiocese.

Vamos aprender a trabalhar com representatividade? Se não der para enviar todos, insista para que, ao menos um catequista esteja presente nestes momentos e torne-se agente multiplicador na comunidade.

não esquecer dos auxiliares, que se preparam para ser catequistas: eles merecem uma atenção especial, a mesma qualidade de formação.



incentivar a participação dos catequistas na Escola da Fé Paroquial.

“Formar os formadores”, esta deve ser uma meta constante da equipe de coordenação da catequese. Logo, a formação “possibilitará o crescimento do catequista no equilíbrio afetivo, no senso crítico, na unidade interior, na capacidade de relações e de diálogo, no espírito construtivo e no trabalho de grupo” (DGC 239). Iintegrar o conhecimento numa vida correta, inspirada pelos valores do Evangelho para anunciar a Palavra de Deus, é a meta do catequista.


7. Conclusão:

Ninguém nasce catequista. Aqueles que são chamados a esta missão tornam-se bons catequistas através da prática, da reflexão e da preparação adequada. Para colaborar na formação de discípulos de Cristo, o catequista deve ser, em primeiro lugar, um discípulo amoroso, humilde, alegre e fiel.

A fé foi colocada por Deus no coração do homem. A tarefa do catequista é a de cultivar este Dom, alimentá-lo e ajudá-lo a crescer primeiro em seu coração para que deixe transbordar esta experiência de vida cristã para os irmãos.


Siglas utilizadas:

DCG – Diretório Catequético Geral, Sagrada Congregação para o Clero, 1971.

DGC – Diretório Geral para a Catequese, Sagrada Congregação para o Clero, 1997.

A dimensão da Teologia da Palavra na Liturgia




O MISTÉRIO DA PALAVRA DE DEUS

A Palavra de Deus é a primeira e a fundamental realidade à qual se liga todo o desenrolar do mistério cristão. A Palavra não representa apenas certo aspecto secundário da ação de Deus, mas, ao contrário, abrange toda a revelação.
Com a Palavra, Deus cria o céu e a terra; por meio da Palavra, ele se revela aos homens; pela proclamação da Palavra, nossa Salvação se torna ato, se realiza. Deus, falando, cria e opera toda a obra da Salvação.
A palavra de Deus é acontecimento, onde o Pai entra na história, onde o Filho prolonga o mistério de sua Páscoa e o Espírito atua com sua força. As celebrações da Palavra de Deus, especialmente aos domingos, fundamentam-se no caráter sacerdotal de cada batizado e batizada. “Ele fez para nós um Reino de sacerdotes”, nos recorda o Apocalipse. “Ele te unge sacerdote”, repetimos em cada celebração batismal. Isso é, cada celebração da Palavra é uma forma do povo consagrado “proclamar as maravilhas daquele que nos chamou das trevas à luz”.

ENCARNAÇÃO DA PALAVRA ETERNA (A PALAVRA E O VERBO)

Deus, que é pleno de amor e misericórdia, quer salvar e fazer com que todas as pessoas cheguem ao conhecimento da verdade (cf. SC 5).
Desde o Antigo Testamento vemos um Deus bondoso, que planejando e preparando com solicitude a salvação das pessoas, escolhe um povo a quem confia suas promessas (cf. Gn 15,18; Ex 24,8) e se revela, por meio de palavras e obras, a este povo eleito, como Deus único, vivo e verdadeiro (cf. DV 14).
As ações salvíficas eram explicadas pelas palavras dos profetas. Finalmente, quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à lei, para resgatar os que estavam sob o jugo da lei (Gl 4,4); assim a palavra fez-se carne e habitou entre nós (Jo 1,14). Até então, a comunicação entre Deus e a pessoa humana era de uma maneira fragmentada e por etapas (cf. Hb 1,1). Em Jesus Cristo, essa comunicação é completa, pois Ele é a palavra única, perfeita e insuperável do Pai. Nele o Pai disse tudo, e não haverá outra palavra senão essa.
Pela Palavra, que se fez carne (Jo 1,14), toda a carne é chamada a se tornar palavra de louvor a Deus (Hb 13,15). A Palavra de Deus, que fez e faz a história, já está presente na consciência de cada homem, ainda que, por vezes, de modo implícito.
Está presente na obra da criação, onde deixou seus vestígios (sementes do Verbo); esta mesma Palavra é levada às pessoas e aos povos pela evangelização, aprofundada pela catequese, celebrada pelos sacramentos e concretizada na vida diária.

CRISTO É A PERFEITA ENCARNAÇÃO DA PALAVRA

Cristo, sendo o Deus que revela, é, ao mesmo tempo, o Deus revelado. O Deus verdadeiro que Ele ensina é o Deus por Ele anunciado e nele reconhecido, assim como ao confessarmos o Filho confessamos também o Pai. Cristo é a verdade que nos liberta da mentira, o Amor que nos livra da solidão de nosso egoísmo. “Ele é a Verdade e a Vida” (Jo 14,6), a Verdade que nos ensina (Tt 2,12), “ouvi-O”, diz-nos o Pai (Mt 7,5).
O Cristo não pode ser comparado, sob este ponto de vista, com Buda, Maomé, Confúcio ou qualquer outro fundador de religião. Nas outras religiões, a doutrina e seu objeto distinguem-se do fundador. Aqui, pelo contrário, a doutrina do Cristo tem o Cristo como objeto. Nossa fé é a fé no Cristo como Deus. A salvação é uma opção a favor ou contra Cristo. O Cristo é, pois, a plenitude da revelação.
A Palavra é viva quando o interlocutor está presente e ela soa atualmente de sua boca.


DIMENSÃO CRISTOCÊNTRICA DA PALAVRA

Cristo: centro, mediador e plenitude da revelação
Jesus Cristo, encarnado na história humana até ao ponto de dar a vida para a salvação do mundo, é o centro e a plenitude da revelação, por isso é o centro das Escrituras. Toda a evocação da história da salvação gira em torno dele e é a partir dele que é realizada a leitura e interpretação da Sagrada Escritura – Antigo e Novo Testamento. Em Cristo tudo tem sentido, tudo fica esclarecido e tudo se orienta para ele, pois, principalmente pelo mistério pascal de sua sagrada paixão, ressurreição dos mortos e gloriosa ascensão, completou a obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus (cf. SC 5).

A comunidade reunida em oração, pelo poder do Espírito Santo, anuncia e celebra o mistério pascal de Cristo, cada vez que proclama os dois testamentos. “No Antigo está latente o Novo, e no Novo se faz presente o Antigo. O centro e a plenitude de toda a Escritura e de toda celebração litúrgica é Cristo; por isso, deverão beber de sua fonte todos os que buscam a salvação e a vida”( Introdução do Ordo Lectionum Missae, n. 5. Ver também Dei Verbum, n. 2, 3, 7, 15, 16, 24).

A igreja, praticante da palavra de Deus
Podemos dizer que a palavra faz a Igreja e a Igreja faz nascer a palavra, não no sentido de inventá-la, mas ao encarná-la e atualizá-la em sua realidade. Vejamos a afirmação do Ordo Lectionum Missae: “A Igreja cresce e se constrói ao escutar a palavra de Deus, e os prodígios que de muitas formas Deus realizou na história da salvação fazem-se presentes, de novo, nos sinais da celebração litúrgica, de um modo misterioso, mas real; Deus, por sua vez, vale-se da comunidade dos fiéis que celebra a liturgia, para que a sua palavra se propague e seja conhecida, e seu nome seja louvado por todas as nações. Portanto, sempre que a Igreja, congregada pelo Espírito Santo na celebração litúrgica, anuncia e proclama a palavra de Deus, se reconhece a si mesma como o novo povo, no qual a aliança, antigamente travada, chega agora à sua plenitude e perfeição. Todos os cristãos, que pelo batismo e a confirmação no Espírito se converteram em mensageiros da palavra de Deus, depois de receberem a graça de escutar a palavra, devem anunciá-la na Igreja e no mundo, ao menos com o testemunho de sua vida. Esta palavra de Deus, que é proclamada na celebração dos divinos mistérios, não só se refere às circunstâncias atuais, mas também olha o passado e penetra o futuro, e nos faz ver quão desejáveis são as coisas que esperamos, para que, no meio das vicissitudes do mundo nossos corações estejam firmemente postos onde está a verdadeira alegria” (OLM 7).
A palavra edifica a Igreja, povo de batizados, que reunida em assembléia, movida pelo dom do Espírito Santo, abre o ouvido do coração para escutar, celebrar e mais ainda, para proclamar e anunciar o acontecimento da salvação.
Somente a presença de Cristo impede que a Palavra se transforme em mero documento histórico. A Igreja tem o privilégio dessa presença, porque ela se identifica com o Cristo: ela é a sua continuação. Onde, pois, está a Igreja, aí está sua Palavra viva.

DIMENSÃO SACRAMENTAL DA PALAVRA

Nos sacramentos, a palavra opera aquilo que anuncia: é eficaz, operante, para santificar aquele que a acolhe como dom de Deus. Aí se realiza o pacto da Aliança e tudo deve convergir para a realização plena e diária desta Aliança.
A Palavra lembrada e realizada no sacramento deve transformar a existência do ouvinte. A liturgia realiza, pois, o contínuo diálogo de Deus com seu povo reunido.
O Senhor ora interpela, ora ensina, ora exorta, ora “diz e faz”. A assembléia, por sua vez, escuta, responde, medita, suplica, dá graças, até identificar-se com a Palavra.
A celebração da Palavra é um verdadeiro ato litúrgico. Tem força sacramental. Cristo se torna presente e nos faz participantes de seu mistério pascal pela reunião da comunidade, pelas leituras proclamadas e comentadas, pelos cantos e orações. O Concílio Vaticano II diz: “É Cristo mesmo que fala quando se lêem as Sagradas Escrituras na igreja. Ele está presente quando a Igreja ora e salmodia” (SC 7). Ele que prometeu: Onde dois ou três estiveram reunidos em meu nome, aí estarei no meio deles (Mateus 18,20).
A reunião dos irmãos e o amor que os une, torna visível, palpável e manifesta a união com Jesus Cristo e com o Pai, no Espírito Santo. Não só torna visível, mas faz também crescer nossa união com Ele.
Assim como a Eucaristia, também a Palavra é Pão da Vida. “Eu sou o Pão da Vida: quem vem a mim já não terá fome e quem crê em mim, jamais terá sede... As Palavras que vos tenho dito são espírito e vida...” (Jo 6,35.65).
O único Pão da Vida é partilhado de duas maneiras: à mesa da Palavra e à mesa da Eucaristia, representadas respectivamente pela Estante da Palavra e o Altar. São duas formas diferentes e complementares da presença real de Jesus no meio de seu povo para realizar nele a sua Páscoa.
“Em Jesus Cristo a palavra de Deus não só se tornou audível, mas visível”. “O verbo se fez carne e habitou entre nós”.