segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Mariologia
Mariologia é o conjunto de estudos teológicos acerca de Maria, mãe de Jesus Cristo na Igreja Católica, que compreende uma vasta produção bibliográfica que visa a salientar a importância da figura feminina de Maria e a profunda e piedosa crença dos fiéis a ela, com o objetivo de enriquecer o âmbito teológico cristão.
Subdivisões
A Mariologia tradicionalmente sub-divide-se em Mariologia Histórica (estuda os dados históricos, sociais e afins que permitem aceder à figura histórica de Maria), Mariologia Bíblica (versa sobre os fundamentos bíblicos das afirmações sobre Maria), Mariologia "popular" (trabalha os dados que as devoções populares sobre Maria receberam da Tradição eclesiástica e vice-versa) e Mariologia Sistemática (aprofunda os dados da história, das Escrituras e da piedade sistematizando-os em coerência com as doutrinas cristológicas e eclesiológicas).
História
Há seis períodos a considerar na divulgação pública da mariologia:
.O início da igreja.
.Período compreendido entre o final da revelação para o Concílio de Éfeso 431.
.Período de Éfeso para a Reforma Gregoriana.
.A partir de 1000 até que o Concílio de Trento.
.De Trento até Vaticano II.
.Desde o Concílio Vaticano II ao presente.
O Primeiro Concílio de Éfeso foi realizado em 431 na Igreja de Maria em Éfeso, na Ásia Menor. Foi convocado pelo imperador Teodósio II e debateu sobre os ensinamentos cristológicos e mariológicos de Nestório, patriarca de Constantinopla. Cerca de 250 bispos nele estiveram presentes. O concílio foi conduzido em uma atmosfera de confronto aquecido e recriminações, e condenou o nestorianismo como heresia, assim como o arianismo e o sabelianismo. É reconhecido como o terceiro Concílio Ecumênico pelos católicos, ortodoxos, os "velhos" católicos, e uma série de outros grupos cristãos.
História
Nestório, patriarca de Constantinopla, defendia que Cristo não seria uma pessoa única, mas que Nele haveria uma natureza humana e outra divina, distintas uma da outra e, por consequencia, negava o ensinamento tradicional que a Virgem Maria pudesse ser a "Mãe de Deus" (em grego Theotokos), portanto ela seria somente a "Mãe de Cristo" (em grego Cristokos), para restringir o seu papel como mãe apenas da natureza humana de Cristo e não da sua natureza divina. Os adversários de Nestório, liderados por São Cirilo, Patriarca de Alexandria, consideravam isto inaceitável, pois Nestório estava destruindo a união perfeita e inseparável da natureza divina e humana em Jesus Cristo e acusavam Nestório de heresia, para condená-lo, São Cirilo apelou ao Papa Celestino I, o papa concordou e concedeu à Cirilo sua autoridade para depor Nestório e excomungá-lo. Porém, antes da intimação chegar, Nestório convenceu o imperador Teodósio II para convocar um Concílio ecumênico, para que os bispos defendessem os seus pontos de vista opostos.
Assim que foi aberto, o Concílio denunciou os ensinamentos Nestório como errôneos e decretou que Jesus era uma apenas pessoa, e não duas pessoas distintas, Deus completo e homem completo, e declarou como dogma, que a Virgem Maria devia ser chamada de Theotokos, porque ela concebeu e deu à luz Deus como um homem.
Os eventos do concílio criaram um cisma importante, provocando a separação da região da Síria, formando a Igreja Assíria do Oriente.
Cânones e Declarações
O Concílio de Éfeso declarou que era "ilegal para qualquer homem que apresente, ou escreva, ou componha uma Fé diferente (ἑτέραν) como rival ao estabelecido pelos santos Padres reunidos com o Espírito Santo em Niceia",[1] O cânon não especificou se isso significava o Credo Niceno, adotada pelo Primeiro Concílio de Nicéia, em 325, ou como apresentado pelo Primeiro Concílio de Constantinopla em 381.
Além disso, condenou o pelagianismo.
Oito cânones foram aprovados:
Cânon 1-5 condenou Nestório e seus seguidores como hereges;
Cânon 6 decretou a deposição do cargo administrativo e excomunhão para aqueles que não aceitassem os decretos do Concílio.
A reforma gregoriana faz derivar erradamente o seu nome do Papa Gregório VII (1073-1085), visto que ele mesmo atribuia a autoria da reforma ao Papa São Gregório Magno I. Começou a ser posta em prática alguns anos antes, ainda sob o pontificado de Papa Leão IX 1049-1054, durante o qual o futuro Gregório VII (então apenas diácono Hildebrando da Toscânia) se tornou uma das mais reputadas figuras do Papado
Moralização e regresso às origens do cristianismo
Tratou-se de um amplo conjunto de reformas destinado a fazer regressar a Igreja aos tempos primitivos de Cristo, dos Apóstolos e dos seus sucessores imediatos, por um lado, e por outro, propensa à afirmação do poder papal face ao poder feudal (que havia quase que privatizado a Igreja); pela conotação de "retorno às origens" e enfrentamento do poder temporal, a reforma gregoriana é vista hoje como a primeira grande revolução europeia. A reforma foi continuada e consolidada pelos eclesiásticos da Abadia de Cluny.
Do ponto de vista moral, a reforma gregoriana (ou "clunyana") passava pela condenação veemente das práticas de heresia, as quais são consequência da `investidura leiga´, ou da infiltração dos costumes pagãos dos bárbaros em meio aos dos cristãos romanos, depois do choque bélico dessas civilizações, que ocasionou a queda do Império Romano do Ocidente, em 476, imposta pela vitória do rei germânico Odoacro. Dentre as mais condenadas estão a simonia (compra de cargos eclesiásticos, favorecida ao longo dos séculos precendentes pela privatização e feudalização da Igreja) e o nicolaísmo (concubinato dos padres católicos, que foi gradualmente desanconselhado até se tornar formalmente proibido).
Abolir estas práticas heréticas, implicava reformar a Igreja e conferir ao papa o sumo poder na Europa; graças ao Dictatus Papae, tornar-se-ia verdadeiramente o Chefe Supremo e absoluto da Igreja. A reforma gregoriana é considerada um marco no início da teocracia papal, considerando-se que o Papa estava acima de todos os homens e que ninguém, excepto Deus, podia julgá-lo; afirmava-se também que a Igreja não cometia erros—quase um prenúncio da infalibilidade pontifícia declarada pelo Concílio Vaticano I. Aproveitando-se da doação de Constantino (provavelmente forjada em meados do século VIII, por alturas da coroação de Pepino, o Breve) o Papa julgou-se com direito de exercer as suas prerrogativas, não apenas espirituais, mas também temporais, em toda a Cristandade, isto é, em toda a Europa -- passava também a ter autoridade sobre o imperador, confirmando-o ou podendo depô-lo se não se comportasse como bom príncipe cristão.
Imposição do poder papal sobre o temporal
A reforma visou também a levar o Patriarca de Constantinopla a aceitar o primado romano, o que foi contestado, e levou à excomunhão mútua de ambas as Igrejas em 1054, apenas cinco anos decorridos desde o início da reforma. Se no Oriente isto causou a separação definitiva entre Católicos e Ortodoxos, no Ocidente esta situação foi o estopim da célebre «questão das investiduras», que opôs o Papa ao Imperador do Sacro Império Romano-Germânico, não só pela luta de ambos pelo supremo poder político da Europa (quem tinha poder sobre quem), bem como pelo direito da investidura dos bispos nas suas dioceses.
Os quatro concílios e a vitória do poder temporal
A luta entre o poder temporal e o poder espiritual prolongar-se-ia durante cerca de dois séculos, acabando eventualmente com a vitória dos reis face ao Papa, com sucessivas deposições e excomunhões: desde o imperador Henrique IV da Germânia (que pediu perdão ao Papa em Canossa, de tal forma que a expressão «ir a Canossa» se tornou proverbial) e da Concordata de Worms, a Frederico II da Alemanha, passando inclusivamente pelo rei português Sancho II; enfim, até o assassinato do arcebispo de Cantuária, Thomas Becket, na Inglaterra, são uma consequência das tentativas de impor a reforma. Desta luta resultaria a separação, no mundo ocidental, entre o poder espiritual e o poder político, delineando-se assim claramente as atribuições de cada um.
Os quatro concílios de Latrão realizados ao longo de todo o século XII e início do XIII: (Latrão I (1123); Latrão II (1139); Latrão III (1179) e Latrão IV (1215), bem como o Primeiro Concílio de Lião (1245) foram o culminar de todo este processo reorganizativo da Igreja Católica na Idade Média.
O Concílio de Trento, realizado de 1545 a 1563, foi o 19º concílio ecuménico. É considerado um dos três concílios fundamentais na Igreja Católica.[1] Foi convocado pelo Papa Paulo III para assegurar a unidade da fé (sagrada escritura histórica) e a disciplina eclesiástica, no contexto da Reforma da Igreja Católica e a reação à divisão então vivida na Europa devido à Reforma Protestante, razão pela qual é denominado como Concílio da Contra-Reforma.
História
Foi o mais longo concílio da história da Igreja. Emitiu numerosos decretos disciplinares e especificou claramente as doutrinas católicas quanto à salvação, os sacramentos e o cânone bíblico, em oposição ao protestantismo. Unificou o ritual da missa de rito romano, abolindo as variações locais, instituindo a chamada "Missa Tridentina" (referência à cidade de Trento, onde o concílio transcorreu). Regulou as obrigações dos bispos. Confirmou a presença de Cristo na Eucaristia. Foram criados seminários como centros de formação sacerdotal e reconheceu-se a superioridade do papa sobre a assembleia conciliar. Foi instituído o índice de livros proibidos (o "Index Librorum Prohibitorum") e reorganizada Inquisição.
Celebrou-se em três períodos:
1º Período (1545-48 — Celebraram-se 10 sessões, promulgando-se os decretos sobre a Sagrada Escritura e tradição, o pecado original, a justificação e os sacramentos em geral e vários decretos de reforma;
2º Período (1551-52) — Celebraram-se 6 sessões, continuando a promulgar-se, simultaneamente, decretos de reforma e doutrinais ainda sobre sacramentos em geral, a eucaristia, a penitência, e a extrema-unção. A guerra entre Carlos V e os príncipes protestantes constituiu um perigo para os padres de Trento;
3º Período (1562-63) — Convocado pelo Papa Pio IV, foi presidido pelos legados cardeais Ercole Gonzaga, Seripando, Osio, Simonetta e Sittico. Estiveram ainda no concílio os cardeais Cristoforo Madruzzo, bispo de Trento e Carlos Guise. O Papa enviou os núncios Commendone e Delfino aos príncipes protestantes do império reunidos em Naumburgo, e Martinengo à Inglaterra para convidar os protestantes a virem ao concílio. Neste período realizaram-se 9 sessões, em que se promulgaram importantes decretos doutrinais, mas sobretudo decretos eficazes para a reforma da Igreja. Assinaram as suas actas 217 padres oriundos de 15 nações.
Os decretos tridentinos e os diplomas emanados do concílio, foram as principais fontes do direito eclesiástico durante os 4 séculos seguintes até à promulgação do Código de Direito Canónico em 1917.
Participação portuguesa
Na história de Portugal, o concílio teve grande influência, quer pela participação e apoio dos reis, quer pela influência que os seus decretos tiveram na vida eclesiástica e social do país.
No 1º período participaram o [bispo do Porto], Frei Baltazar Limpo, carmelita, e os teólogos dominicanos Frei Jerónimo de Azambuja, também embaixador régio, Frei Jorge de Santiago, e o franciscano Frei Francisco da Conceição. Logo que o bispo do Porto regressou de Trento, mandou D. João III que se reunisse com letrados para estudarem o modo de pôr em prática os decretos da reforma.
No fim do 2º período D. João III e o cardeal D. Henrique constituíram assembleias de peritos para porem em ação um grande plano de reforma, completando com os decretos do V Concílio Laterense aqueles pontos ainda não promulgados em Trento.
No 3º período, D. Fernando Martins de Mascarenhas e o Dr. André Velho não só atuaram como hábeis embaixadores, mas também se portaram como grandes senhores. D. Frei João Soares, agostiniano, bispo de Coimbra, levou uma comitiva de umas 30 pessoas, sendo conhecido o seu teólogo António Leitão. A caminho do concílio morreu o teólogo dominicano Fr. João Pinheiro, vice-reitor da Universidade de Coimbra. Participou também neste período o Bispo de Leiria, D. Frei Gaspar do Casal. Acérrimo executor do Concílio foi o arcebispo de Braga Frei Bartolomeu dos Mártires, promulgando-o para Braga no sínodo bracarense e adaptando-o a toda a metrópole no IV Concílio Provincial Bracarense de 1566.
O Concílio Vaticano II (CVII), XXI Concílio Ecumênico da Igreja Católica, foi convocado no dia 25 de Dezembro de 1961, através da bula papal "Humanae salutis", pelo Papa João XXIII. Este mesmo Papa inaugurou-o, a ritmo extraordinário, no dia 11 de Outubro de 1962. O Concílio, realizado em 4 sessões, só terminou no dia 8 de Dezembro de 1965, já sob o papado de Paulo VI.
Nestas quatro sessões, mais de 2 000 Prelados convocados de todo o planeta discutiram e regulamentaram vários temas da Igreja Católica. As suas decisões estão expressas nas 4 constituições, 9 decretos e 3 declarações elaboradas e aprovadas pelo Concílio.[1] Apesar da sua boa intenção em tentar renovar a Igreja, os resultados deste Concílio, para alguns estudiosos, ainda não foram totalmente entendidos nos dias de hoje, enfrentando por isso problemas que perduram. Para muitos estudiosos, é esperado que os jovens teólogos dessa época, que participaram do Concílio, salvaguardem a sua natureza; depois de João XXIII, todos os Papas que o sucederam até Bento XVI, inclusive, participaram do Concílio ou como Padres conciliares (ou prelados) ou como consultores teológicos (ou peritos).
Em 1995, o Papa João Paulo II classificou o Concílio Vaticano II como "um momento de reflexão global da Igreja sobre si mesma e sobre as suas relações com o mundo". Ele acrescentou também que esta "reflexão global" impelia a Igreja "a uma fidelidade cada vez maior ao seu Senhor. Mas o impulso vinha também das grandes mudanças do mundo contemporâneo, que, como “sinais dos tempos”, exigiam ser decifradas à luz da Palavra de Deus".
No ano 2000, João Paulo II disse ainda que: "o Concílio Vaticano II constituiu uma dádiva do Espírito à sua Igreja. É por este motivo que permanece como um evento fundamental não só para compreender a história da Igreja no fim do século mas também, e sobretudo, para verificar a presença permanente do Ressuscitado ao lado da sua Esposa no meio das vicissitudes do mundo. Mediante a Assembleia conciliar, [...] pôde-se constatar que o património de dois mil anos de fé se conservou na sua originalidade autêntica".
Introdução
Basílica de São Pedro, VaticanoTodos os concílios católicos são nomeados segundo o local onde se deu o concílio episcopal. A numeração indica a quantidade de concílios que se deram em tal localidade. Vaticano II portanto, indica que o concílio ocorreu na cidade-Estado do Vaticano, e o número dois indica que foi o segundo concílio realizado nesta localidade.
Os concílios, que são reuniões de dignidades eclesiásticas e de teólogos, são um esforço comum da Igreja, ou parte da Igreja, para a sua própria preservação e defesa, ou guarda e clareza da Fé e da doutrina. No caso do Concílio Vaticano II, a necessidade de defesa se fez de modo universal, porque as situações contemporâneas de proporções globais abalaram a Igreja. Isto fez com que a autoridade universal da Igreja, na pessoa do Papa, se encontra persuadida a convocar um concílio universal ou ecumênico. A força do Concílio não reside nos bispos ou em outros eclesiásticos, mas sim no Papa, como pastor universal que declara algo como sendo próprio das Verdades reveladas (e, por isso, implica a obediência dos católicos). Fora disso, o Concílio tem apenas poder sinodal. Porém, quando o concílio está em comunhão com o Papa, e se o Papa falasse solenemente (ex cathedra) de matérias relacionadas com a fé e a moral, o episcopado plenamente reunido torna-se também infalível.[6]
Antecedentes históricos
Papa São Pio X, o grande adversário do ModernismoDa Revolução Francesa ao início do século XX, passando por todo o século XIX, a Igreja Católica foi sendo "perseguida, difamada, dessacralizada e desacreditada pelos “liberais”", pelos comunistas e socialistas e pelos radicais ateus. A Igreja, por outro lado, vendo tudo isso acontecer, ficou traumatizada e condenou por isso as novas correntes filosóficas agnósticas e subjectivistas, que estão associadas naquilo que a Igreja chama de heresia modernista. Esta heresia foi fortemente condenada pelos Papas Gregório XVI (1831-1846), Pio IX (1846-1878) e São Pio X (1903-1914). Esta atitude reaccionária foi também o espírito do Concílio Vaticano I (1869–70), que definiu o dogma da infalibilidade papal.
Por outro lado, floresceram também na Igreja tentativas de abertura ao mundo moderno, através, como por exemplo, da "atitude de vários leigos católicos no campo político e social" (destaca-se Frédéric Antoine Ozanam, fundador da Sociedade de São Vicente de Paulo); da publicação da encíclica Rerum Novarum (1890) pelo Papa Leão XIII (1878-1903), que defendia os direitos dos trabalhadores; da criação da Acção Católica (1922) pelo Papa Pio XI (1922-1939); e da perda gradual de popularidade da Escolástica e do consequente aparecimento da Nouvelle Theologie (que é diferente do modernismo). Este movimento teológico do início do século XX, que é apoiado por alguns sectores eclesiásticos, defendia principalmente "a valorização da leitura das Sagradas Escrituras" (que foi também um dos temas da encíclica Divino afflante Spiritu do Papa Pio XII) e uma "volta às fontes", através do estudo da Bíblia e das obras patrísticas. Os defensores mais ilustres da Nouvelle Theologie foram os progressistas Karl Rahner, John Courtney Murray, Yves Congar, Joseph Ratzinger e Henri de Lubac. Teilhard de Chardin e Jacques Maritain também defenderam uma maior abertura da Igreja.
Ao mesmo tempo, principalmente depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Cúria Romana "encontrava-se em franco processo de estagnação" e vários dos seus elementos mais conservadores condenaram as novas tendências teológicas mais progressistas. Em 1950, o Papa Pio XII, na sua encíclica Humani Generis, chegou mesmo a alertar para os possíveis desvios "neo-modernistas" da Nouvelle Theologie. Enquanto que tudo isso aconteça, os bispos de todo o mundo tiveram que enfrentar novos problemas originados por drásticas mudanças políticas, sociais, económicas e tecnológico-científicas. É neste ambiente paradoxal, quer ao nível interno quer ao nível externo da Igreja, que muitos católicos sentiram a necessidade de a Igreja encontrar uma nova postura para enfrentar o mundo moderno.
E é também neste ambiente que o Papa João XXIII sentiu a necessidade urgente de convocar o Concílio Vaticano II. Aliás, "a idéia de um Concílio já havia sido pensada por Pio XI e mesmo por Pio XII, mas sem grandes sucessos em sua realização". João XXIII, "temendo um novo desastre, como foi o da Reforma Protestante", decidiu realizar este Concílio a todo o custo. Esta sua intenção foi anunciada por ele no dia 25 de Janeiro de 1959, causando uma grande surpresa dentro da Cúria Romana e até dentro da Igreja Católica. Em Junho de 1960, através do motu proprio Superno Dei nutu, teve oficialmente início a preparação do Concílio. Passado apenas um ano, no Natal de 1961, João XXIII convocou oficialmente o Concílio para o ano seguinte (1962), através da bula papal "Humanae salutis". Esta convocação era "uma decisão totalmente pessoal do Papa, contrariando as opiniões de alguns cardeais, que pretendiam seu adiamento, em vista de uma melhor preparação".
Influência de Pio XII
Segundo o Papa Bento XVI, depois das Sagradas Escrituras, o Papa Pio XII é o autor ou fonte autorizada mais citada nos documentos do Concílio Vaticano II. Bento XVI considera que não é possível entender o Concílio Vaticano II sem levar em conta o magistério de Pio XII. (...) A herança do magistério de Pio XII foi recolhida pelo Concílio Vaticano II e proposta às gerações cristãs posteriores.
Nas intervenções orais e escritas se encontram mais de mil referências ao magistério de Pio XII e o seu nome aparece mencionado em mais de duzentas notas explicativas dos documentos do Concílio, estas notas com freqüência constituem autênticas partes integrantes dos textos conciliares; não só oferecem justificativas de apoio para o que afirma o texto, mas também oferecem uma chave de interpretação, disse o Papa Bento XVI no discurso que dirigiu aos participantes do congresso sobre "A herança do magistério de Pio XII e o Concílio Vaticano II", promovido pelas universidades pontifícias Gregoriana e Lateranense, no 50º aniversário da morte de Pio XII (2008).
Como por exemplo, os conceitos e as ideias expressas na encíclica Mystici Corporis Christi (1943), do Papa Pio XII, influenciaram fortemente a redacção da constituição dogmática Lumen Gentium, que trata da natureza e da constituição da Igreja. Este documento do Concílio Vaticano II usou e defendeu o conceito de Igreja expresso nesta encíclica (a Igreja como Corpo místico de Cristo), que era baseado na velha teologia de São Paulo.
Objectivos
O Beato João XXIII foi o Papa que convovou o Concílio Vaticano II.O objectivo do Concílio é discutir a acção da Igreja nos tempos actuais, ou seja, a sua finalidade é "promover o incremento da fé católica e uma saudável renovação dos costumes do povo cristão, e adaptar a disciplina eclesiástica às condições do nosso tempo" e do mundo moderno.[8] Por outras palavras, o Concílio pretende o aggiornamento (actualização e abertura) da Igreja.
O Papa João XXIII "imaginava o Concílio como um «novo Pentecostes» [...]; uma grande experiência espiritual que reconstituiria a Igreja Católica" não apenas como instituição, mas sim "como um movimento evangélico dinâmico [...]; e uma conversa aberta entre os bispos de todo o mundo sobre como renovar o Catolicismo como estilo de vida inevitável e vital".
Por esta razão, ao contrário dos concílios ecuménicos anteriores, preocupados mais em condenar heresias e em definir verdades de fé e de moral, o Concílio Vaticano II "teve como orientação fundamental a procura de um papel mais participativo para a fé católica na sociedade, com atenção para os problemas sociais e econômicos".[10] Aliás, o próprio Papa João XXIII teve o cuidado de mencionar a diferença e a especificidade deste Concílio: "a Igreja sempre se opôs a [...] erros; muitas vezes até os condenou com a maior severidade. Agora, porém, a esposa de Cristo prefere usar mais o remédio da misericórdia do que o da severidade. Julga satisfazer melhor às necessidades de hoje mostrando a validez da sua doutrina do que renovando condenações".
Logo, o Concílio não visava condenar heresias nem alterar ou proclamar nenhum dogma novo.[9][12] O Concílio apenas queria dar uma nova orientação pastoral à Igreja e uma nova forma de apresentar e explicar os dogmas católicos ao mundo moderno, mas sempre fiel à Tradição.[13] O próprio Papa João XXIII afirmou que "o que mais importa ao Concílio Ecumênico é o seguinte: que o depósito sagrado da doutrina cristã seja guardado e ensinado de forma mais eficaz".[14] Para satisfazer esta sua intenção, o Papa queria ardentemente que a Igreja mudasse de mentalidade, para poder melhor enfrentar e acompanhar as transformações do mundo moderno.
Pelas palavras da constituição Sacrosanctum Concilium, o "Concílio propõe-se fomentar a vida cristã entre os fiéis, adaptar melhor às necessidades do nosso tempo as instituições susceptíveis de mudança, promover tudo o que pode ajudar à união de todos os crentes em Cristo, e fortalecer o que pode contribuir para chamar a todos ao seio da Igreja".
Inauguração e número de participantes
A abertura do Concílio Vaticano II.No dia 11 de Outubro de 1962, o Concílio Vaticano II, idealizado pelo Papa João XXIII, "teve seus trabalhos oficialmente inaugurados, contando com a presença de 2.540 padres conciliares ou prelados, número este inédito para a História da Igreja: 1060 europeus (dos quais 423 italianos, 144 franceses, 87 espanhóis, 59 poloneses, 29 portugueses...), 408 asiáticos, 351 africanos, 416 da América do Norte, 620 da América Latina e 74 da Oceânia". Mas, mesmo assim, "estavam ainda ausentes do Concílio muitos bispos de dioceses que viviam sob regimes autoritários", na sua maioria de ideologia comunista. "O número de participantes variou muito de acordo com as sessões, nunca porém estando abaixo de 80% do total de padres conciliares".
Pela primeira vez na História, "os peritos [...] foram ouvidos na elaboração dos textos conciliares, trazendo consigo uma imensa riqueza de tradições e culturas". Estes peritos, que não tinham direito a voto, são também chamados de consultores teológicos e tinham uma grande influência no Concílio.[1] Várias dezenas de observadores protestantes e ortodoxos também foram convidados e estiveram presentes nas 4 sessões do Concílio.
De acordo com Giacomo Martina, os padres conciliares "se organizavam em torno de duas alas" (conservadora e progressista), sendo que os progressistas contam com cerca de 90% dos votos. A minoria conservadora era essencialmente constituída "pela velha-guarda italiana (Ottaviani, Ruffini, Siri...)", por Marcel Lefebvre, por um grupo de espanhóis (entre os quais o cardeal Larraona) e "por vários latino-americanos, representantes de escolas teológicas de certo prestígio, especialmente na Espanha". A maioria progressista era essencialmente "constituída por um grupo da Europa central e do Norte (a que pertenciam os cardeais Frings, Dopfner, Alfrink, König, Suenens, Liénart e Bea)", por Montini, por Léger, pelo Patriarca Melquita Máximos IV, pelos bispos africanos e asiáticos e por "uma grande maioria dos bispos latino-americanos e dos Estados Unidos". Mas, mesmo assim, os progressistas tiveram que, por diversas vezes, fazer várias concessões aos conservadores, tornando por isso os documentos conciliares menos radicais.
Principais resultados e respectivos documentos
Paulo VI (no centro, com túnica branca), o Papa que encerrou o Concílio Vaticano II e que aplicou os seus documentos.Parte de uma série da
História da teologia cristã
Contexto
Quatro marcas da Igreja
Cristianismo primitivo · Cronologia
História do cristianismo
Teologia · Governo eclesiástico
Trinitarianismo · Não-trinitarianismo
Escatologia · Cristologia · Mariologia
Cânon bíblico: Deuterocanônicos e Livros apócrifos
Credos
Credo dos Apóstolos · Credo Niceno
Credo da Calcedônia · Credo de Atanásio
Patrística e primeiros Concílios
Pais da Igreja · Agostinho
Nicéia · Calcedônia · Éfeso
Desenvolvimento pós-niceno
Heresia · Lista de heresias
Monofisismo · Monotelismo
Iconoclastia · Gregório I · Alcuíno
Fócio · Cisma Oriente-Ocidente
Escolástica · Aquino · Anselmo
William de Ockham · Gregório Palamas
Reforma
Reforma protestante
Lutero · Melanchthon · Calvino
95 Teses · Justificação · Predestinação
Sola fide · Indulgência · Arminianismo
Livro de Concórdia · Reforma Inglesa
Contra-reforma · Concílio de Trento
Desde a reforma
Pietismo · Avivamento
John Wesley · Grande Despertamento
Movimento de Santidade
Restauracionismo · Existencialismo
Liberalismo · Modernismo · Pós-modernismo
Vaticano II · Teologia da libertação
Ortodoxia radical · Jean-Luc Marion
Hermenêutica · Desconstrução-e-religião
Entre várias decisões conciliares, destacam-se as renovações na constituição e na pastoral da Igreja, que passou a ser mais alicerçada na igual dignidade de todos os fiéis e a ser mais virada e aberta para o mundo. Além disso, reformou-se também a Liturgia, onde a Missa de rito romano foi simplificada e passou a ser celebrada em língua vernacular.
Foi clarificado a relação entre a Revelação divina e a Tradição e foi também impulsionado a liberdade religiosa, uma nova abordagem ao mundo moderno, o ecumenismo, uma relação de tolerância com os não-cristãos e o apostolado dos leigos.
O Concílio não proclamou nem alterou nenhum dogma, mas as suas orientações doutrinais, pastorais e práticas são de extrema importância para a Igreja actual.
Igreja
O tema da Igreja, nos seus aspectos dogmáticos e pastorais, mereceram uma grande atenção dos padres conciliares, ou seja, dos participantes-eleitores do Concílio Vaticano II.
Eclesiologia: Lumen Gentium
O Concílio Vaticano II, reflectindo sobre a constituição e a natureza da Igreja, reafirmou várias verdades eclesiológicas, sendo os seus juízos registados na constituição dogmática "Lumen Gentium". Este documento salientou que "a única Igreja de Cristo, como sociedade constituída e organizada no mundo, subsiste (subsistit in) na Igreja Católica".[17][18] Também destacou que "a Igreja é sacramento de Cristo e instrumento de união do homem com Deus, e da unidade de todo o género humano". Ele continua que, para atingir esta missão da Igreja, é necessário dar aos católicos "uma "consciência de Igreja" mais coerente, para que também se possam valorizar as relações com as outras religiões" (cristãs ou não) e com o mundo moderno. "Com esse objectivo, os padres conciliares dirigiram a sua atenção para: o primado do método bíblico; o sacerdócio comum de todo o "Povo de Deus"; a função profética, sacerdotal e real de todo baptizado; a colegialidade episcopal; a missão de serviço da Igreja, que deve estar voltada para toda a humanidade".
A partir de então, a Igreja passou a ser vista não apenas como uma instituição hierarquizada, mas também como uma comunidade de cristãos espalhados por todo o mundo e constituintes do Corpo Místico de Cristo. Por isso, a constituição e "as estruturas da Igreja modificaram-se parcialmente e abriu-se espaço para maior participação e apostolado dos leigos, incluindo as mulheres, na vida eclesial". O Concílio clarificou também a igual dignidade de todos os católicos (clérigos ou leigos). Mas, mesmo assim, a estrutura da Cúria Romana permaneceu intacto, o que permite ainda um governo da Igreja altamente centralizado nas mãos do Papa.
Pastoral: Gaudium et spes
Alguns temas eclesiológicos debatidos no "Lumen Gentium", tais como a missão de serviço ou o sacerdócio comum do Povo de Deus, são também tratados pela constituição pastoral "Gaudium et spes", que foi aprovada somente em 8 de Dezembro de 1965, dia de encerramento do Concílio.
Mas, este documento centra sobretudo a sua atenção nos aspectos pastorais e não-dogmáticos da Igreja e nos diversos problemas do mundo actual: "a explosão demográfica, as injustiças sociais entre classes e entre povos e o perigo da guerra nuclear", entre outros problemas sociais e económicos. Esta constituição também mostrou uma maior tolerância da Igreja em relação aos progressos científicos.
Bispos, presbíteros, leigos e consagrados
Além da constituição e da pastoral da Igreja, o Concílio preocupou-se também de vários assuntos sobre os diferentes membros da Igreja:
os Bispos, cuja função e ministério pastoral foi abordado pelo decreto "Christus Dominus", que foi aprovado no dia 28 de Outubro de 1965. Este documento enfatizou também "a "communio" povo-hierarquia já expressa na Lumen gentium".
os presbíteros, cujo "ministério e vida sacerdotal" foram abordados pelo decreto "Presbyterorum ordinis", que foi aprovado no dia 7 de Dezembro de 1965. Este documento insiste no "serviço que, no próprio tempo e nos ambientes particulares, deve ser realizado por todo presbítero". Nesta sua análise, superou inclusivamente "os aspectos hierárquicos para destacar antes o "corpo real" de Cristo, sacerdote e servo no mistério da Eucaristia", que é celebrada na Missa. A formação sacerdotal dos presbíteros é tratado especialmente pelo decreto "Optatum totius".
os leigos, cujo apostolado é analisado pelo decreto "Apostolicam actuositatem", que foi aprovado em 18 de Novembro de 1965. Este documento "reconhece o papel essencial que cabe aos leigos na vida da Igreja, a sua responsabilidade e autonomia em função de sua vocação específica".
os consagrados e a vida consagrada em geral, cujas renovações estão expressas no decreto "Perfectae charitatis", que foi aprovado em 28 de Outubro de 1965. Este documento "dirige a sua atenção para a renovação e modernização da "vida consagrada" a Deus no exercício dos conselhos evangélicos de castidade, pobreza, obediência, estabelecida por meio dos votos "em ordens", "congregações religiosas" e "institutos seculares""
Igrejas Orientais Católicas
O decreto "Orientalium ecclesiarum", que foi aprovado no dia 21 de Novembro de 1964, aborda a questão das Igrejas orientais católicas. Estas Igrejas particulares sui juris possuem características únicas e diferentes em relação à Igreja Latina (a Igreja sui juris predominante), nomeadamente ao nível histórico, cultural, teológico, litúrgico, hierárquico e de organização territorial.
Este documento afirma que, "na única Igreja de Cristo" (que subsiste na Igreja Católica), as Igrejas Latina e Orientais "...desfrutam de igual dignidade... nenhuma prevalece sobre a outra... são confiadas ao governo pastoral do Pontífice Romano". O decreto defende também que estas Igrejas orientais podem e devem salvaguardar, conservar e restaurar o seu rico património espiritual, nomeadamente ritual, através, como por exemplo, da celebração dos seus próprios ritos litúrgicos orientais e das suas práticas rituais antigas.
O documento salienta também o carácter autónomo das Igrejas orientais católicas, especificando os seus vários poderes e privilégios. Em particular, como por exemplo, afirma que os Patriarcas Orientais, "com os seus sínodos, constituem a instância suprema para todos os assuntos do Patriarcado, não excluído o direito de constituir novas eparquias e de nomear Bispos do seu rito dentro dos limites do território patriarcal, salvo o direito inalienável do Romano Pontífice de intervir em cada caso. O que foi dito dos Patriarcas vale também, de acordo com as normas do direito, para os Arcebispos maiores, que presidem a toda uma Igreja particular ou rito sui juris".[20] Mas, é preciso também salientar o facto de nem todas as Igrejas orientais serem Patriarcados ou Arquidioceses maiores.
Revelação divina e Tradição
A constituição dogmática "Dei Verbum", que foi aprovada no dia 18 de Novembro de 1965, "aborda o tema da Revelação divina sob dois pontos de vista: a Revelação em si mesma e a sua transmissão". A relação entre estes dois pontos de vista, que geram alguma confusão entre os católicos, foi clarificada também por esta constituição.
Liturgia
A constituição "Sacrosanctum concilium" foi aprovado no dia 4 de Dezembro de 1963, sendo por isso o primeiro documento resultante do trabalho conciliar. Esta constituição centra-se em torno da Liturgia, que é analisada pelos padres conciliares sob "uma tríplice dimensão teológica, eclesial e pastoral: a liturgia é obra da redenção em ato, celebração hierárquica e ao mesmo tempo comunitária, expressão de culto universal, que envolve toda a criação".[19] Os padres conciliares descrevem ainda a Liturgia como "a primeira e necessária fonte onde os fiéis hão-de beber o espírito genuinamente cristão".
Logo, o Concílio pretende renovar a Liturgia, para que "todos os fiéis cheguem àquela plena, consciente e activa participação nas celebrações litúrgicas", visto que esta participação é, "por força do Baptismo, um direito e um dever do povo cristão, «raça escolhida, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido» (1 Ped. 2,9; cfr. 2, 4-5)".[21] Entre outras reformas introduzidas na Liturgia, destaca-se obviamente a reorganização da Missa de rito romano, e o consequente uso da língua vernacular na sua celebração.
Liberdade e direitos humanos
A declaração "Dignitatis humanae" foi aprovada no dia 7 de Dezembro de 1965 e, através dela, o Magistério da Igreja Católica mostrou grande "sensibilidade para com os problemas da liberdade e dos direitos do homem", nomeadamente da liberdade religiosa. O documento considera a liberdade religiosa como um "direito da pessoa e das comunidades à liberdade social e civil em matéria religiosa". Ele reconhece ainda que todos estes direitos humanos, incluindo o da liberdade, são inerentes à dignidade inalienável da pessoa humana.
Relação com os não-cristãos e Ecumenismo
A declaração "Nostra aetate", aprovada no dia 28 de Outubro de 1965, "analisou a atitude da Igreja Católica para com as religiões não-cristãs, sintetizada no pedido joanino: "Buscai primeiramente aquilo que une, antes de buscar o que divide"". Isto criou um espírito de maior tolerância e aproximação respeitosa às outras religiões não-cristãs e também à progressiva rejeição do anti-semitismo. Mas, isto nunca pretendeu negar a crença católica de que só por meio da Igreja Católica "se pode obter toda a plenitude dos meios de salvação".[17] Mas, isto também não impede a Igreja de defender que todos (mesmo os não-cristãos) podem também ser salvos, desde que, sem culpa própria, ignoram a Palavra de Deus e a Igreja, mas que "procuram sinceramente Deus e, sob o influxo da graça, se esforçam por cumprir a sua vontade".
Este espírito de abertura a outras comunidades religiosas está também presente no decreto "Unitatis redintegratio", que foi aprovado no dia 21 de Novembro de 1964. Este documento é sobre o ecumenismo e "fundamenta-se em duas idéias principais: todo aquele que acredita em Cristo, mesmo que não pertença à Igreja Católica, encontra-se em algum tipo de comunhão" com a verdadeira Igreja de Cristo (que subsiste na Igreja Católica); e "não existe ecumenismo verdadeiro sem uma conversão interior que se aplica a todos, inclusive à Igreja Católica".[19] Actualmente, a Igreja Católica ensina que os cristãos não-católicos são, apesar de um modo imperfeito, membros inseparáveis do Corpo Místico de Cristo (ou seja, da Igreja Católica), através do Baptismo. Eles dispõem também de muitos, mas não da totalidade, dos elementos de santificação e de verdade necessárias à salvação.
Educação e formação sacerdotal
A declaração "Gravissimum educationis" foi aprovado no dia 28 de Outubro de 1965 e, basicamente, tratou dos vários temas sobre a educação e, mais em particular, sobre a educação cristã. O documento exprimiu a necessidade de a actuação da Igreja nesta área tão importante "não se restringir às escolas católicas". Defendeu também "o direito de todos os homens a receber uma educação que seja fundamentada na dignidade da pessoa".
O decreto "Optatum totius", igualmente aprovado em 28 de Outubro de 1965, aborda um tipo específico de educação cristã: a formação sacerdotal, que é extremamente importante, principalmente para o aggiornamento. Este documento "insiste na necessidade de maior amadurecimento humano, psicológico e afetivo dos candidatos ao sacerdócio e da estruturação da formação nos seminários vinculando a missão da Igreja às exigências do mundo moderno".
Missionação e comunicação social
O decreto "Ad gentes", que foi aprovado em 7 de Dezembro de 1965, "reflete sobre a atividade missionária da Igreja, atitude inerente à sua natureza. A atividade missionária deve começar com o testemunho, continuar com a pregação e formar as comunidades valorizando as riquezas de cada cultura. Isto para, entre outras coisas, "ressaltar a afirmação de que a fé católica não se vincula diretamente a nenhuma expressão cultural em particular, mas deve adequar-se às diversas culturas dos povos aos quais a mensagem evangélica é transmitida".
O decreto "Inter mirifica", que foi aprovado em 4 de Dezembro de 1963, "pronuncia-se sobre os meios de comunicação de massa, sem julgá-los de forma moralista, mas solicitando-os a se tornarem "admiráveis dons de Deus", respeitando o bem comum de "todo o homem"".
Natureza e interpretação
Visão oficial (e predominante)
Devido aos seus objectivos supra-mencionados, o Magistério da Igreja Católica reconhece que o Concílio Vaticano II tem uma natureza e um fim predominantemente pastoral, não chegando por isso a proclamar nenhum dogma novo.
Mas, o Papa Bento XVI insistiu sempre que este Concílio tem a mesma autoridade do que todos os outros concílios ecuménicos que o precedem. Para ele, o Concílio é mais uma expressão da continuidade da Tradição católica (ao contrário do que afirmam os tradicionalistas e os neo-modernistas), que não permite assim um retorno saudosista da Igreja ao passado nem um salto impaciente para o futuro.[24] Segundo o Papa, os vários temas tratados pelo Concílio "podia emergir alguma forma de descontinuidade que, de certo modo, se tinha manifestado", mas, volta a defender que, "feitas as diversas distinções entre as situações históricas concretas e as suas exigências, resultava [...] num processo de novidade na continuidade", que é caracterizada como a "natureza da verdadeira reforma". O Papa defende ainda que, sob a óptica desta continuidade renovadora, "devíamos aprender a compreender mais concretamente do que antes que as decisões da Igreja em relação às coisas contingentes. [...] Em tais decisões, somente os princípios exprimem o aspecto duradouro, permanecendo subjacente e motivando a decisão a partir de dentro. Não são, por sua vez, igualmente permanentes as formas concretas, que dependem da situação histórica e podem portanto ser submetidas a mutações. Assim as decisões de fundo podem permanecer válidas, enquanto as formas da sua aplicação a estes novos podem mudar."
O Papa Bento XVI, em 2005, acrescentou também que "se [...] lemos e recebemos [o Concílio Vaticano II] guiados por uma justa hermenêutica, ele pode ser e tornar-se cada vez mais uma grande força para a sempre necessária renovação da Igreja". E esta "justa hermenêutica" (ou interpretação), em oposição à hermenêutica tradicionalista ou neo-modernista, consiste na "justa [...] leitura e [...] aplicação" dos documentos conciliares pelo Papa, o Chefe da Igreja Católica.Ainda segundo Bento XVI, os católicos devem manter-se fiéis ao Magistério do Papa e à Igreja de hoje, que está precisamente expressa nos documentos deste Concílio.
Por esta razão, "os cristãos estão obrigados a respeitar as decisões conciliares" (principalmente em matérias de fé e moral), até porque "os concílios ecumênicos, quando legalmente convocados, presididos, com decisões aprovadas pelo Papa e legalmente encerrados, são detentores da infalibilidade quando se trata de fé e moral. Não é necessário apresentar cânones dogmáticos na forma de anátema para que o fenômeno da infalibilidade se verifique. É preciso, sim, que existam documentos com juízos definitivos sobre fé e moral" (o que pode não ser dogmas ou verdades de fé novos), como as constituições dogmáticas produzidas por este Concílio.
Embora o Papa Paulo VI afirmasse que "...diferentemente dos outros Concílios, este não é directamente dogmático, mas é mais doutrinal e pastoral", ele não quis dizer que as decisões conciliares referentes a matérias de fé e moral sejam falíveis e "de caráter provisório, sujeitas a modificações futuras". O Papa apenas quis dizer que "o Concílio Vaticano II não apresentou cânones dogmáticos que expressam imediatamente a infalibilidade", mas, ele próprio ressalvou que o Concílio, tal como os outros que o precedem, "conferiu a seus ensinamentos a autoridade do Supremo Magistério da Igreja Católica".
As muitas decisões de âmbito pastoral e disciplinar, apesar de não serem infalíveis e imutáveis, devem ser obedecidos também pelos católicos porque elas são uma "expressão de uma vontade colegial dominante, ainda que, eventualmente, por apenas um certo período de tempo". Aliás, as deliberações conciliares, incluindo as de natureza pastoral e disciplinar, "já foram incorporadas ao Código de Direito Canônico, ou seja, tornaram-se leis da Igreja". Estas leis merecem respeito e obediência dos fiéis, se bem que o grau de assentimento e obediência seja inferior ao das verdades de fé e dos dogmas.
Aliás, o próprio Papa Paulo VI, numa alocução feita em 1966, afirmou que "o Concílio [...] será o grande catecismo dos nossos tempos". Com isto, o Magistério da Igreja Católica quis declarar que os ensinamentos do Concílo Vaticano II, que estão expressos nos vários documentos aprovados por este mesmo Concílio, são fundamentais para a transmissão da fé católica nos tempos modernos e recentes. O Papa João Paulo II, em 1995, acrescentou também que o Concílio "não marcou a ruptura com o passado" e até "soube valorizar o património da inteira" Tradição católica. No ano 2000, ele disse ainda que "interpretar o Concílio pensando que ele comporta uma ruptura com o passado, enquanto na realidade ele se põe na linha da fé de sempre, é decididamente desviar-se do caminho".
Visão tradicionalista
Os católicos tradicionalistas rejeitam algumas decisões e reformas abertas pelo Concílio Vaticano II, por as considerarem rupturas doutrinárias com o passado. De entre estas renovações rejeitadas, destacam-se em particular a questão da liberdade religiosa, do ecumenismo e da reforma do ritual romano da Missa. Este novo ritual, por eles chamado de "Novus Ordo", foi estabelecida em 1969 pelo Papa Paulo VI e por desejo do Concílio.
Estes católicos tradicionalistas acham que a falta de clareza textual e os vários erros doutrinais e pastorais do Concílio foram as causas para esta descontinuidade e ruptura com a Tradição católica. Para eles, o Concílio, sendo ele de carácter pastoral, é reformável, criticável e falível (susceptível de cometer erros), logo passível de ser aceitado ou rejeitado pelos católicos. Para sustentar este ponto de vista, eles, como por exemplo, alegam que o Concílo "foi reconhecido como não infalível" por:
Lumen Gentium (um texto conciliar), que afirma, na sua nota anexa, que “tendo em conta a praxe conciliar e o fim pastoral do presente Concílio este sagrado Concilio só define aquelas coisas relativas à fé e aos costumes que abertamente declarar como de fé”. Para os tradicionalistas, não houve nenhuma declaração de fé aberta deste tipo.
Papa Paulo VI, que disse, num seu discurso proferido na Audiência de 12 de Janeiro de 1966, que “dado o caráter pastoral do Concílio, ele evitou pronunciar de uma maneira extraordinária dogma algum, comportando a nota de infalibilidade”. Para os tradicionalistas, "isso significa então que no Concilio, a Igreja não quis utilizar seu grau de suprema autoridade".
Papa Bento XVI, num discurso seu proferido em 2005. Os tradicionalistas alegam que o Papa, de um modo "parcialmente implícita", aceitou que "um concílio, cujo objetivo primeiro e confessado foi de se adaptar ao que este mundo presente tem de contingente, não pode senão ser ele mesmo contingente. Contingente, logo reformável, por uma reforma que será ela mesma o fruto de uma sã crítica."
Os tradicionalistas devido as suas posições extremistas, caem em uma profunda contradição, já que de acordo coma Tradição Católica todos os Concílios Ecumênicos sancionados pelo Papa e seu episcopado gozam de infalibilidade constituindo-se parte integrante do Magistério da Igreja. O caráter não dogmático do Concilio Vaticano II, não exclui sua infalibilidade. Essa posição contraditória ímpar transforma os tradicionalistas em vítimas de seu próprio sofisma: ao tentarem defender a tradição católica conforme suas concepções particulares, posicionaram-se contra o Concílio e consequentemente caem no grave erro de negar um dos princípios centrais, fundamentais e imutáveis da Fé Católica: a interpretação do Magistério da Igreja cabe única e exclusivamente ao Romano Pontífice em conjunto com seus Bispos.
Os tradicionalista possuem um conceito equivocado da Tradição: segundo eles a tradição é algo petrificado e imutável (confundem Tradição com tradicionalismo).
A concepção verdadeiramente Católica de Tradição se expressa no Magistério Vivo da Igreja que conservando as verdades doutrinárias e essenciais da Fé, se adapta aos tempos, locais e costumes de modo a melhor transmitir estas verdades aos homens.
Visão neo-modernista
Os "neo-modernistas", afirmando também que o Concílio apresentou uma ruptura em relação à Tradição católica, propuseram uma hermenêutica ou interpretação liberal dos documentos conciliares, levando ao excesso o aggiornamento proposto por João XXIII. Esta corrente divergente, interpretando mal os documentos conciliares e a própria Tradição católica, afirma, como por exemplo, que a missão da Igreja não devia ser a salvação eterna do homem, mas sim, que a sua missão haveria que ser de ordem preferentemente temporal.
Estes afirmam que "os textos do Concílio como tais ainda não seriam a verdadeira expressão do espírito do Concílio", sendo por isso "preciso ir corajosamente para além dos textos, deixando espaço à novidade em que se expressaria a intenção mais profunda, embora ainda indistinta, do Concílio. Em síntese: seria necessário seguir não os textos do Concílio, mas o seu espírito", que cria assim um grande espaço de manobra, de incerteza e de inconstância. Tudo isto viola e desvirtua o verdadeiro "espírito conciliar" proposto por João XXIII.
Estes liberais, ainda em nome de um pretenso e desvirtuado "espírito conciliar", causaram no mundo eclesiástico católico uma crise de fundo "neo-modernista" e de ruptura, com várias práticas contrárias à doutrina e à disciplina da Igreja, em desacordo com os documentos do próprio Concílio. Este problema já está actualmente mais ou menos resolvido e passado.
Actualidade
O Papa Bento XVI.
O Papa João Paulo II.Apesar da crise "neo-modernista" (apresentado na subsecção Visão neo-modernista) estiver já actualmente mais ou menos resolvido, existem ainda vários problemas pós-conciliares que continuam a perdurar até aos nossos dias,[30] porque, segundo alguns estudiosos, este Concílio ainda não foi totalmente compreendido. Esta posição foi defendida pelo Sínodo dos Bispos de 1985, que constatou uma "ignorância não pequena de grande parte dos cristãos para com os conteúdos conciliares". Este sínodo também "afirmou que em muitos contextos o Concílio estava sendo usado de forma manipulada, conforme as necessidades das situações, ou seja, estaria sendo esvaziado de seu sentido original, perigo este não desprezível".Logo, na Carta Apostólica "Tertio milennio adveniente" (1994), o Papa João Paulo II convidou a Igreja a "um irrenunciável exame de consciência, que deve envolver todas as componentes da Igreja, [e que] não pode deixar de haver a pergunta: quanto da mensagem conciliar passou para a vida, as instituições e o estilo da Igreja?".
Por estas razões, os efeitos do Concílio são ainda vistos de forma controversa por alguns sectores católicos, principalmente pelo catolicismo tradicionalista, que se opõe a vários pontos (ou até à maioria) das decisões do Concílio Vaticano II, nomeadamente em questões como a reforma litúrgica, a liberdade religiosa e o ecumenismo.
Os católicos tradicionalistas acusam de o Concílio, em vez de trazer uma lufada de ar fresco para Igreja, ser uma das causas principais da actual "crise na Igreja", que é caracterizado, como por exemplo, na "corrupção da fé e dos costumes", no declínio do número das vocações sacerdotais e de católicos praticantes e na perda de influência da Igreja no mundo ocidental. Sobre esta mesma crise eclesial, os católicos mais progressistas acham que a sua causa principal "é a infidelidade ao Concílio Vaticano II e o medo das reformas exigidas".
O Papa João Paulo II, em 1995, afirma que não há ruptura:
Graças ao sopro do Espírito Santo, o Concílio lançou as bases de uma nova primavera da Igreja. Ele não marcou a ruptura com o passado, mas soube valorizar o património da inteira tradição eclesial, para orientar os fiéis na resposta aos desafios da nossa época. À distância de trinta anos [do Concílio], é mais do que nunca necessário retornar àquele momento de graça
Em 2000, João Paulo II afirmou também que:
A "pequena semente", que João XXIII lançou [no Concílio], cresceu e deu vida a uma árvore que já alarga os seus ramos majestosos e frondosos na Vinha do Senhor. Ele já deu numerosos frutos nestes 35 anos de vida e ainda dará muitos outros nos anos vindouros. Uma nova estação abre-se diante dos nossos olhos: trata-se do tempo do aprofundamento dos ensinamentos conciliares, o período da colheita daquilo que os Padres conciliares semearam e a geração destes anos cuidou e esperou. O Concílio Ecumênico Vaticano II constitui uma verdadeira profecia para a vida da Igreja; e continuará a sê-lo por muitos anos do terceiro milênio há pouco iniciado. A Igreja, enriquecida com as verdades eternas que lhe foram confiadas, ainda falará ao mundo, anunciando que Jesus Cristo é o único verdadeiro Salvador do mundo: ontem, hoje e sempre!
Em 2005, o Papa Bento XVI defendeu também a mesma ideia do seu predecessor, dizendo que:
Quarenta anos depois do Concílio podemos realçar que o positivo é muito maior e mais vivo do que não podia parecer na agitação por volta do ano de 1968. Hoje vemos que a boa semente, mesmo desenvolvendo-se lentamente, cresce todavia, e cresce também assim a nossa profunda gratidão pela obra realizada pelo Concílio. [...] Assim podemos hoje, com gratidão, dirigir o nosso olhar ao Concílio Vaticano II: se o lemos e recebemos guiados por uma justa hermenêutica, ele pode ser e tornar-se cada vez mais uma grande força para a sempre necessária renovação da Igreja.
Catolicismo
No catolicismo os estudos mariológicos são parte integrante da teologia. Na Encíclica Ecclesia de Eucharistia o Papa João Paulo II preconizou:
"Se quisermos redescobrir em toda a sua riqueza a relação íntima entre a Igreja e a Eucaristia, não podemos esquecer Maria, Mãe e modelo da Igreja. Com efeito, Maria pode guiar-nos para o Santíssimo Sacramento porque tem uma profunda ligação com ele."
A Pietà de Miguelângelo Buonarroti, Basílica de São Pedro, Roma.[editar] Magistério
Principais documentos mariológicos da Igreja promulgados nos últimos cento e cinquenta anos:
Papa Leão XIII: Encíclicas Magnae Dei Matris, 1892, Adiutricem populi, 1895, Augustissimae Virginis Mariae, 1897.
Papa Pio IX: Bula dogmática Ineffabilis Deus, de 8 de dezembro de 1854.
Papa Pio X: Encíclia Ad diem illum laetissimum, 1904
Papa Pio XI: Encíclica Lux veritatis, 1931.
Papa Pio XII: Encíclicas Bulla Munificentissimus Deus, 1950, Fulgens corona, 1953 e Ad Caeli Reginam, 1954.
Concílio Vaticano II, Constituição Lumen Gentium, cap. VIII, 1964.
Papa Paulo VI: Exortações Apostólicas Marialis cultus, 1974 e Signum magnum, 1967.
Papa João Paulo II: Encíclica Redentoris Mater (1987), Exortação Apostólica Redentoris custos, 1989 e Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, (2002).
Biblioteconomia
Para classificar o material bibliográfico mariológico o profissional da área de Biblioteconomia poderá encontrar dificuldades ao representar o assunto de forma precisa, de acordo com o sistema de classificação utilizado por sua instituição. Uma análise comparativa do assunto foi realizada entre os sistemas CDD e CDU, identificando que este atende a especificidade notacional do mesmo, enquanto aquele restringe a classificação. O objetivo deste trabalho foi o estabelecimento de desdobramento hierárquico da classe - 232 - em CDU, com base na estrutura da CDD, visando a inserção de cabeçalhos adequados ao assunto Mariologia.
Conflitos
Mariologia é um campo da teologia que conflitua-se muitas vezes com a análise científica e crítica histórica. Este conflito tem sido reconhecida desde o início. Por volta do ano de 1300 William Ware descreveu a tendência por se louvar muito Maria. Bonaventura advertiu contra o maximalismo mariano: "Eles tem de ter cuidado para não minimizar a honra de nosso Senhor, Jesus Cristo". No século XX, o Papa Pio XII, "o papa mais mariano da história da Igreja" , no entanto, advertiu contra ambos os exuberantes exageros e o minimalismo e timidez na apresentação de Maria.
A Virgem Maria nos Concílios Ecumênicos
Devoção
Hiperdulia • Companhia de Maria • Imaculado Coração • Sete Dores • Títulos • Santo Rosário
Orações marianas famosas
Ave Maria • Magnificat • Angelus • Infinitas graças vos damos • Lembrai-vos • Salve Rainha
Dogmas e Doutrinas
Mãe de Deus • Pérpetua Virgindade • Imaculada Conceição • Assunção • Mãe da Igreja • Medianeira • Co-Redentora
Aparições
Crenças reconhecidas ou dignas de culto
Guadalupe • Medalha Milagrosa •
La Salette • Lourdes • Fátima • Caravaggio • Prouille
Doutrina da Igreja Católica
A Virgem Maria nos Concílios Ecumênicos refere-se ao conjunto de citações doutrinárias e dogmáticas emitidas pelos concílios ecumênicos da Igreja Católica, que são a expressão máxima de seu magistério.
1) Éfeso (III Ecumênico – 431): aprova a doutrina de são Cirilo de Alexandria, que, propondo a fé sobre a união pessoal ou hipostática da natureza humana de Jesus Cristo com a pessoa divina do Verbo, daí concluía a verdade dogmática da maternidade divina de Maria (DS 250-264).
2) Calcedônia (IV Ecumênico – 451): "O único e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo […], foi gerado pelo Pai eternamente segundo a divindade, e o mesmo nos últimos tempos [foi gerado] por nossa causa e para a nossa salvação de Maria virgem, Mãe de Deus, segundo a humanidade" (DS 301).
3) Constantinopla II (V Ecumênico – 553): além de voltar a tratar do dogma da maternidade divina, incluiu também o dado da virgindade perpétua de Maria (cf. DS 422 e 427). Foi essa a primeira vez que um concílio chamou a Mãe de Deus de santa e sempre virgem.
4) Constantinopla III (VI Ecumênico – 680-681): ao definir as duas vontades e operações de Jesus Cristo, reafirmando a maternidade divina de Maria (cf. DS 555).
5) Nicéia II (VII Ecumênico – 787): definiu a leiceidade do culto às imagens de nosso Senhor Jesus Cristo, de Maria Santíssima, a Mãe de Deus, e dos anjos e santos (cf. DS 600-601).
6) Constantinopla IV (VIII Ecumênico – 869-870): renovou a definição do culto às sagradas imagens do Salvador, de Maria Santíssima e dos santos (cf. DS 656).
7) Latrão IV (XII Ecumênico – 1215): reafirmou que Jesus Cristo, o Filho de Deus, foi concebido, por obra do Espírito Santo, de Maria sempre virgem (cf. DS 801).
8) Lião II (XIV Ecumênico – 1274): reafirmou que o Filho de Deus nasceu do Espírito Santo e de Maria sempre virgem (cf. DS 852).
9) Florença (XVII Ecumênico – 1438-1445): reafirmou que o Filho de Deus assumiu a natureza verdadeira e íntegra de homem no seio imaculado de Maria Virgem e uniu-a a si em unidade de pessoa (cf. DS 1337); que na humanidade que assumiu da Virgem nasceu verdadeiramente (cf. DS 1338). Condenou Valentin, que afirmava que o Filho de Deus nada havia recebido da Virgem Mãe, porém, assumiu um corpo celeste e passou através do seio da Virgem como a água escorre por dentro de um aqueduto; e condenou também Ário, que afirmara que o corpo assumiu da Virgem era privado de alma e que no lugar da alma estava a divindade (cf. DS 1341-1342).
10) Trento (XIX Ecumênico – 1545-1563): no decreto sobre o pecado original, declarou que não era sua intenção incluir nele a santa e imaculada Virgem Maria, Mãe de Deus (cf. Sessão VI, DS 1516); afirmou que Maria Santíssima é considerada pela Igreja imune de todo culpa atual, ainda que mínima (cf. Sessão VII, DS 1573); renovou a afirmação da liceidde do culto das imagens de "Cristo, da Virgem Mãe de Deus e dos outros santos" (DS 1823).
11) Vaticano II (XXI Ecumênico – 1962-1965): no Capítulo VIII da Constituição Dogmática Lumen gentium, esclareceu qual o lugar da Bem-aventurada Virgem Maria Mãe de Deus no Mistério de Cristo e da Igreja (cf. DS 4172-4179).
Títulos de Maria, mãe de Jesus
Esta lista de invocações de Nossa Senhora, relaciona os nomes pelos quais Maria, mãe de Jesus Cristo é reverenciada pela fé católica, trazendo ainda a justificação para sua adoção.
Desde os primeiros séculos, os cristãos têm dedicado especial reverência à Virgem Maria, Mãe de Jesus Cristo.
As primeiras representações iconográficas da Virgem Maria são as encontradas nas catacumbas romanas representando a Virgem Orante, ou seja , sozinha, em pé e de braços abertos. Também há representações suas em cenas retiradas da Bíblia ou dos Evangelhos Apócrifos. Com as resoluções do Concílio de Éfeso, condenando o nestorianismo, houve um grande incentivo ao culto da Virgem Maria, destacando-se o seu papel de Mãe de Deus (Θεοτοκος). Desde então, as representações da Virgem com o Menino Jesus, foram se tornando cada vez mais comuns.
A devoção dos povos foi criando uma série de invocações, pelas quais estes mesmos povos devotavam sua devoção à Mãe de Deus. Estas invocações, conforme sua origem, podem ser de três naturezas:
Litúrgica: compreende as invocações criadas pela Igreja e estão relacionadas ás comemorações litúrgicas.
Histórica: compreende, de modo abrangente, as invocações surgidas ao longo da história do cristianismo, referindo-se, geralmente, aos lugares onde determinado culto da Virgem Maria foi iniciado.
Popular: compreende as invocações surgidas da devoção popular, conforme as necessidades.
Diz a tradição que as primeiras imagens da Virgem Maria, sejam as pinturas das catacumbas, sejam os ícones e mosaicos bizantinos, foram baseados no ‘’’retrato da Virgem’’’, pintado por São Lucas. Quanto à representação iconográfica, ela se baseia nas fases da vida de Maria:
Infância
Imaculada Conceição
Encarnação do Verbo de Deus
Maternidade
Paixão de seu Filho
Glorificação
Veneração a Maria
Nossa Senhora da Piedade - uma das muitas invocações com que Maria é venerada.Na Igreja Católica há três tipos de culto o de latria o de dulia e o de hiperdúlia O culto de latria (λατρεια) é o culto de adoração, prestado somente a Deus, como supremo Senhor de toda vida e de todo o universo, confessando que absolutamente tudo depende dele.
O culto de dulia (δουλεια) é o culto de veneração, prestado aos santos e, estando a Virgem Maria acima de todos na corte celeste depois de Deus.
Hiperdúlia(‘υπερδουλεια) é o culto de veneração prestado somente a Maria Santíssima(Virgem Maria) reconhecendo Ela como Mãe de Jesus e medianeira
A Mariologia, instituída como uma das bases da fé Católica Romana, fez surgir ao longo dos tempos, diversas formas de devoção àquela que chamam de Nossa Senhora, com diversas denominações.
Invocada por suas denominações, a veneração a Maria é responsável pela multiplicidade de nuances em seu caráter, que é admirado em aspectos parciais.
Lista dos nomes de Maria
Nome - Origem -Devoção
Nossa Senhora da Abadia imagem encontrada perto da Abadia de Bouro, na arquidiocese de Braga, Portugal Em Portugal, nome de mulher: “Maria da Abadia”; em Uberaba, Padroeira da cidade.
Nossa Senhora da Ajuda relembra Maria junto à cruz, também implorando a Deus pelo gênero humano Nome de mulher; “Maria da Ajuda”;
Nossa Senhora do Divino Amor relembra o momento de Pentecostes em que Maria recebe o Espírito Santo prometido por Jesus
Nossa Senhora do Amparo relembra Jesus crucificado, entregando Maria como Mãe de todos os homens; Nome de mulher: Maria do Amparo;
Nossa Senhora dos Anjos Relembra Maria, como rainha das cortes celestes e também faz alusão à cidade de Assis, Itália, local para onde havia sido levado um pedaço do túmulo da Virgem e se ouvia sempre o canto dos anjos; A cidade de Los Angeles, nos EUA, foi batizada com seu nome : Nuestra Señora la Reina de Los Ángeles de Porciúncula. Nome de mulher; “Maria dos Anjos”;
Nossa Senhora da Anunciação Visita do arcanjo Gabriel a Maria Nome de mulher, "Maria da Anunciação";
Nossa Senhora Aparecida, ou da Conceição Aparecida Imagem encontrada no Vale do Paraíba (São Paulo) que possui poderes milagrosos Padroeira do Brasil. Nome de mulher: “Maria Aparecida”;
Nossa Senhora da Apresentação Apresentação de Maria, no Templo de Jerusalém; Toponímicos; Padroeira da cidade brasileira de Natal.
Nossa Senhora da Arábia Na Arábia Saudita, Maria recebe este nome N. Sr. da Arábia, e é padroeira deste país
Nossa Senhora Aquiropita Imagem que não foi pintada por mão humana, de devoção em Rossano, na Calábria Nome comum de mulher, entre os italianos e seus descendentes; Paróquia do Bairro da Bela Vista, em São Paulo;
Nossa Senhora da Assunção relembra a elevação de Maria, de corpo e alma, aos céus; Nome de mulher; “Maria da Assunção”; Padroeira e antigo nome da cidade de Fortaleza;
Nossa Senhora Auxiliadora relembra o auxílio de Maria ao Papa Pio VII, durante o domínio napoleônico; Nome de mulher: “Maria Auxiliadora”;
Nossa Senhora do Belém relembra a maternidade de Maria, na cidade de Belém; Nome de mulher: “Maria de Belém”; canções natalinas
Nossa Senhora da Boa Hora relembra a proteção de Maria na hora dos partos e na hora da morte;
Nossa Senhora da Boa Morte Proteção aos agonizantes; Nome de diversas confrarias;
Nossa Senhora da Boa Nova Maria é que traz aos homens a Boa Nova (Evangelho) do nascimento de Jesus; Nome de mulher: "Maria da Boa Nova";
Nossa Senhora da Boa Viagem relembra Maria como protetora dos portugueses que partiam nas viagens de descobrimento do Novo Mundo; Toponímicos;
Nossa Senhora do Bom Conselho relembra Maria como grande conselheira dos Apóstolos, cultuada desde o século V, na cidade italiana de Genazzano;
Nossa Senhora do Bom Despacho celebra o prestígio de Maria perante Deus, pelo despacho da encarnação do Verbo; Toponímicos;
Nossa Senhora do Bom Parto / do Parto Nascimento de Jesus, tendo Maria permanecido virgem antes, durante e depois do parto.
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Nossa Senhora do Bom Socorro relembra o socorro de Maria aos cristãos, celebrado, desde o século X, em Blosville, na Normandia; Toponímicos;
Nossa Senhora do Bom Sucesso relembra o auxílio da Mãe de Deus para os que almejam sucesso em seus tratamentos de saúde e nos seus empreendimentos materiais; Toponímicos;
Nossa Senhora do Brasil relembra as inúmeras graças concedidas, por seu intermédio, aos brasileiros; Paróquia célebre de São Paulo;
Nossa Senhora das Brotas relembra o fato de folhas brotarem numa altar de Nossa Senhora, no início do povoamento de Cuiabá, no estado de Mato Grosso, no século XVIII; também venerada em Piraí do Sul, após um milagre envolendo a estampa de Nossa Senhora deixada com uma moradora da cidade por Santo Antônio de Sant'anna Galvão. Toponímicos;
Nossa Senhora da Cabeça imagem encontrada no Pico da Cabeça, Serra Morena, na Andaluzia, no século XIII ;
Nossa Senhora da Luz, das Candeias ou da Candelária relembra a purificação de Maria no Templo, comemorada com uma procissão luminosa; Nome de mulher: “Maria Candelária”; célebres paróquias do Rio de Janeiro, de Itu e de Natal, além da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária de Corumbá, e da Igreja Catedral de Nossa Senhora da Luz em Guarabira e da Catedral de Curitiba;
Nossa Senhora de Caravaggio Aparição da Virgem , no século XV, em Caravaggio, cidade italiana próxima a Milão.; Cruz de Caravaggio;
Nossa Senhora do Carmo, do Monte Carmelo relembra o convento construído em honra à Virgem, nos primeiros séculos do cristianismo, no Monte Carmelo, na Samaria;
Nossa Senhora da Carpição originária de cerimonial de carpição ou capina de um terreno onde foi ereta uma capela dedicada à Virgem Maria, em São José dos Campos, São Paulo, no século XIX; Toponímico;
Nossa Senhora de Ceuta ou do Bastão relembra o auxílio da Virgem Ana conquista de Ceuta, por Dom João I; sua imagem traz um rico bordão na mão, donde vem o termo “do Bastão”; Toponímico;
Nossa Senhora da Conceição Relembra que Santana concebeu Maria, pura sem pecado. Prenome feminino: Maria da Conceição, Conceição
Nossa Senhora da Consolação relembra a Virgem como “Consoladora dos aflitos”, devoção iniciada por Santa Mônica; Paróquia de São Paulo;
Nossa Senhora de Copacabana Imagem esculpida por um índio, Francisco Tito Iupanqui, no século XVI, na aldeia de Copacabana, às margens do Lago Titicaca; Toponímicos;
Nossa Senhora da Correia relembra a correia da cintura da Virge Maria, símbolo de pureza, com que as mulheres judias eram cingidas desde a infância; Toponímicos;
Nossa Senhora dos Desamparados relembra a proteção de Maria a uma confraria criada , no século XV, em Valência, Espanha, para acolher crianças desamparadas; Confrarias;
Nossa Senhora Desatadora de Nós relembra que a Virgem Maria liberta os homens das aflições da vida, desata os nós que os escravizam; Célebre pintura de Johann Schmittdner (1700);
Nossa Senhora do Desterro A fuga para o Egito Toponímicos. Antigo nome de Florianópolis e de Jundiaí.
Nossa Senhora Divina Pastora Devoção a Virgem Maria como pastora de almas, surgida no século XVIII, em Sevilha, Espanha; Confrarias;
Nossa Senhora da Divina Providência relembra que a Virgem confiou plenamente na Divina Providência, entregando-se totalmente a Deus; Confrarias;
Nossa Senhora das Dores (ou da Piedade/da Soledade/ das Angústias/ das Lágrimas/ das Sete Dores/ do Calvário/ do Pranto) Refere-se às sete dores da Virgem Maria: a profecia de Simeão, a fuga para o Egito, a perda do menino Jesus, o encontro no caminho do Calvário, a morte de Jesus, o golpe da lança e a descida da cruz, e o sepultamento de Cristo. Prenome feminino: Maria das Dores
Nossa Senhora da Encarnação relembra a encarnação do Verbo no seio puríssimo da Virgem; Nome de mulher: “Maria da Encarnação”;
Nossa Senhora da Escada A Virgem é comparada à “Escada de Jacó”, que liga o céu e a terra. També faz alusão aos trinta e um degraus que davam aceso a um santuário de Lisboa.; Confrarias e toponímicos;
Nossa Senhora da Esperança relembra a Virgem na esperança e na iminência do parto divino; Confrarias; antigo santuário construído em 930, em Mazières; imagem trazida por Pedro Álvares Cabral, em sua viagem do descobrimento do Brasil
Nossa Senhora da Estrela imagem oculta por Dom Rodrigo, último rei dos visigodos, em 711, quando da invasão árabe; sendo descoberta, quando a Vila de Marvão, em Portugal, foi liberada do domínio muçulmano; Maria é chamada “Aurora da Salvação” Confrarias;
Nossa Senhora da Família, Rainha da Família Invocação (Regina Familiæ) mandada acrescentar às "Ladainhas Lauretanas", em 1995, pelo Papa João Paulo II Padroeira do Pontifício Conselho para a Família;
Nossa Senhora de Fátima, do Rosário de Fátima Aparição em Fátima (Portugal) Prenome feminino: Maria de Fátima ou apenas "Fátima"; Santuário de Fátima;
Nossa Senhora da Fé relembra que a vida da Virgem foi um contínuo “Ato de Fé, sendo esta devoção medieval originária da França e Bélgica;
Nossa Senhora da Glória relembra coroação da Virgem como rainha; Nome de mulher: Maria da Glória, Glória;
Nossa Senhora da Graça imagem encontrada por pescadores na praia de Cascais, Portugal, em 1362 e que apareceu a Catarina Álvares,Paraguaçu, no século XVI; Nome de mulher: “Maria da Graça”, “Graça”.
Nossa Senhora das Graças ou da Medalha Milagrosa relembra uma aparição feita a Catarina Labouré, em Paris; Prenome feminino: Maria das Graças.
Nossa Senhora de Guadalupe Aparição ao índio Juan Diego, em Guadalupe, México, em 1531 Prenome feminino: Maria Guadalupe, Guadalupe, Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe; Padroeira da América Latina e do México.
Nossa Senhora da Guia relembra que a Virgem Maria guiou Jesus, na sua infância e juventude; é chamada pelos ortodoxos de “Odegitria” (‘οδεγός); Nome de mulher: “Maria da Guia”, confrarias.
Nossa Senhora da Lampadosa relembra a padroeira da ilha de Lampadosa, no Mar Mediterrâneo, entre a ilha de Malta e a Tunísia; Toponímicos. Tiradentes foi enforcado no Largo na Lampadosa, no Rio de Janeiro;
Nossa Senhora da Lapa Imagem escondida dos muçulmanos numa lapa, no século X, pelas monjas beneditinas de Aguiar da Beira, sendo encontrada em 1498, por uma menina, que muda de nascença, começou a falar; Toponímicos;
Nossa Senhora do Leite ou da Lactação relembra a Virgem nutrindo o Menino-Deus com seu leite materno; célebre igreja de Belém;
Nossa Senhora do Líbano relembra a milenar devoção dos libaneses à Virgem Maria, e também o santuário construído, entre 1904 e 1908, no cume Haruça, no Monte Líbano, para honrar a Imaculada Conceição de Maria; paróquias célebres em São Paulo e no Rio de Janeiro;
Nossa Senhora do Livramento relembra o livramento do fidalgo português Rodrigo Homem de Azevedo, preso pelo Duque de Alba, no século XVI.; Toponímicos;
Nossa Senhora do Loreto refere-se à “Casa de Nazaré”, onde viveu a Virgem Maria, transladada para um bosque de loureiros, próximo a Recanati, na Itália; ladainhas Loretanas (de Nossa Senhora);
Nossa Senhora de Lourdes Aparição, no século XIX, na Gruta de Massabielle, em Lourdes (França) Nome de mulher: Maria de Lourdes ou apenas Lourdes.
Nossa Senhora de Lujan refere-se a uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, mandada esculpir no Brasil, em 1630, por um português, residente na Argentina; que ao ser transportada, encalhou às margens do Rio Lujan ; Toponímico; Padroeira da Argentina;
Nossa Senhora da Luz imagem encontrada por Pedro Martins, entre uma estranha luz, que lhe apareceu em Carnide, Portugal; Maria é lembrada como aquela que apresenta seu Filho Jesus como “Luz das Nações”; Confrarias. Famoso convento de São Paulo;
Nossa Senhora Madre de Deus relembra a maternidade divina de Maria, cultuada desde os primeiros séculos e confirmada pelo Concílio de Éfeso ; Toponícos. Antigo nome de Porto Alegre - RS;
Nossa Senhora Mãe da Igreja relembra a proclamação de Maria como “Mãe de todo o povo de Deus”, pelo Papa Paulo VI, em 1964, durante o Concílio Vaticano II;
Nossa Senhora Mãe dos Homens devoção surgida no convento de São Francisco das Chagas, no bairro de Xabregas, em Lisboa, relembrando que Maria além de Mãe de Deus é Mãe de todos os homens; Confrarias;
Nossa Senhora das Maravilhas relembra que a vida de Maria foi uma sucessão de maravilhas, das quais a maior foi a encarnação do Verbo. Isto atesta a própria Virgem, no canto do “Magnificat”; Toponímico e cânticos;
Nossa Senhora dos Mares Desde os primeiros séculos do cristianismo, Maria é invocada como protetora das viagens marítimas; Confrarias;
Nossa Senhora dos Mártires Invocada em homenagem dos cristãos que tombaram no Cerco de Lisboa (1147) Basílica de Nossa Senhora dos Mártires, em Lisboa
Nossa Senhora Medianeira relembra o papel de intermediária entre o fiel e Jesus, devoção que teve origem em Veneza, durante a grande epidemia de 1630;
Nossa Senhora de Međugorje Aparição em Međugorje na Bósnia e Herzegovina.
Nossa Senhora Menina relembra a infância da Virgem, do nascimento aos três anos junto a seus pais, São Joaquim e Santa Ana; e dos três aos doze anos, no Templo de Jerusalém; Cânticos;
Nossa Senhora das Mercês relembra a aparição a São Pedro Nolasco, no início do século XII, solicitando a criação de uma Ordem destinada ao resgate de cristãos feitos cativos pelos muçulmanos; Ordem religiosa e confrarias;
Nossa Senhora dos Milagres relembra os grande prodígios operados pela Mãe de Deus, Onipotência suplicante e canal de todas as graças, a quem nada Deus recusa; Confrarias;
Nossa Senhora da Misericórdia Por conseguir inúmeros benefícios de Deus para os homens, Maria é chamada “Mãe de Misericórdia”; o título também lembra a proteção da Virgem às Santas Casas de Misericórdia, cuja primeira foi fundada em Lisboa em 1498; Santas Casas de Misericórdia;
Nossa Senhora do Monte relembra que a Virgem é um monte altíssimo, que vence a altura de todos os outros montes, em santidade e virtude; célebres igrejas: na Ilha da Madeira e em Olinda;
Nossa Senhora de Monserrate relembra a imagem da Virgem levada a Barcelona, Espanha, nos primeiros séculos do cristianismo, sendo que durante a invasão árabe, os cristãos esconderam a imagem na escarpada montanha de Monserrate. Mais tarde, esta imagem foi milagrosamente encontrada e no local foi construída uma grande abadia beneditina; Abadia de Monserrate;
Nossa Senhora de Muquém relembra o auxílio da Virgem Maria a um garimpeiro português, na vila de São Tomé de Muquém, no início da mineração em Goiás; célebre romaria;
Nossa Senhora da Natividade relembra o nascimento da virgem Maria, que, segundo a tradição, foi num sábado, 8 de setembro, do ano 20 a.C., na cidade de Jerusalém; Confrarias e cânticos;
Nossa Senhora dos Navegantes Maria é invocada como protetora dos navegantes, devoção que teve seu auge durante as cruzadas e, depois, durante o período das grandes navegações; Confrarias;
Nossa Senhora de Nazaré relembra a vida da Virgem Maria, em Nazaré, junto à sua sagrada família; Toponímicos. Círio de Nazaré;
Nossa Senhora das Neves refere-se a um milagre, anunciado pela Virgem Maria, de que em pleno verão, na noite de 4 para 5 de agosto, nevaria em Roma, o que realmente aconteceu no local onde hoje se ergue a basílica de Santa Maria Maior; Antigo nome de João Pessoa, Paraíba;
Nossa Senhora do Ó Alusão à Nossa Senhora nas proximidades de seu parto. Houve um sermão proferido pelo Padre Vieira, onde compara as virtudes de Maria à "perfeição da letra o", símbolo da imortalidade e de Deus, de quem Maria é mãe. Referências às sete antífonas do Ó, nas proximidades do Natal. Freguesia do Ó em São Paulo
Nossa Senhora da Oliveira refere-se a uma imagem levada para Guimarães, Portugal, por São Tiago, que a colocou num templo, ao lado qual havia uma oliveira. Também, a Virgem Maria é comparada na passagem bíblica: “sua glória é igual ao fruto da Oliveira” (Os 14,6); Confraria;
Nossa Senhora do Parto, do Bom Parto recorda a proteção da Virgem Maria às mães que estão para dar à luz; Célebre recolhimento do Rio de Janeiro;
Nossa Senhora do Patrocínio relembra a intercessão da Virgem Maria junto a seu Filho, em favor dos homens, como nas Bodas de Caná; Toponímicos;
Nossa Senhora da Paz ou Rainha da Paz relembra a intervenção da Virgem Maria na devolução da catedral de Toledo, Espanha, aos cristãos; Célebre mosteiro de Itapecerica da Serra;
Nossa Senhora da Pena relembra a Virgem como inspiradora e padroeira das letras e das artes; Célebre igreja de Porto Seguro (1773); Igreja do Rio de Janeiro, no bairro de Jacarepaguá
Nossa Senhora da Penha relembra o milagre realizado, no início do século XVII, por intercessão da Virgem Maria invocada por Baltazar de Abreu Cardoso, fazendeiro brasileiro, que encontrou uma serpente ao subir um penhasco (penha) que levava à sua fazenda no Rio de Janeiro; Bairro do Rio de Janeiro; Santuário Perpétuo no Rio de Janeiro
Nossa Senhora da Penha de França relembra a aparição da Virgem Maria a Simão Vela, monge francês, na serra chamada Penha de França, no norte da Espanha; Bairro de São Paulo;
Nossa Senhora de Pentecostes alusão ao dia de Pentecostes quando Maria juntamente com os Apóstolos ficou repleta do Espírito Santo, que veio sob a forma de línguas de fogo.
Nossa Senhora da Purificação relembra a purificação de Maria no Templo, comemorada com uma procissão luminosa; Nome de mulher: “Maria da Purificação”
Nossa Senhora Peregrina Alusão à imagem de Nossa Senhora de Fátima Peregrinação da imagem pelos lares católicos;
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro relembra a Virgem Maria como socorro dos cristãos, em suas horas de necessidade.Refere-se a um quadro milagroso da ilha de Creta, que após ser roubado, foi recuperado em Roma e posto, no século XIX, sob a guarda dos padres redentoristas ; Confrarias;
Nossa Senhora da Piedade relembra que Jesus, após o descimento da Cruz, foi entregue aos braços de sua Mãe Santíssima Prenome feminino: Maria da Piedade. Pietà: famosa escultura de Michelangelo;
Nossa Senhora do Pilar refere-se a uma aparição da Virgem Maria a São Tiago, que estava evangelizando em Saragoça. A virgem lhe apareceu sentada num pilar, donde lhe vem o nome; Nome de mulher: “Maria do Pilar”. Célebres igrejas de Minas Gerais;
Nossa Senhora de Pompeia relembra a aparição da Virgem a Bartolo Longo, em Pompeia, no sul da Itália; Bairro antigo de São Paulo;
Nossa Senhora da Ponte refere-se à comparação de Maria à ponte donde passamos da terra para o céu; Antigo nome de Sorocaba;
Nossa Senhora Porta do Céu refre-se à máxima que diz: “Ninguém chega ao Pai, a não ser por Jesus; e nimguém chega ao Filho, a não ser por Maria”. Esta é uma das invocações das “Ladainhas Loretanas”, considerando pois que o culto da Mãe de Deus é a porta que leva os fiéis ao paraíso; Ladainhas Loretanas;
Nossa Senhora do Porto refere-se a uma imagem bizantina colocada no célebre santuário, cuja construção foi iniciada no século VI, no bairro do Porto (Le Port), em Clermont-Ferrand, na França. Uma cópia deste ícone foi levada na batalha aos muçulmanos, para a retomada da cidade do Porto, em Portugal; Cidade do Porto;
Nossa Senhora do Povo relembra a construção, pelo povo de Roma, de uma igreja dedicada à Virgem Maria, no local onde se erguera o mausoléu dos Domícios, família a qual pertencia o imperador Nero; Forte de Nossa Senhora do Povo (Forte do Mar), em Salvador;
Nossa Senhora dos Prazeres relembra os sete principais prazeres da vida da Virgem Maria: a anunciação, a saudação de Santa Isabel, o nascimento de seu Filho, a visita dos Reis Magos, o encontro de Jesus no Templo, a primeira aparição de Jesus ressuscitado, a sua coroação no céu; Célebres igrejas de Recife (Monte Guararapes) – PE e Diamantina-MG;
Nossa Senhora do Presépio relembra a maternidade de Maria, na cena do presépio, conforme a tradição franciscana; Presépios natalinos;
Nossa Senhora Rainha Nossa Senhora sempre foi reconhecida pela Igreja Católica como Rainha. É proclamada, pela Igreja, Rainha por doze vezes: Rainha dos anjos, dos patriarcas, dos profetas, dos apóstolos, dos confessores, das virgens, dos mártires, de todos os Santos, do Santíssimo Rosário, da paz, concebida sem pecado original e levada aos céus. Sua Festa é Celebrada aos 22 de Agosto
Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos relembra que a Virgem Maria foi mãe, mestra e rainha dos apóstolos, que lhe devotavam especial veneração; Ladainhas Loretanas;
Nossa Senhora Rainha do Céu relembra a coroação de Maria, após sua assunção aos céus; Famosa antífona: Regina Cæli;
Nossa Senhora Rainha dos Homens relembra que Maria é rainha de todos os homens, portanto digna de todos os louvores, por parte de todos; Confrarias;
Nossa Senhora Rainha, Vencedora e Três vezes Admirável de Schoenstatt Imagem da Virgem Maria, padroeira do Movimento Apostólico de Schoenstatt, e relembra a aliança de amor que o padre Joseph Kentenich (1885 - 1968), selou pela primeira, 18 de Outubro de 1914, em Schoenstatt, Alemanha, com a Virgem Maria.; Movimento de Evangelização “Mãe Peregrina”;
Nossa Senhora dos Remédios relembra a Virgem Maria como único remédio para todos os nossos trabalhos, angústias, necessidades e doenças; Vila dos Remédios- Fernando de Noronha, Paraty;
Nossa Senhora do Rocio imagem encontrada no mar, no final do século XVII, por um pescador que vivia em Rocio, próximo a Paranaguá; Padroeira do Paraná; e da cidade de São Manoel do Paraná;
Nossa Senhora do Rosário relembra a aparição da Virgem a São Domingos de Gusmão, no século XIII, pedindo-lhe a divulgação do seu rosário de orações; Ordem Dominicana ;
Nossa Senhora do Sagrado Coração relembra que de Maria foi formado o coração divinal de Jesus; Confraria;
Nossa Senhora da Salete (em francês: de la Sallete) relembra a aparição da Virgem Maria, a 19 de setembro de 1846, a dois pastorinhos, na montanha de Salete, Isère, nos Alpes franceses; nome de mulher; “Salete”;
Nossa Senhora da Saudade relembra a imensa saudade que a Virgem Maria teve de seu Filho, nos três dias incompletos que seu corpo esteve no sepulcro; Cemitérios “da Saudade”;
Nossa Senhora da Saúde relembra que a Virgem Maria é fonte de vigor físico e moral para os homens; Ladainhas Loretanas;
Nossa Senhora Salvação do Povo Romano relembra que a Virgem Maria sempre socorreu o povo de Roma, em todas as suas situações de necessidade. Célebre ícone, do século I, da Capela Paulina, na Basílica de Santa Maria Maior;
Nossa Senhora do Sion, do Sião relembra a aparição da Virgem Maria, em 1842, em Roma, a Alfredo Ratisbona, ateu de origem judaica, convertido ao catolicismo; Congregação e Colégios do Sion;
Nossa Senhora da Soledade relembra a solidão, a tristeza e saudade da Virgem Maria, por ocasião da paixão de seu Filho; Topônimos;
Nossa Senhora do Trabalho relembra a devoção de todo Trabalhador por maria, por nossa senhora aquela que sempre abençoa os trabalhos Sua Festa Celebra-se no dia do trabalhador 1 de maio
Nossa Senhora do Terço similar à invocação de Nossa Senhora do Rosário, mas refere-se apenas a cinco mistérios da vida de Jesus; Rezas de Terço. Célebre igreja do Recife;
Nossa Senhora da Visitação relembra a visita da Virgem Maria a sua prima Santa Isabel; Congregação das visitandinas;
Nossa Senhora da Vitória relembra que a Virgem Maria, vitoriosa, pode levar os cristãos à vitória em suas vidas. Em Portugal, foi introduzida a devoção por Dom João I, para comemorar a vitória na Batalha de Aljubarrota; Famalicão; Padroeira da Arquidiocese de Vitória da Conquista
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Oi Zeca! como sua primeira seguidora, também sou sua primeira fã. Quero dizer que estou amando tudo que voce coloca aqui, estou lendo e e aprendendo muito. Obrigada por partilhar as riquezas de seu coração conosco.
ResponderExcluirbjs
Prezado!
ResponderExcluirsou catolico apostolico romano, e enfrento uma batalha com os protestantes daqui da minha cidade, gostaria muito que explicitasse, ou via e-mail, sem rodeios, onde diz que Maria é sempre virgem no concílio Ecumenico Lateranense IV, pois o que está aqui não diferencia nada para eles(protestantes), pois é somente pela fé católica, coloque algo que possamos mostrar para eles e dizer: "até os protestantes da época são de acordo com a virgindade de Maria", entendes?, mas sem rodeios, por favor, chegue direto ao ponto, meu e-mail é fabio10miranda@gmail.com , desde já agradeço muito.
A paz do Senhor e o amor de Maria.
Seu Irmão Fabio