quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Catequese e Querigma
O Querigma (Parte I) - Querigma e Catequese
É urgente a necessidade de evangelização não só de quem está fora, mas até mesmo dentro da Igreja. Esta matéria será baseada em alguns trechos do bom livro "Como evangelizar os batizados" (ed.Loyola) de J.H. Prado Flores, que foi escrito justamente para ser usado nos cursos dados pela "Evangelização 2000". A todo aquele que desejar trabalhar como evangelizador e, principalmente, como formador de evangelizadores, eu recomendo fortemente a leitura deste livro. Segue a matéria.
No princípio da vida da Igreja, batizavam-se somente os convertidos. Hoje em dia a tarefa é o inverso: converter os batizados. A Igreja precisa ser evangelizada em seu interior para que ela se converta em Boa Nova para o mundo. Por isso, hoje, evangelizar os batizados é imperativo urgente.
A evangelização se dá em dois momentos sucessivos que são complementares e interdependentes:
• O Querigma: Primeiro anúncio de Jesus
• A Catequese: Ensino progressivo da fé
São 2 passos consecutivos, onde o querigma sempre deve anteceder à catequese. Se o querigma é a forte badalada do sino, a catequese é o eco da badalada. A catequese prolonga o anúncio querigmático. Não é fria doutrina ou meros ensinamentos teóricos, mas a extensão e a plenitude da nova vida trazida por Jesus. A vida nos é dada pela fé com que respondemos ao anúncio querigmático, mas a vida em abundância chega à sua plenitude, através da catequese vivida na fé.
O grande erro pedagógico foi sempre o de primeiro catequisar para depois "cristianizar", ou seja, insistem-se, primeiro, em catequisar os fiéis. No entanto, esqueceu-se o princípio fundamental exigido por Jesus a Nicodemos: É necessário nascer de novo.
Para que a vida de alguém cresça, é necessário ter antes nascido. Não se pode crescer na fé se, antes, não se nasceu para ela. O querigma conduz a este fim: através da apresentação de Jesus, ter uma experiência de vida nova graças à fé e à conversão e experimentar Jesus vivo como Salvador pessoal, como Senhor de toda a vida e como Messias que dá o Espírito Santo, para transformar nosso mundo pelo amor.
Entretanto, para evangelizar estamos colocando o rico alimento da doutrina e da moral cristã junto a cadáveres que não têm a vida de Jesus. Estamos alimentando os mortos. Quando Jesus ressuscitou a filha de Jairo, primeiro devolveu-lhe a vida, entregando-a depois a seus pais (a comunidade) para que lhes desse o alimento. Não podemos suprir com catequese aquilo que é uma experiência de vida nova. A catequese, para produzir fruto abundante que permaneça, deve estar em seu lugar: sempre depois do anúncio querigmático.
O querigma é apresentar Jesus, de modo que o indivíduo tenha uma experiência pessoal do Amor de Deus, suscitando nele uma resposta de fé e entusiasmo por Deus e sua Igreja. Somente, então, o indivíduo sentirá desejo e necessidade de se aprofundar na vida nova que experimentou. Então, ele mesmo buscará a catequese para consolidar sua fé em Jesus e na sua Igreja. Quando se inverte esta ordem, ou seja, evangelizando-se a partir da catequese, damos alimento sólido a quem não deseja, pois ainda está cego ou espiritualmente morto. É como jogar pérolas aos porcos.
Como resultado, não se interessam pelo precioso alimento recebido, pois "morto" não se alimenta. Por isso, antes de dar o alimento sólido da catequese, é necessário, primeiro, que o indivíduo renasça espiritualmente e o deseje com fervor, ou seja, tenha experimentado o amor de Deus e a conversão, mediante o anúncio do querigma. Em resumo, o querigma produz o renascimento da vida espiritual, enquanto a catequese, depois, alimenta esta vida espiritual dando-lhe o crescimento.
Quadro comparativo entre Querigma e Catequese:
• No querigma o objetivo é nascer de novo, ter vida. Na catequese é crescer em Cristo, ter vida em abundância.
• No querigma o contúdo é o anúncio de Jesus, morto, Salvador, Ressuscitado, Senhor, Glorificado e Messias. Na catequese o conteúdo é a explicação da doutrina da fé, moral, dogmas, Biblia, etc.
• No querigma o método utilizado é a proclamação de Jesus como a Boa Nova e o testemunho pessoal, visando estimular a vontade do evangelizando (= aquele que está sendo evangelizado) . Na catequese o método utilizado é o ensino ordenado e progressivo da Fé de toda Igreja, visando iluminar o entendimento.
• No querigma o agente é o evangelizador, que é um testemunha cheio do Espírito Santo. Na catequese, o agente é o catequista, que é um mestre cheio do Espírito Santo.
• No querigma a meta é o encontro pessoal com Jesus pela fé e conversão e a proclamação de Jesus como Senhor e Salvador. Na catequese a meta é o encontro com o Corpo de Cristo: a comunidade Igreja e, assim, desenvolver a santidade do povo de Deus.
• No querigma o evagelizando dá uma resposta pessoal: Meu Senhor e meu Salvador. Na catequese, a resposta é comunitária: Nosso Senhor, Nosso Salvador.
O Querigma (Parte II) - Os 3 Personagens da Evangelização
Na evangelização há 3 personagens: O Evangelizador, o Evangelizando e o Espírito Santo. Cada um com seu papel bem claro e definido, que não deve ser suplantado pelo outro.
1) O Evangelizando: Escuta e Responde a Deus
• Seu papel é escutar a Palavra anunciada pelo evangelizador
• Ele, e somente ele, dá uma resposta à Palavra proclamada, com uma atitude tanto interior, quanto exterior
• Ele se confessa pecador e pede perdão de seus pecados
• Proclama Jesus como Senhor de sua vida
• Pede a Jesus Messias o Espírito Santo e o recebe
Não lhe compete:
• Discutir com o evangelizador. Porém, é legítimo que faça perguntas e tire dúvidas
• Dar, mas apenas receber
• Justificar-se: "eu não faço nada de mal", nem condenar-se: "eu não tenho perdão"
2) O Espírito Santo: Convence e Converte
• A proclamação e o testemunho do evangelizador são instrumentos necessários, mas apenas instrumentos, já que o agente principal da evangelização é o Espírito Santo. Ele atua tanto no evangelizador quanto no evangelizando.
Atuação do Espírito Santo no evangelizador:
• Dá-lhe zelo pelo Evangelho
• Unge-o e usa-o como canal de sua obra
• Enche-o de poder e amor
Atuação do Espírito Santo no evangelizando:
• Usando as palavras e atitudes do evangelizador como veículo de sua obra salvífica, o Espírito Santo é quem realiza com eficácia a obra da evangelização, infundindo a fé, para convencê-lo de que é pecador necessitado de salvação e, em consequencia, que proclame Jesus como Salvador e Senhor.
3) O Evangelizador: Proclama e Testemunha
• Proclama Jesus, uma Pessoa Viva e seus atos de Salvação
• Anuncia jubilosamente a Boa Nova: Já fomos salvos
• Apresenta Jesus Salvador como a única solução para cada homem, para a sociedade e para o mundo inteiro
• É testemunha e dá testemunho: Com sua própria vida e em todo tempo e lugar, é testemunha de que graças a Jesus é possível viver de uma maneira nova neste mundo, e que sua morte e ressurreição são eficazes nos dias atuais. E testifica com palavras o que Deus realizou nele
Não lhe compete:
• Ensinar teorias ou apresentar doutrinas
• Defender Deus. O advogado é o Espírito Santo
• Tentar convencer o evangelizando com argumentos, citações bíblicas, sugestão ou qualquer tipo de manipulação dos sentimentos
• Converter e transformar as pessoas, pois quem converte e transforma é o Espírito Santo
• Chantagear ou assustar o evangelizando
• Ver o fruto terminado da obra de evangelização
Há 4 condições necessárias para se poder ser um evangelizador e, posteriormente, um formador de evangelizadores:
• Ter experiência de salvação
• Ter zelo pelo evangelho
• Análise da realidade
• Viver o Evangelho
Analisemos estas condições:
1) Ter experiência de salvação
A primeira experiência de todo evangelizador é ter tido uma experiência pessoal de salvação. Não basta saber muita doutrina, ser diplomado em teologia ou ter título ou função na Igreja. É necessário "ter nascido de novo", como exigia Jesus do sábio Nicodemos (Jo 3,3). O evangelizador não é um mestre, mas sim uma testemunha: proclama Jesus Salvador e dá testemunho do que viu e ouviu. Não só sabe que Deus é Amor: Ele teve a experiência pessoal de ser amado incondicionalmente. Já teve seu encontro pessoal com Jesus e o proclamou seu Salvador pessoal e Senhor de toda sua vida. O Espírito Santo o marcou com um selo indelével. Se proclama que Jesus salva, é porque antes ele já viveu essa salvação na própria carne.
2) Ter zelo pelo evangelho
O zelo pelo Evangelho é um desejo intenso de que Cristo Jesus seja conhecido, amado e servido por todos os homens e, ao mesmo tempo, é um compromisso com o homem para que seja mais digno, mais livre, mais homem.
O zelo pelo Evangelho é um fogo implacável no coração, que não se deixa extinguir e que procura incendiar a todos. É uma espada afiada que não se detém diante de nenhuma dificuldade, até deixar semeada a semente da Palavra de Deus no mundo. É boca de profeta que não cala por respeitos humanos, estruturas asfixiantes ou medo disfarçado de prudência."Calçados com o zelo pelo Evangelho" (Ef 6,15), seu único acompanhante é o bastão, como o de Moisés, para mostrar que, com o poder de Deus, é possível atravessar o Mar Vermelho das dificuldades e dos problemas.
Esse zelo deve converter-se em paixão, que coloca o trabalho evangelizador acima de qualquer outra coisa na vida. E mais: É necessário a obsessão de que o que importa na vida é anunciar a pessoa, a vida e os ensinamentos de Jesus, assim como instaurar seu Reino de justiça, gozo e paz neste mundo.
Paulo estava cheio desse zelo quando exclamava: "ai de mim senão evangelizar", por isso, era capaz de superar todas as adversidades que nos conta em 2Cor 11,23-29.
3) Análise da realidade
A mensagem não é uma camisa-de-força que se impõe, e sim uma opção que propõe a homens livres, inseridos numa cultura, para que com sua vontade tomem a decisão de viver o Evangelho, implantando os valores do Reino em sua realidade histórica.
As estruturas sócio-políticas e culturais são o terreno onde se semeia a palavra. Nesse marco concreto, o Evangelho se encarna para transformar as situações de pecado. Aculturar o Evangelho é o grande desafio dos evangelizadores, sob pena de permanecer no superficial ou no sentimental.
4) Viver o Evangelho
O estilo de vida do evangelizador determina a mensagem que transmite, seja porque adquire alta reputação, seja porque se desprestigia. O evangelizador não é um frio transmissor de uma propaganda, mas ele encarna a mensagem, convertendo-se ele próprio, com seu estilo de vida, em parte da mensagem.
Isso exige que ele creia profundamente naquilo que prega e que viva de acordo com o que crê. O evangelizador não é um simples propagandista. Ele vive de acordo com a mensagem que transmite. Se não existe congruência entre a vida e a mensagem, ela desvirtua-se e é mal interpretada, pois não é possível esperar que os outros creiam naquilo que o evangelizador não professa.
Paulo, porque vive o que prega, atreve-se a dizer: Sejam meus imitadores como eu mesmo o sou de Cristo.
O Querigma (Parte III) - Pedagogia para fazer o Anúncio Querigmático
1) O Querigma deve ser Atual: Hoje
Não se trata de falar de acontecimentos perdidos no passado, nem sequer há 2 mil anos atrás, mas sim de forma atual, tornando presente a eficácia da salvação. Por exemplo, mais do que falar do Deus eterno, apresentar Deus que hoje ama, que cura e liberta hoje. Que o homem pode obter a Salvação, se hoje crê e se converte; que o dom do Espírito Santo é para os tempos atuais e que é urgente criar o Evangelho na comunidade cristã.
2) O Anúncio Querigmático deve ser direto: a ti
Não se trata de falar impessoal ou teoricamente, mas sim que "Deus te ama pessoalmente". Não se trata de apresentar o tema sobre a essência do pecado, mas de interpelar o evangelizando, dizendo: "Necessitas de salvação porque não podes salvar a ti mesmo!". Mais do que uma aula de Cristologia, deve-se oferecer um Cristo Jesus vivo, com quem é possível ter um encontro pessoal e receber o dom do Espírito Santo. Não se trata de falar em abstrato, mas sim, concretamente.
3) O Evangelizador deve concatenar os temas do anúncio querigmático
Deus te ama, mas teu pecado te impede de senti-lo. Entretanto, Ele já te perdoou e libertou pela morte e ressurreição de Cristo Jesus. A única coisa que tu deves fazer é crer e converter-te a fim de receber seu amor, que é o Espírito Santo e possas viver na família de Deus, a comunidade cristã.
Esta concatenação reflete o diálogo espontâneo, onde o evangelizador vai respondendo as perguntas que o evangelizando vai se fazendo inconscientemente. Veja:
• Evangelizador: Deus te ama hoje
• Evangelizando: Mas porque não o sinto?
• Evangelizador: Porque és pecador e necessitado de salvação.
• Evangelizando: E qual é a solução?
• Evangelizador: Jesus já te salvou.
• Evangelizando: Que devo fazer então?
• Evangelizador: Crê e converte-te já, proclamando Jesus como Salvador e Senhor.
• Evangelizando: Como acontece isso?
• Evangelizador: Pede e recebe o dom do Espírito Santo.
• Evangelizando: E depois? O que fazer?
• Evangelizador: Persevera com Jesus na comunidade Igreja.
4) O Evangelizador deve dar seu testemunho de vida
O testemunho pessoal é o centro de uma evangelização eficaz. É o testemunho de como Jesus transformou a vida e como já se vive a vida nova. Portanto, é vivencial e pessoal. Não se apresentam idéias ou doutrinas, mas fatos concretos nos quais foi experimentada a salvação de Jesus.
Como pode alguém afirmar com segurança e convicção que Jesus salva, se ele mesmo não o experimentou de alguma forma? Alguém é testemunha de Cristo, quando aspectos concretos da vida de pecado já morreram na cruz de Jesus e já se participa das primícias da vida nova de Cristo ressuscitado.
Em um testemunho manifesta-se não o que nós fizemos pelo Senhor, mas sim o que Ele realizou em nossas vidas. Um exemplo é o daquele homem a quem Jesus ensinou a dar testemunho: "Vai para a tua casa e para os teus e anuncia-lhes tudo o que fez por ti o Senhor na sua misericórdia" (Mt 5,19)
O testemunho deve ter 3 características: ABC (Alegre, Breve e Centrado em Cristo)
Alegre:
Um testemunho deve estar envolto numa atmosfera de alegria, acompanhado de um sorriso, do entusiasmo das palavras e da convicção dos olhos. A alegria é o primeiro sinal de quem encontrou o tesouro escondido. Não se trata de uma alegria porque não existem problemas, mas sim porque a alegria do Senhor é nossa fortaleza.
Breve:
Um bom testemunho deve ser centrado no fundamental da obra salvífica de Deus, sem entrar em detalhes acidentais ou complicados. Os relatos longos são cansativos porque se perde o enfoque fundamental. Não se deve exagerar as coisas, nem o nosso pecado, nem a obra salvífica de Deus.
Centrado em Cristo:
Um testemunho não está centrado em quem o dá, para que os outros o admirem, mas sim centrado em Cristo mesmo, e em sua obra salvífica.
Há quem pense que os testemunhos que mais impressionam são aqueles em que Deus realizou coisas maravilhosas e mudanças radicais, acompanhados por milagres e sinais extraordinários. Não é sempre assim. Cada testemunho toca às pessoas que estão seguindo um caminho semelhante. Há muitas pessoas que se parecem com cada um de nós e não necessitam de grandes coisas. Nosso testemunho para eles será uma grande libertação.
O testemunho deve terminar sempre com uma explícita exortação: "Se fez em mim, pode fazer em ti. O Senhor quer fazer também em tua vida".
5) O Querigma deve ser anunciado com o poder do Espírito Santo
É o Espírito Santo quem impulsiona cada um para anunciar o Evangelho e quem faz aceitar e compreender a Palavra da Salvação.
"Não haverá nunca uma evangelização possível sem a ação do Espírito Santo. As técnicas de evangelização são boas, mas nem as mais aperfeiçoadas poderiam substituir a ação direta do Espírito" (E.N. 75).
O eloquente discurso de Paulo, no Aerópago Ateniense, demonstra que a eficácia do Evangelho não reside em palavras cheias de sabedoria e ciência, mas na ação do Espírito Santo. O poder não está necessariamente nos gritos ou nas qualidades de sugestão ou de oratória, mas na ação eficaz, às vezes discreta, outras vezes portentosa, com que o evangelizando se abre e se rende à pregação e à obra salvífica de Deus.
6) A santidade do evangelizador
O verdadeiro evangelizador é quem traz em si a imagem de Cristo Jesus. Só quem tem o estilo de vida de Jesus é capaz de ser canal de sua vida. Um evangelizador santo atua com pureza de intenção porque só tem um objetivo em sua vida e não busca nenhuma compensação humana de benefício pessoal: que Jesus Cristo seja mais conhecido, seguido e amado por todos os homens.
7) O evangelizador deve ser movido pelo amor
O Evangelizador deve ter amor ao Evangelho, a Jesus e ao evangelizando. Sem ele o ministério do evangelizador seria como bronze que ressoa. O evangelizando deve sentir, de algum modo, um lampejo do amor de Deus, através de cada gesto e atitude do evangelizador. "A obra do evangelizador supõe um amor fraternal àqueles que evangeliza" (E.N. 79)
8) Usar de exemplos e parábolas
A forma mais pedagógica de anunciar o Evangelho é através de exemplos claros que consigam explicar de uma maneira simples o que se quer transmitir. Histórias e vivências gravam muito mais na mente dos ouvintes do que qualquer tipo de instrução teórica. Para cada tema ou verdade se deve encontrar exemplos atuais e modernos que facilitem sua compreensão.
9) Usar as Escrituras
É imprescindível levar e usar um exemplar da Bíblia quando se evangeliza. É muito importante saber de cor as passagens fundamentais do anúncio querigmático, para utilizá-los com presteza e boa pronúncia. Entretanto, mais importante do que os recitar de cor, é lê-los diretamente da Bíblia e, quando possível, que o evangelizando mesmo os leia em voz alta.
Também é muito importante que cada evangelizando tenha sua Bíblia, para que ele se alimente do Pão da Palavra de Deus. No caso de não poder adquirí-la, deve-se procurar uma forma de presenteá-lo, ao menos, com um Novo Testamento.
10) O Evangelizando deve tomar uma decisão
Um erro frequente da evangelização é tratar de convencer mediante argumentos apologéticos. Dizia o Bispo Fulton Sheen: "Cada vez que ganhei uma discussão, perdi uma alma". O ponto ao qual se deve dirigir toda a proclamação não é tanto a compreensão, pois que não se apresenta uma doutrina. Jesus quer entrar pelo coração para chegar ao cérebro. Na catequese o entendimento terá um papel tão primordial quanto a vontade no anúncio querigmático.
O bom evangelizador deve procurar desafiar o evangelizando para que tome a grande decisão de sua vida: adquirir a pérola preciosa vendendo todas as demais ou permanecer surdo a sua voz. Dizer sim ou não, mas não ficar indiferente frente ao oferecimento da salvação. Portanto, não se trata de convencer, de seduzir, menos ainda enganar ou chantagear! Simplesmente, é uma questão de que, diante da pessoa de Cristo Jesus, se diga um sim total ou um não completo. Quando o evangelizando fica morno ou indiferente, devemos verificar se estamos apresentando a pessoa viva de Jesus ou estamos propondo teorias.
11) Acompanhar o evangelizando
O evangelizador participa da paternidade de Deus, pois gera a vida de Cristo nos outros. Mas esta paternidade deve ser responsável, zelando por aqueles que foram gerados na fé. Nosso compromisso não termina com fazer o evangelizando nascer de novo, mas em oferecer-lhe os meios de crescimento e de integração em uma comunidade de serviço dentro da Igreja. Portanto, é importante que se acompanhe o evangelizado, como fazia Paulo: "Tornemos a visitar os irmãos por todas as cidades onde temos pregado a Palavra do Senhor, para ver como estão passando." (At 15,36).
12) Integração com a Igreja
A Igreja é evangelizadora e, ao mesmo tempo, é um Evangelho, porquanto, é ela mesma uma manifestação da Nova Vida trazida por Jesus. O objetivo último da evangelização não é a transformação de indivíduos isolados sem nenhum nexo entre si, mas a integração de comunidades cristãs autênticas, onde é vivida a salvação trazida por Cristo Jesus. E mais, a vida em plenitude só se experimenta em plenitude em união efetiva com os demais irmãos na fé: a Igreja. Toda a evangelização tende à integração das comunidades cristãs, onde se manifesta de maneira clara e efetiva o amor de Deus derramado por nós, em nosso coração, pelo Espírito Santo.
A comunidade não é opcional. É absolutamente necessária para perseverar na vida nova. Ela nos garante o crescimento e o desenvolvimento do neo-evangelizado. Sem ela, a semente da Palavra da Salvação será afogada pelas preocupações da vida e os valores anti-evangélicos que regem o mundo. À comunidade não se assiste, mas pertence-se. Faz-se parte ativa dela. Ali, dá-se e se recebe amor como o de Jesus: que nos dispõe a entregar a vida pela pessoa amada. Isto é o que essencialmente forma a comunidade: o amor cristão.
José H. Prado Flores
Livro: Como Evangelizar os Batizados (Ed. Loyola)
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