terça-feira, 28 de setembro de 2010
Os grandes testemunhos Marianos
A doutrina e o amor de Maria foram marcados, ao longo dos séculos, pelas maiores figuras da história do Cristianismo. Todos os santos do mundo, das mais diversas origens, amaram Maria. Todos os místicos, em todas as épocas da História, falaram dela; este fato pode ser constatado abaixo. Desde as origens até aos nossos dias, graças às maiores testemunhas de Cristo, os homens podem, e sempre, melhor conhecer a sua Mãe e amá-la mais intensamente.
A Idade Patrística (100-1054)
A idade "patrística", quer dizer, dos “Santos Padres da Igreja”, teve início com os primeiros comentários teológicos sobre a Doutrina de Cristo, após a geração dos Doze primeiros Apóstolos, isto é, desde o início do segundo século. O seu término aconteceu com o grande cisma do Oriente, que separou a Igreja bizantina (Ortodoxa) da Igreja latina (Católica), em 1054.
São Justo foi um dos primeiros papas conhecidos da Igreja. Nasceu em 105, e foi o autor de numerosas obras consagradas ao apostolado, onde se destacam duas Apologias da Fé, que são os primeiros tratados de teologia cristã. Entre uns cinqüenta dos mais conhecidos “Papas da Igreja”, que se tornaram célebres por seus comentários e por outras obras teológicas, no período compreendido entre o IIº e o XIº século, faz-se necessário mencionar, particularmente, o nome de Santo Irineu. Originário de Smirna, este santo, no século II, tornou-se bispo de Lyon , na Gália, após ter sido discípulo de São Policarpo que, por sua vez, foi aluno de São João Evangelista.
O período compreendido entre o IIIº e o IVº século pode ser considerado como “a idade de ouro” da patrística
Muitos dos maiores nomes (na cristandade do Oriente, assim como na do Ocidente) e obras da teologia da Igreja ilustraram os inícios da era cristã: de santo Atanásio de Alexandria a Santo Efrém ( apelidado o Chantre, o Panegirista da Virgem); de são Basílio de Cesaréa, aos santos Gregório de Nazianze e de Nissa; de santo Ambrósio de Milão, são João Crisóstomo ou são Gerônimo, até Santo Agostinho, ou são Cirilo de Alexandria etc.
No século VI, notamos, entre outros, o bispo-poeta, São Venâncio Fortunato, mas também São Gregório, o Grande, ou São Máximo, o Confessor... Já no século VII, ressaltamos santo Alfonso de Toledo ou São João de Damasco, ou João Damasceno (um dos mestres da teologia mariana no Oriente, junto a Santo André de Creta)... No nono século, citamos são Metódio, o apóstolo dos Eslavos... Nos séculos X e XI, mencionamos Fulbert de Chartres e, mais tarde, Michel Psellos...
Em seguida... acontece o grande cisma na Igreja: o Oriente deixa a tutela hierárquica do Sucessor de São Pedro em 1054 e, assim, cria a Ortodoxia, ao lado da Igreja latina, dita “católica”.
Idade Média (1054-1492)
Entre o grande cisma do Oriente (1054) e a queda de Constantinopla (até então, gerida por um imperador cristão, tendo caído nas mãos dos maometanos turcos, em 1453) que precedeu, por poucos anos, a descoberta do Novo Mundo, por Cristóvão Colombo (em 1492), quatro séculos de história cristã decorrem e forjam, de certa forma, o intróito de uma era de amadurecimento para a cristandade.
Com efeito, na época medieval, a sociedade secular, no Ocidente, e, em boa parte, do Oriente, se distingue como uma verdadeira cristandade. O cristianismo impregna profundamente todos os domínios da cultura e da vida social. São cristãos, os maiores pensadores do mundo civilizado e aqueles que estão a dominar, no plano político internacional. O século XI dá à Igreja alguns de seus grandes Doutores Marianos: São Pedro Damiano, Santo Anselmo de Canterbury, São Bernardo de Clairvaux etc.
Chega o momento da maturidade doutrinal
No século XII, a devoção mariana adquire todo o seu realce com São Simon Stock que recebe, durante uma aparição de Nossa Senhora do Monte Carmelo, o dom do Escapulário, e, em seguida, com São Domingos que se torna o apóstolo do Rosário. São Francisco de Assis e Santo Antonio de Pádua, ambos tendo nos legado páginas admiráveis sobre o culto mariano, estão na charneira do século que está por vir, o considerável décimo terceiro século da história da cristandade no Ocidente: efetivamente, jamais, em tempo algum, o número e a irradiação dos pensadores cristãos, não somente santos, mas, igualmente, seres de grande envergadura, foram tão poderosos quanto neste ponto culminante da Idade Média. Este é o século dos Doutores da Igreja como Santo Alberto, o Grande, São Boaventura e São Tomás de Aquino; o século dos místicos, como Santa Mechtilde de Hackenborn, ou Santa Gertrudes e o século do Bem-aventurado Duns Scot, teólogo da Imaculada Conceição...
De igual modo, nas famílias reais da época, muitos foram os santos testemunhas de Cristo e da Virgem: São Luis IX (São Luis) na França, Santa Elisabeth de Portugal, Santa Brígida da Suécia etc. Entretanto, chegamos ao século XIV, o século de São Nicolas Cabasilas, grande monge, teólogo, ortodoxo, e de Santa Catarina de Sena, grande mística e Doutora da Igreja (hoje nomeada co-padroeira da Europa, pelo Papa João Paulo II).
No século XV, Catarina de Gênova, outra santa célebre por seus escritos místicos, assiste, no declinar de sua vida, à descoberta do Novo Mundo...
Os tempos modernos (1492-1900)
A descoberta das Américas por Cristóvão Colombo, em 1492, marca o início dos tempos modernos, período da História que se estende até o século XXI, a nossa era.
Entre os grandes testemunhos da fé, Santo Inácio de Loyola abre os novos tempos; ele funda a Ordem dos Jesuítas e, rapidamente, um de seus primeiros filhos espirituais, São Francisco Xavier, parte para evangelizar as Índias e o Japão. Estamos no início do século XVI (o da Reforma protestante). Um século que concebeu célebres místicos, como São João da Cruz e Santa Teresa D´Ávila, além de outro Jesuíta, São Roberto Bellarmin, cujas controvérsias refutaram, desmentindo, ponto por ponto, os argumentos da Reforma protestante. Este foi o século de São Francisco de Sales, autor de Introdução à vida devota e, contando com a colaboração de Santa Jane de Chantal, foi ele o co-fundador da ordem mariana da Visitação.
O século XVII oferece à Igreja São João Eudes, fundador da “Companhia de Jesus e Maria”, Santa Verônica Giuliani, São José de Cupertino, São Luis Maria Grignon de Montfort, autor do “Tratado da verdadeira devoção a Maria”...
Quanto ao XVIII século, um grande nome brilha no domínio da teologia mariana: Santo Afonso de Ligório, Doutor e autor do best-seller da época: “Glórias de Maria”.
Ao chegar o XVX século, inicia-se um período de renovação espiritual
É com as relevantes figuras de São Serafim de Sarov, ermita e teólogo do Espírito Santo, na Ortodoxia, e São João Maria Vianney (Cura D´Ars, nomeado como o Santo Patrono dos Padres de todo o mundo) que adentramos o XIXº século, era que assiste a uma grande renovação da santidade, particularmente, na França, após o período das perseguições sangrentas da Revolução (1789-1794). Entre os grandes testemunhos da fé da época, surgem; um convertido, vindo do Anglicanismo, Cardeal J.H. Newman; o apólogético Augusto Nicolas, precursor da mariologia moderna; São João Bosco (Dom Bosco); Santa Maria Lataste, mística; Santa Bernadete Soubirous, que viu a Santa Virgem em Lourdes; Santa Teresa do Menino Jesus, Doutora da Igreja...
São Padre Pio, São Maximiliano Kolbe, Santa Faustina Kowalska, a bem-aventurada Madre Teresa de Calcutá... são os gigantes da santidade no século XX. Universalmente conhecidos já em vida, foram elevados aos altares da Santidade logo após a morte. Entretanto, o século vinte ficará, na história da Igreja, como o que lhe deu o maior número de mártires ... Além dos milhares de Padres e Religiosas como Edith Stein (judia convertida e carmelita), mortos nos campos nazistas, além do número considerável de católicos que confessaram a sua fé, vítimas das perseguições de Stalin, contamos, também, com os padres assassinados durante a Guerra civil, na Espanha, e em diversas guerras civis da América Latina. Os mártires de Ouganda, um incontável número de seres que morreram pela fé, tanto na China, quanto no Vietnam, sempre, ao longo deste século de violências. Sem esquecer, nos últimos anos do século vinte, os 7 monges mártires de Thibérine, que acompanhavam o Padre Christian de Chargé, na Argélia.
São João Eudes (1601-1680)
São João Eudes, assim como São Bernardo e, mais tarde, São Luís Maria Grignion de Montfort, foi um homem, cuja vida inteira e o ministério que exercia foram marcados por Maria. Sua graça particular foi a de ser o Apóstolo dos Corações de Jesus e de Maria.
E na sua canonização (1925), João Eudes foi nomeado:
"Pai, Apóstolo e Doutor do Culto Litúrgico dos Corações de Jesus e de Maria".
Quem é este homem?
Infância
Nasceu em 1601, em Ri, aldeia próxima a Argentan, na Normandia.
Em seu "memorial" João Eudes assinala "os principais favores recebidos de Deus, por meio de seu Filho Jesus Cristo, e de sua Mãe Santíssima, favores pelos quais eu me sinto inflamado e obrigado a louvá-lo, incessantemente".
Inicialmente, João agradece por ter nascido numa família cristã. Seus pais lhe contaram que, como não tinham filhos, fizeram uma peregrinação a Nossa Senhora do Restabelecimento (da saúde), e mais tarde retornaram, reconhecidos, para oferecer o filho que tiveram a graça de receber, ao Cristo e à sua Santa Mãe. João Eudes ratifica esta consagração, na frase: "Sou inteiramente teu, Senhor Jesus! Sou inteiramente teu, ó Nossa Senhora!"
Jovem Quando jovem
Este rapaz teve a sorte de receber sólida formação humana e espiritual dos Padres Jesuítas de Caen.
Aos 17 anos, João Eudes foi aceito na Congregação de Nossa Senhora, na qual disse: "Nosso Senhor me concedeu enormes graças, por intermédio de sua Mãe Santíssima".
Podemos entrever intuir algo oriundo dessa graça, quando escreve, quarenta anos mais tarde, no "Contrato de aliança com a Santíssima Mãe de Deus":
"... Não é maravilhoso que vós desejásseis, do fundo do coração, ser a esposa do último entre todos os homens, que ousou escolher-vos, desde seus mais tenros anos, como sua única Esposa?"
Padre, e depois, missionário
Toda a vida e todo o ministério de João Eudes estariam sob o signo de Maria.
Tendo retornado ao Oratório em 1623, onde foi acolhido por Padre de Bérulle, ele deu início ao seu ministério na Normandia, dedicando-se ao amparo dos doentes pestíferos.
João Eudes levava consigo, nas Missões, bela estatueta da "Virgem Mãe", representando Maria a amamentar o Menino Jesus. João Eudes sempre associou Maria a seu ministério, da mesma forma em que seu Filho Jesus a tornou colaboradora sua, na obra da redenção do mundo.
Fundador
Durante inumeráveis Missões, testemunhou a ignorância dos batizados e as diversas misérias físicas e morais, especialmente entre as mulheres, vítimas da prostituição. Em 1641 ele abriu uma instituição com o nome de "Nossa Senhora do Refúgio", em Caen, para acolher tais mulheres: eis a origem da Congregação "Nossa Senhora da Caridade", raiz do "Bom Pastor de Angers", fundado por Marie-Euphrasie Pelletier.
João Eudes deixou o Oratório para fundar, no dia 25 de março de 1643, a "Congregação de Jesus e de Maria" (= Os Eudistas).
Seu objetivo principal era o de formar pastores como instara o Concílio de Trento, uma centena de anos antes. Ele abriu o primeiro Seminário da Normandia, em Caen, e depois, os de Coutances, Lisieux, Rouen, Evreux e Rennes.
A Festa litúrgica do Coração de Maria
Durante a grande Missão de Autun, ele fez com que se celebrasse a primeira Festa litúrgica do Coração de Maria.
Até 19 de agosto de 1680
João Eudes continuou a pregar e evangelizar em Missões do Oeste, e também na Borgonha, em Paris e diante do Rei.
São João Eudes faleceu em Caen, no dia 19 de agosto de 1680.
A Igreja o proclamou santo em 1925.
Trechos de DEPAS R, São João Eudes e a Virgem Maria em "Nouveaux cahiers marials" (Novos cadernos marianos) 31, (agosto 1993)
São João Eudes (1601-1680)
Maria tudo fazia por amor
O amor era tudo e tudo fazia nela e através ela.
Se ela rezasse, era o amor que rezava nela e através dela.
Se ela adorava e louvava a Deus, era o amor que o adorava e o louvava nela.
Se ela falava, era o amor que falava nela e através dela.
Se ela se calasse, era o amor que a mantinha em silêncio.
Se ela laborava, era o amor que a mantinha no trabalho.
Se ela repousava, era o amor que a colocava no repouso.
Outros homens célebres
Na história do cristianismo, entre os grandes testemunhos marianos da Fé, além dos religiosos ou cristãos, inúmeros outros foram conhecidos, estes, vividos e trazidos por homens notáveis devido ao poder temporal que lhes era arrogado, ou pelos talentos que possuíam, não ligados à religiosidade. Algumas vezes expuseram ao mundo seu amor por Cristo e por Sua Mãe.
Assim, o rei Luis XIII, na França, consagrou seu reino a Nossa Senhora da Assunção e fez com que a festa mariana, comemorada em 15 de agosto, se tornasse festa nacional. Mais tarde, Balduíno, rei dos Belgas, se consagrava a Maria... Grandes personalidades que se converteram, às vezes escritores famosos ou filósofos proclamaram sua fé, tais como Rtisbonne, Ernest Psichari, André Frossard, Simone Weil...
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